Imagens mostram que casa de família morta no ABC paulista foi roubada e revirada

Filha do casal está presa; ela e a namorada são suspeitas do crime

  • D
  • Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2020 às 14:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Ana Flávia e Catarina estão presas (Foto: Reprodução) Novas imagens mostram novos detalhes do assassinato de três pessoas da mesma família - pai, mãe e filho -, que ocorreu na última terça-feir (28) em São Paulo, região do ABC. As cenas reveladas pelo Fantástico no último domingo (02) mostram que a residência onde as vítimas moravam foi roubada e revirada.

Nas imagens é possível ver sapatos e roupas jogados no chão. O quarto do casal Flaviana e Romuyuki está todo revirado. O quarto do filho, Juan Vítor, também está bagunçado. A TV da sala sumiu.

“Foram levados bastante joias, pelo que os familiares falaram. Eletrodomésticos, valor em espécie - Real e moeda estrangeira”, afirma o delegado Ronald Marques, da Delegacia de Investigações Criminais de SP. “A questão de ter subtraído objetos da casa pode ser uma simulação pra mostrar que aquilo não seria um homicídio e sim um crime patrimonial”, aponta Ronaldo Tossunian, delegado seccional de São Bernardo do Campo, em entrevista ao Fantástico.

A TV de Juan Vitor não foi levada. Na cozinha, havia um frango e óleo na panela, dando sinais de que um jantar seria feito.

Na garagem, o carro antigo de Romuyuki. Antes do crime, esse mesmo carro aparece em imagens de uma das câmeras de segurança do condomínio onde a família vivia, no ABC Paulista. Atrás dele, entra no condomínio o carro da filha Ana Flávia Gonçalves. A imagem é uma das peças de um quebra-cabeça que as investigações ainda estão montando. Foto: Reprodução / TV Globo Ana Flávia, filha do casal, e a namorada, Carina Ramos, foram presas na quarta-feira (29). Os corpos dos pais de Ana Flávia, Romuyuki e Flaviana, e do irmão, Juan Vitor, foram encontrados carbonizados dentro de um dos carros da família. “Todos os indícios apontam para a participação das duas. Então, essa é a linha de investigação”, fala o delegado Paul Verduraz, da Delegacia de Investigações Criminais de SP.

Segundo a perícia, as vítimas já estavam mortas quando os criminosos incendiaram o carro. “Foram traumatismos crânio-encefálico na têmpora direita. Os três do mesmo jeito. Dá a entender que tenha sido a mesma pessoa”, destaca o delegado Ronaldo. Mas que pessoa? “A gente acredita que existam pelo menos mais três pessoas envolvidas nesse crime, fora as duas”, completa.

Na noite do crime, segunda- feira passada (27), o carro de Ana Flávia entra no condomínio e sai dele mais de uma vez. As câmeras de segurança mostram o carro de Ana Flávia chegando às 18h16. Pelas imagens, não dá pra saber quem está dentro dele. Cinco minutos depois, o carro sai.

Às 19h56, chega o carro do pai. Também não dá pra ver quem está dentro. E, logo atrás, entra de novo o carro de Ana Flávia. Oito minutos depois, Carina, a companheira de Ana Flávia, entra a pé. Está de calça comprida e encasacada, com o capuz na cabeça. “Emum dia que tava uma temperatura bastante elevada”, chama a atenção o delegado.

Às 21h01, uma pessoa está sentada em um canteiro. Segundo a polícia, é Carina, que agora se levanta e sai. Três minutos depois, o carro de Ana Flávia deixa o condomínio. No lado esquerdo do vídeo, uma pessoa que parece estar usando capuz passa pelo carro. O carro pega a mesma rua, vira em outra e para. A pessoa vai até ele. Aí o carro parte.

Às 22h01, o carro volta ao condomínio e, cerca de um minuto depois, sai de novo. Às 22h12, ele volta. E às 22h36, chega o carro de Flaviana, a mãe de Ana Flávia, possivelmente vinda do trabalho.

Ana Flávia e a mãe trabalhavam juntas nesse quiosque de perfumaria num shopping. “Montaram uma segunda loja de perfumaria e, financeiramente, estava progredindo”, conta o delegado.

A polícia ainda não sabe se Flaviana estava sozinha no carro quando chegou em casa. “Nós ainda temos essa dúvida. Se ela foi sequestrada fora de casa ou se ela chegou e encontrou os bandidos dentro de casa, já com os outros familiares dominados”, diz o delegado Verduraz.

Quando já é 1h13 de terça-feira, Carina aparece de bermudas, segurando um capacete. Atrás dela passa alguém levando uma moto e, um minuto depois, saem o carro de Ana Flávia e, logo atrás, o carro da mãe.

Manchas de sangue foram encontradas na casa e também nas roupas de Ana Flávia: “Já tinham sido lavadas, mas com aquele reagente que nós temos foi possível identificar", conta delegado. Em um dos três depoimentos que deu à polícia, Ana Flávia disse que era sangue menstrual. A perícia está analisando as roupas.

No primeiro depoimento, ela disse que o pai devia R$ 200 mil a um agiota e tinha saído pra pagar uma parcela da dívida. Como é que o pai vai pagar um agiota levando o filho pra uma situação dessa?”, questiona o delegado Tossunian. No último depoimento, prestado na sexta-feira, a versão mudou: elas afirmaram que houve um assalto.

Ana Flávia e Carina moravam em uma favela a três quilômetros do condomínio em Santo André, no ABC Paulista. Segundo as investigações, os pais de Ana Flávia nunca aceitaram o relacionamento, porque achavam que Carina tinha ligações com criminosos que vivem na mesma favela.

“Eu acredito que as duas arquitetaram o crime, tentaram maquiar, pra ficar tudo pra elas. Tinha garrafa de água sanitária vazia no quarto, já tinha passado pano com água sanitária no chão... E por que a casa estava trancada? A casa estava totalmente trancada. O chaveiro teve que abrir”, acredita Flávio de Menezes, irmão de Flaviana.

A polícia identificou dois homens que participaram do crime, mas os nomes não foram divulgados. As investigações estão sob sigilo. “Vai chegar ao final do inquérito, e nós teremos a real motivação”, afirma delegado.