Início do período de gripes em Salvador pode complicar ainda mais o SUS

Prefeitura pediu que campanha de vacinação comece mais cedo esse ano

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  • Gil Santos

Publicado em 17 de fevereiro de 2021 às 14:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

Todo outono é igual. Enquanto as folhas caem no quintal, as unidades de saúde ficam lotadas com pacientes com sintomas de gripe. A estudante Maria Alice Souza, 30 anos, já deixa o nebulizador em um local de fácil acesso porque sabe que com a mudança do tempo em abril as crises de sinusite são garantidas.

“Dor de cabeça, garganta coçando e corpo mole também é certeza. Às vezes, tenho febre e aí não tem jeito, preciso procurar um posto de saúde. Esse período de outono, quanto o tempo muda, é horrível para quem é alérgico. O posto está sempre movimentado” contou.

Esse cenário tem deixado os especialistas em alerta. É que o outono trás com ele uma série de doenças respiratórias, entre elas a influenza, e com o crescimento no número de casos de covid-19 registrados em Salvador o risco de colapso do sistema de saúde tem preocupado as autoridades sanitárias. Por essa razão, a prefeitura informou que está pedindo ao Ministério da Saúde que comece a vacinar a população mais cedo esse ano.  

Nesta quarta-feira (17), o secretário municipal de Saúde, Léo Prates, contou que será um desafio proteger as pessoas do novo coronavírus e da influenza ao mesmo tempo, mas que sem esse esforço a situação do sistema de saúde pode se complicar ainda mais.

“Se a gente viver um pico de doenças respiratórias como a gente tem entre meados de março e final abril o sistema de saúde não vai aguentar. Normalmente, a vacinação da gripe começa em abril. A gente está pedindo para que comece em meados de março, porque se a gente conseguir ganhar 15 dias conseguiremos um avanço grande”, afirmou.

O secretário frisou que o sistema de saúde é o mesmo para atender todos os pacientes, estejam eles infectados por covid ou com quadros graves provocados pelo vírus da influenza, que o SUS já está sobrecarregado, e disse que vai intensificar a campanha para incentivar a população a se proteger.

“A gente vai precisar fazer um esforço coletivo enquanto sociedade para as pessoas se vacinarem contra a influenza porque o sistema de saúde está muito pressionado. Nas últimas 24 horas foram 97 pessoas somente oriunda nas UPAs municipais pedindo regulação. Ontem foram 86 em 24h. Em vez da gente estabilizar essa curva, a gente só faz crescer”, disse.

O pedido da prefeitura é para antecipar o início da vacinação contra a influenza de abril para março, e para começar pelos pacientes que têm de 60 até 74 anos. O objetivo é deixar os pacientes mais velhos para serem imunizados depois para evitar um choque com a data de imunização do novo coronavírus. 

A dona de casa Joselita da Silva, 46 anos, está preocupada com a situação da filha e da neta. “Uma tem asma e a outra tem 4 anos, e criança costuma ficar doente nessa época. Eu estou correndo de hospital, com medo da covid, imagine ter que ir no posto justamente quando o número de gente doente está aumentando. Assim que a vacinação da gripe começar elas vão tomar”, afirmou.

O Ministério da Saúde elege como público prioritário da campanha de vacinação contra a influenza idosos, trabalhadores da saúde, gestantes, crianças (6 meses a menores de 5 anos), puérperas, pessoas com doenças crônicas, e população privada de liberdade, entre outras categorias. O calendário de vacinação de 2021 ainda não foi divulgado.

Cenário Atualmente, são 579 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 406 de enfermagem para covid em Salvador, entre acomodações do Governo do Estado e do Município.

A prefeitura promete abrir nos próximos dias mais 30 leitos no Hospital Santa Clara, dez em uma tenda que está sendo construída na UPA de Valéria, e deu início a montagem de um gripário na UPA de São Cristóvão. Outros 60 leitos foram abertos e estão em funcionamento no Hospital Sagrada Família.

Apesar dos esforços a taxa de ocupação das acomodações da UTI em Salvador está em 74%. Nesta quarta-feira, o Município anunciou a suspensão de atividades presenciais em cinemas e teatros, ampliou as ações de proteção à vida para mais três bairros, e afirmou que haverá novas medidas de restrição até o fim da semana.

Já o Governo do Estado decretou toque de recolher a partir de sexta-feira (19) para tentar frear o avanço do contágio. A medida terá validade das 22h às 5h.