Incêndio na Vasco: 'se tivesse atingido o ferro-velho, não conseguiriam conter'

Loja de autopeças já está condenada e deve ser demolida

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  • Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2021 às 10:44

- Atualizado há um ano

. Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

O incêndio que destruiu uma loja de autopeças na entrada do Vale da Muriçoca na manhã desta segunda-feira (27) poderia ser pior se não fosse a ação rápida dos bombeiros. Ainda cedo, por volta das 5h30, os bombeiros resfriaram uma parede de uma loja de material reciclável vizinha à Vasco Imports. Isso evitou que as chamas ultrapassassem e atingissem também essa loja vizinha. 

"São 840 metros quadrados somente de material inflamável! O bombeiro me disse que se o fogo tivesse se alastrado e atingindo o ferro-velho, com certeza eles não conseguiram conter. Com muita dificuldade eles conseguiram controlar o lado de lá", disse uma das proprietarias do ferro-velho Jacirene Santos Guanaes. O local fica ao lado de uma marmoraria, que é da mesma família. 

O imóvel de três andares onde funcionava uma loja de autopeças que pegou fogo na manhã desta segunda-feira (27) está condenado e deve ser demolido. Segundo a Defesa Civil de Salvador (Codesal), só após o resfriamento das paredes será possível fazer uma avaliação interna mais detalhada, mas é possível visivelmente notar que só as paredes externas sobreviveram - dentro, o imóvel foi destruído pelas chamas, que começaram por volta das 5h30 de hoje. 

Há preocupação com a possibilidade de queda de mais paredes e da fachada da loja. A parte que desabou atingiu algumas encomendas. Os bombeiros fizeram um buraco em uma das paredes da marmoria para ter acesso à loja de autopeças durante o trabalho de combate às chamas. 

"O fogo destruiu parte da fiação elétrica e hidráulica e uma parede. Ainda não tenho ideia do prejuízo, mas a parede atingiu algumas entregas e outras que estavam para fazer. Mas o pior é que se a outra parede  cair, vai atingir a minha máquina de corte central, que custa R$ 25 mil", diz uma das donas da Mármores e Granitos, Janaíra Lopo Guanaes, 45.

Os imóveis vizinhos também serão avaliados, mas segundo a Codesal nem todos precisarão ser interditados depois que os bombeiros encerrarem os trabalhos. 

O dono da Vasco Imports não foi para o local. "Ele é cardíaco.  Não falei com ele porque deve estar muito abalando, ainda mais que o prejuízo foi total. Acho que ele não tem (seguro). . Quem não tem sou eu, mas depois dessa, vou fazer", declarou Litelton Lopo Guanaes, um dos donos da marmoaria.

A Coelba desligou a luz na região por conta do combate ao fogo - havia risco de atingir a rede elétrica. Pouco mais de 50 imóveis entre residências e comércios estão sem energia no local. 

Quedas de energia Moradores e comerciantes reclamaram de falta de energia durante o final de semana na área. "Tivemos quedas de energia no final de semana.  Entre as 15h e 22h de sábado foram duas. A partir dàs 4h de domingo foram várias. Às 4h30 foi a última e só voltou 7h. Isso atrasou toda a nossa produção, às 5h assamos os pães para abrir às 6h. Acredito que essas quedas podem ter derretido alguma fiação do ferro-velho", declarou Pauliane da Silva , dona da  delicatessen Sabor do Trigo, um dos 50 estabelecimentos que estão sem energia por causa do incêndio. Uma dessas quedas de luz foi generalizada em vários pontos da cidade.

A dona do loja de cama, mesa e banho Bazar Alcântara também acredita que as quedas de energia podem ter causado o incêndio. "Foram muitas vezes que a energia caiu e voltou. No domingo, tomava banho com água quente para ir à igreja, quando o chuveiro mudou para água fria. Ficou indo e voltando a energia e por isso que todo  mundo está falando que isso pode ter causado a tragédia", disse a comerciante Heloísa Maria de Alcântara. 

Vale destacar que a causa do incêndio ainda é desconhecida e só a perícia vai determinar o que aconteceu para dar início às chamas. A reportagem tentou falar com funcionários de empresas que prestam serviço à Coelba, que no momento trabalhavam no restabelecimento do fornecimento de energia, mas eles não quiseram comentar o assunto.

Procurada, a empresa enviou nota negando que tenha tido "origem em problema na rede elétrica da distribuidora". "As interrupções de energia citadas aconteceram em pontos diferentes do bairro e foram totalmente solucionadas, não possuindo relação com o incêndio. Técnicos da concessionária atuam no local para garantir a segurança no trabalho do Corpo de Bombeiros, da comunidade e das estruturas da rede elétrica", disse em comunicado a Neoenergia Coelba, que se colocou à disposição dos consumidores para maiores esclarecimentos.