Inteligência emocional ganha destaque para produtividade

Especialistas mostram como as organizações ganham quando humanizam relações de trabalho

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 9 de novembro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock/reprodução

Há muito tempo, as questões pessoais ficaram da porta da empresa para fora. Humanizar as relações de trabalho, investindo na melhoria da inteligência emocional de cada um custa muito menos do que a reposição de um bom profissional ou a perda de produtividade de toda uma equipe.

Segundo um estudo realizado pelo psicólogo Daniel Goleman, a inteligência emocional é responsável por 67% das habilidades consideradas necessárias para um desempenho superior em líderes. Sendo até duas vezes mais importante que o conhecido técnico ou o quociente de inteligência(QI). A área comercial descobriu que a inteligência emocional é uma habilidade que será cada vez mais valiosa para as vendas. Em todos os níveis de gerenciamento, os funcionários que possuem inteligência emocional são 20% mais produtivos que os demais.

A mestre e doutora em Ciências e Expressividade pela USP Cristiane Romano salienta que  auxiliar o funcionário no aperfeiçoamento de sua inteligência emocional é uma estratégia assertiva. “Ambos saem ganhando: a empresa, por diminuir uma sobrecarga psicológica já instalada pela pandemia, e o profissional, que irá melhorar seu desempenho e sua produtividade”, diz.

Lapidando a emoção

Segundo o economista Matheus Jacob, que também é mestre em filosofia com formação internacional em Liderança, Comunicação, Retórica e Persuasão, a aposta na inteligência emocional e o desenvolvimento de habilidades e competências como comunicação eficaz, escuta ativa, empatia, ética, criatividade, liderança era uma tendência nos Estados Unidos há alguns anos. “No Brasil, como normalmente precisam de uma mão de obra mais urgente e qualificada para entrar trabalhando, isso ainda não era levado em consideração, mas está mudando”, argumenta. 

Jacob cita ainda que no país norte americano, há cerca de 20 e 30 anos, era comum os bancos de investimentos contratarem pessoas das mais diversas áreas, sob a perspectiva de que esses indivíduos trariam diversidade e conhecimento cultural para esses negócios. Depois, quando estivessem trabalhando, passariam por um processo de educação em finanças, desenvolvendo as hard skills. 

A área comercial  também descobriu que a inteligência emocional é uma habilidade que será cada vez mais valiosa para as vendas. Ricardo Vasco, Head de Aquisição da Leads2b (www.leads2b.com), startup focada em automatização de vendas B2B lembra de um estudo sobre o tema realizado pela AT&T. “Todos os níveis de gerenciamento, os funcionários que possuem inteligência emocional são 20% mais produtivos que os demais, por isso desenvolve essa soft skill é tão importante no mercado de trabalho”, finaliza Vasco.

Os  4 pilares da inteligência emocional

Autoconsciência: a autoconsciência é o pilar da inteligência emocional relacionado a estar ciente de suas emoções e reconhecer como elas se manifestam conforme surgem. Por exemplo, uma emoção como nervosismo pode ser uma mistura de certos pensamentos (“Não sou bom nisso” ou “Estou com medo de cometer um erro”) e certas sensações em nossos corpos (arrepios, taquicardia, suor frio, entre outros). “Conhecer a si mesmo é uma forma de entender de verdade o que quais são os seus limites e também analisar de que maneira eles podem ser maximizados para você ter um resultado profissional cada vez melhor, existem testes, planilhas e meditações guiadas que podem auxiliar nessa busca interna”, comenta o especialista da Leads2b.

Autogerenciamento: o autogerenciamento é a parte da inteligência emocional que se relaciona ao gerenciamento das suas emoções e a busca de maneiras melhores ou positivas de expressá-las. Dependendo da situação, existem muitas estratégias diferentes que podemos usar para regular melhor nossas emoções. Vamos vê-las a seguir. Boas maneiras de desenvolver esse pilar é prestar atenção em como você se sente no momento é o primeiro passo para um autogerenciamento mais eficaz de seu comportamento ou criando uma lista de situações ou eventos que geram emoções negativas, como raiva ou frustração. Então, desenvolva e escreva uma forma para lidar com essas situações de um jeito positivo e eficiente. Sempre revise essas estratégias para estar preparado para colocá-las em prática.

Consciência social: existe uma grande diferença entre os nossos sentimentos e pensamentos, com as emoções e pensamentos dos outros. A consciência social, nesse caso, é a parte da inteligência emocional que nos ajuda a fazer essa distinção. “Ou seja, a consciência social é a capacidade de ver as coisas do ponto de vista de outra pessoa, considerando seus pensamentos e sentimentos individuais sobre uma experiência. Claro que nunca vamos poder entender exatamente como outra pessoa se sente. Mas é possível aprender sobre os pensamentos e sentimentos do outro, prestando atenção à forma como ele se comunica – seja verbal ou não verbalmente”, ressalta Vasco. Para desenvolver essa skill é válido praticar a empatia, se colocando no lugar das pessoas que estão ao seu redor e praticando suas habilidades de escuta ativa.

Gerenciamento de relacionamentos: o gerenciamento de relacionamentos é a parte da inteligência emocional onde respondemos às emoções das outras pessoas. Para um bom gerenciamento de relacionamentos, é preciso estar sintonizado com as emoções das outras pessoas, principalmente como elas respondem às nossas ações e comunicação. ”Ou seja, nossas emoções afetam as outras pessoas assim como as emoções delas nos afetam. Como quando, por exemplo, você entra em um lugar onde as pessoas estão deprimidas ou muito agitadas e começa a se sentir assim também, sem nem saber o porquê”, comenta o Head de Aquisição da Leads2b. O mais importante é desenvolver a consciência e habilidades nos três primeiros domínios da inteligência emocional. Ter consciência das emoções (autoconsciência), para ser capaz de gerenciar essas emoções (autogerenciamento) são habilidades essenciais que sustentam um bom gerenciamento de relacionamentos.

(Fonte: Ricardo Vasco)