Incêndio em área ambiental de Patamares acende alerta em bombeiros

Equipe do Corpo de Bombeiros visitou o local na manhã deste sábado

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  • Da Redação

Publicado em 10 de março de 2018 às 14:35

- Atualizado há um ano

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Um dia após o incêndio que atingiu uma Área de Proteção Ambiental (APA) ter sido controlado, em Patamares, o clima ainda é de preocupação entre os moradores do condomínio Greenville. "A gente teve que fechar o apartamento para a fumaça não entrar. Fiquei preocupado pela reserva, já que é uma coisa boa que a gente tem aqui", comentou Ilan Nogueira, 38 anos, morador do edifício Ludco.

Na manhã deste sábado (10), uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) visitou os locais onde houve focos de incêndio para confirmar se não havia mais risco de uma nova propagação do fogo. "Viemos e confirmamos que, de fato, o fogo foi debelado", afirmou o tenente Júlio César, coordenador de operações da equipe de visita.

Ele ainda explicou que as possibilidades para o surgimento do incêndio são muitas, mas durante o Verão eles costumam ocorrer com mais frequência. As causas, porém, ainda não foram identificadas.

"O fogo precisa do material combustível, do comburente, o oxigênio - elemento que reage ao combustível - e do calor. O calor aqui em Salvador é um fator preponderante para a propagação do fogo, mas não tem uma causa espontânea. O fogo não surge por acaso", esclarece o tenente. Segundo o oficial, normalmente algo que é arremessado contra a vegetação, como um cigarro, inicia o incêndio.

A farmacéutica Tatiana Carvalho, 41, que mora no prédio Eldorado, mais distante do local onde havia chamas, diz que sofreu com a fumaça. Tatiana acredita que o incêndio foi criminoso. "Meu marido estava em casa pela tarde e me disse que estava tudo tomado de fumaça. As pessoas ficam apavoradas, né? Teve uma vizinha que teve que ir embora, porque os filhos têm asma", comenta.

Uma moradora do prédio Lumno, que fica próximo à área atingida pelo fogo, também desconfia de incêndio proposital. "Eu fiquei preocupada com a fumaça e porque a gente está em uma área rodeada de mata. Da minha janela dava pra ver os focos", conta a moradora, que não quis se identificar. 

Conduta O tenente Júlio César orienta que a primeira atitude que uma pessoa que percebe um incêndio deve ter é se proteger em um local seguro e ligar para o 193, número do CBM. "Não tente descer para resolver, ou jogar algum objeto", explica.

Agora, a área continuará sendo monitorada pelos Bombeiros. "Se a própria população avistar algo, voltamos para cá", conclui.

De acordo com dados do CBM, Salvador e Região Metropolitana sofreram no ano passado 768 atendimentos a ocorrências de incêndio em vegetação. Nos meses de janeiro e fevereiro foram 217 e 172 atendimentos, respectivamente. No mesmo período deste ano foram 158 e 166, respectivamente.

Essa área ambiental atingida pelo fogo, chamada de Vale Encantado, será reconhecida pela Secretaria da Cidade Sustentável como uma Unidade de Conservação. Os movimentos SOS Vale Encantado e do grupo Amigos do Vale Encantado já lutam há 20 anos por esse reconhecimento. Bombeiros precisaram adentrar a vegetação para combater as chamas (Foto: Betto Jr./CORREIO)  Fogo na mata Os bombeiros foram acionados por volta das 15h30 desta sexta (9), e três viaturas se dirigiram ao local. Alguns moradores desceram de seus apartamentos por medo das chamas. A suspeita é de que o incêndio tenha sido criminoso. 

Conforme as chamas avançavam, as equipes iam sendo reforçadas. No início da noite, já haviam mais de 50 homens do Corpo de Bombeiros. Por volta das 19h30, um hélicoptero também foi enviado para ajudar no trabalho dos militares fazendo a iluminação. Até às 22h30, bombeiros continuavam no local combatendo focos de incêndio. Porém, a maior parte do fogo já havia sido controlado. 

Susto No condomínio, os moradores se dirigiam às áreas próximas ao combate, seja para ajudar no que podiam, seja por curiosidade. "Por volta das 16h30 comecei a ver uma fumaça subindo, como se alguém estivesse fazendo uma fogueira. No grupo de whatsapp do condomínio disseram que tinha fogo na área do bambuzal", contou o morador do condomínio Atco, o despachante aduaneiro Antônio Carlos Moreira, 57. 

A assessoria de comunicação dos bombeiros informou que não havia risco do incêndio atingir os prédios. "Foram mais de dez focos de incêndio ao mesmo tempo. E nós não temos como chegar com caminhão e mangueira lá por ser uma área de mata fechada, então estamos usando abafadores e bombas costais, usando uma quantidade reduzida de água", explicou o coronel Adolfo Dórea, subcomandante do Corpo de Bombeiros.

A brigada de incêndio dos próprios prédios ajudava como podia. "Alguns moradores são treinados, quando viam algum foco novo eles iam lá e faziam o combate. Estamos usando a estrutura do condomínio também, a água usada no combate vem das nossas mangueiras", revelou o síndico do condomínio Platnum, Rafael Dourado, acresecentando que a união dos moradores foi fundamental no combate às chamas.

Alguns moradores, inclusive, contaram ter visto um homem de roupa verde dentro da mata, aparentemente, colocando fogo na vegetação. Momentos depois, as chamas se alastraram. O incêndio se concentrou entre os edifícios Platno e Lumno. O Greenville tem cinco condomínios, com quatro torres de 28 andares cada.