Iemanjá recebe presente principal com agradecimento e pedido de cura do Pai Ducho de Ogum

Responsável pelo presente pede à Rainha do Mar que dê clareza para que todos se unam pelo fim da pandemia

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  • Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2022 às 13:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Emilly Tifanny

O presente principal da Rainha do Mar foi entregue às 8h desta quarta-feira, dia 2. Tradicionalmente entregue de tarde, a mudança de horário não afastou os devotos da orla, de onde assistiram à embarcação zarpar em meio a palmas e cânticos em homenagem a Iemanjá. 

Na faixa de areia, os fiéis que carregavam os cestos de flores e o cavalo marinho rodeado por rosas brancas, garantiram que o presente principal fosse entregue com toda a pompa, mesmo sem o tradicional mar de gente ao redor. 

O Pai Ducho de Ogum, do terreiro Ilê Axé Awnergy, foi o responsável pela entrega da oferenda este ano. O presente levou um mês e meio para ficar pronto pelas mãos da artista plástica Sandra Rocha. Ducho foi inspirado pelos búzios e confirmado pela Rainha do Mar sobre qual seria o presente: o Cavalo Marinho.  (Foto: Paula Fróes/CORREIO) "Essa preparação foi feita com muito sacrifício e muita responsabilidade mesmo sem ter festa. Porque o que não teve foi festa para o público, mas eu garanto que para Iemanjá isso é uma festa e ela está feliz e satisfeita, pois foi feito com amor, carinho, harmonia e energia positiva", diz Pai Ducho. 

De acordo com o responsável pelo presente, os últimos preparativos para a entrega começaram ontem (1°) pela manhã com orações e oferendas. Para este ano, o presente leva para a Rainha das Águas além de agradecimentos, o pedido de alegria, paz e clareza para que todos se vacinem e pelo fim da pandemia.

"O que estamos pedindo é muita paz, muita harmonia, alegria e pedir ao povo que procure se conscientizar e tenha clareza para se vacinar, pense na vida do próximo para que ano que vem a gente consiga fazer essa festa como manda a tradição", deseja Pai Ducho. 

Emoção de participar A tradição pede que no barco do presente, estejam os pescadores e a pessoa de axé, porém, este ano, por causa da pandemia, apenas três devotos puderam levar a oferenda. Robson Doagogo, de 48 anos, não pôde acompanhar o presente no barco, mas conta que a emoção de carregar uma das cestas com flores até a embarcação, foi suficiente para ele se sentir mais próximo de Iemanjá. 

"Vim até aqui representar a minha casa Ilê Ibece Alá Ketu, com mais de 100 anos de história, em Cachoeira. Poder tocar no presente, guiá-lo até o barco foi indescritível. A pandemia não conseguiu nos afastar dela e esse já é motivo suficiente para agradecer, por estar aqui e pela vida", conta Robson.  (Foto: Paula Fróes/CORREIO) Juliene Galdino, 47, acompanhou a entrega do presente de perto, na areia, a convite da comissão organizadora e disse estar grata pela oportunidade de estar ali. 

"A emoção é uma coisa que a gente não consegue explicar. Pelo segundo ano vivendo isso, a pandemia, mas agradecendo por estarmos vivos. E ver tão de perto quando ninguém pode estar aqui na área com a gente é ainda mais gratificante e emocionante, me faltam palavras", conta Juliene. 

Outra integrante da entrega do presente foi Jennifer Eduarda, de 5 anos, que completa a idade hoje (02), no dia de Iemanjá. Sua mãe, Eliene dos Santos, conta que a filha não é somente dela, mas da Rainha das Águas. Por isso, a homenagem não pode deixar de acontecer ano após ano. 

"Ela nasceu no mesmo dia da Rainha, isso aumentou ainda mais a nossa devoção. Participar já era tradição antes do Duda, há mais de 5 anos, hoje ela é maior e seguirá crescendo", diz Eliene. 

Devoção e fé  O ano seguiu novamente sem festa e fiéis, como Djalma Santos, 48, deu um jeitinho para continuar com a homenagem que fazia a Iemanjá. O cantor nasceu no dia 2, e como forma de agradecimento realiza há 5 anos o Balaxe, nome dado ao grupo de artistas que se reúnem para acompanhar o cortejo com música e dança. 

"Eu nasci no interior da Bahia, no sítio do Conde, na beira da praia, pertinho da Rainha. Como é que eu poderia deixar de vir? Minha relação com o mar é muito forte. Completo 48 anos hoje e será ao lado dela", conta 

Para continuar a tradição, Djalma se juntou com o amigo e artista plástico Adilson Guedes e construíram juntos uma escultura de sereia para representar Iemanjá. Sem música, os dois saíram da orla de Amaralina e pretendem ir até o Farol da Barra agradecendo pelas conquistas e realizações de 2021 e pedido para que 2022 seja de cura. 

"Esse ano, com as restrições, não tem música, mas estamos seguindo com a tradição com a nossa Rainha do Mar caminhando desde a Orla de Amaralina até a Barra, para agradecer por mais um ano de vida firme e forte e pedindo a cura", explica Djalma.

* Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro