Incentivos à economia do mar vão alavancar desenvolvimento da Bahia

Pesquisa realizada pelo PwC mostra que o estado precisa investir em áreas variadas, a exemplo da pesca e energia renovável

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 10 de julho de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga

A Bahia tem no mar um potencial de oportunidades de 1.100 quilômetros - a maior costa do Brasil! - para alcançar seu desenvolvimento econômico e social de maneira sustentável. No entanto, os setores público e privado ainda encontram dificuldades de comunicação e na burocracia para investir nos setores da chamada economia do mar e assim explorar esse oceano de possibilidades. É assim que pode ser resumido uma pesquisa inédita da empresa de consultoria PwC, intitulada LEME - Barômetro PwC da Economia do Mar.

Levantamentos semelhantes já foram realizados em outros estados nordestinos, como o Ceará e Pernambuco. O objetivos dessas pesquisas é o de dados relevantes que ajudem os setores públicos e privados a alavancarem os investimentos na área da Economia do Mar.

De acordo com o responsável pelo estudo, o sócio da PwC em Economia do Mar Miguel Marques, o projeto faz uma compilação de dados que permite acompanhar a evolução do segmento no estado a partir de 2010 e analisa quatro subsetores considerados relevantes da economia do mar na Bahia e suas respectivas variáveis:  Entretenimento, Desporto, Turismo e Cultura;  Transportes Marítimos, Portos, Logística e Expedição; Pesca, Aquacultura e Indústria do Pescado; e Energia.

“Para que esse setor possa crescer, de fato, é fundamental que os setores público e privado estreitem a comunicação e a organização para vencer a burocracia, simplificando processo que, hoje, são bastante confusos”, completa Marques.

Progressos

Apesar de pontuar o acanhamento nos investimentos na economia do mar, o estudo trouxe alguns dados otimistas. No quesito Turismo, por exemplo, o levantamento aponta que a capacidade dos cruzeiros que chegaram aos portos de Salvador e Ilhéus apresentou um crescimento de 23% em 2017 quando comparado com o ano anterior (2016).

“O turismo é uma das atividades que mais crescem na Bahia e no Brasil, no entanto, a segurança termina sendo uma barreira, daí a necessidade de investimentos pontuais que devolvam a tranquilidade e o crescimento desse subsetor tão importante”, afirma Marques.

Segundo o representante da PwC, há cerca de três meses a empresa foi convidada a participar de um encontro na Escola de Guerra Naval, no Rio de Janeiro, justamente para discutir com a Marinha Brasileira alternativas e propostas que possibilitassem ampliar a rede de segurança pública no mar. “Percebemos que os poderes públicos estão sensíveis à questão, mas esse precisa ser um esforço feito de modo ainda mais amplo”, diz Miguel Marques.

Pesca

No subsetor de Pesca, Aquacultura e Indústria do Pescado, a pesquisa mostrou que o aumento mais significativo foi na produção anual de aquacultura de peixes, que subiu de 93,60 toneladas em 2016 para 139,40 toneladas em 2017, o que representa um crescimento de 48%. Já na produção anual de aquacultura de camarão, ostras, vieiras e mexilhões foi observada uma diminuição de 24% - de 98,10 toneladas em 2016 para 74,30 toneladas em 2017. 

Entre os desafios que a pesquisa da PwC aponta a serem superados nessa área estão acrescentar valor ao produto base primário (peixe e marisco) através da sua conservação, transformação e diversificação, além de reforçar as práticas de captura sustentáveis, certificando os processos e comunicando esses valores adequadamente ao consumidor final.

“O estado mais populoso do Nordeste possui águas profundas e não consegue grandes estoques de pescado, mas é importante salientar que os investimentos não podem se limitar apenas ao aumento na produção, mas no incentivo à cultura pesqueira, que traz todo um legado histórico, social, além de buscar a ampliação na capacidade de processamento desse produto, a exemplo da salga e conserva”, destaca, ressaltando que enquanto o consumo de pescado em Portugal, por exemplo, é de 50 kg ao ano por pessoa, na Bahia,  é de apenas 22 kg.

No que tange à economia resultante de combustíveis fósseis – como o petróleo e o gás – e fontes renováveis, o estudo mostrou que uma das saídas reside, justamente, na mescla dessas produções, ampliando a capacidade de resposta de formas de geração de energia como a eólica ou a resultante da força das correntes e marés.

“Estaremos, inclusive, participando do encontro mundial que será realizado em Salvador, em agosto, e estaremos disponibilizando o nosso conhecimento para que a Bahia possa fazer os investimentos necessários para um desenvolvimento verdadeiramente sustentável”, concluiu, referindo-se ao Fórum Internacional Meio Ambiente e Economia Azul, que será realizado nos dias 14 e 15 de agosto.