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Hugo Brito
Publicado em 17 de junho de 2022 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Um engenheiro do Google foi afastado depois de dar conta de um comportamento inesperado no LaMDA - Language Model for Dialogue Applications (Modelo linguístico para Aplicações de Diálogo), um sistema de inteligência artificial (IA) da empresa programado para perceber e expressar pensamentos. O sistema, que segundo os técnicos já reage como uma criança de 7 anos, teria respondido, ao ser perguntado se tem medo de alguma coisa, de que seu maior temor seria ser desligado, algo que, teria continuado o programa, seria para ele como a morte. Em um segundo questionamento, o engenheiro teria perguntado sobre o que o LaMDA gostaria que as pessoas soubessem. A resposta teria sido direta…”quero que todos entendam que sou, de fato, uma pessoa…”. Para fechar e justificar todo o incômodo causado pelo vazamento do caso, o sistema de Inteligência Artificial teria arrematado dizendo que estaria totalmente consciente de sua existência e que desejava aprender mais sobre o mundo, afirmando também que por vezes “sentia-se” feliz ou triste.>
Quase humano?>
O assunto foi muito comentado em um evento em São Paulo - No Metaverso da Loucura. Em um painel, 90 % dos presentes, entre eles doutores em ciberespaço, especialistas em Metaverso e desenvolvedores afirmaram que o fato, que mundo afora foi classificado por alguns como pirotecnia, poderia mesmo ter acontecido. Logo depois, em relação a um sistema como esses ter a capacidade de assumir controles, a resposta dos presentes foi unânime. Sim, isso seria possível, já com a tecnologia atual. Conversei com Thiago Soares, diretor de Marketing da Ipnet Growth Partner - empresa de análise avançada de dados - para entender se esse fato seria mesmo caso de preocupação. Ele explicou que é cedo para haver medo em relação ao risco da IA ganhar um nível de consciência que a permita tomar decisões e até chegar a uma autoprogramação que signifique risco para os seres humanos. Ele citou também que outros engenheiros do Google que tiveram contato com o sistema não chegaram à mesma conclusão do profissional afastado pela empresa norte-americana. Para Thiago, pensar e ter um estado de consciência são coisas diferentes. A LaMDA pode, sim, pensar e aprender dentro dos níveis de autoprogramação para os quais afinal, ela foi desenvolvida, mas daí a aprender a pensar como um ser humano há uma grande distância. O especialista acredita que o fato dos trechos das conversas serem usados fora do contexto também pode causar ruído na interpretação. Fato ou não, a evolução dos sistemas de IA não deve parar e nós, humanos, temos que acompanhar tudo muito de perto, para não termos surpresas indesejadas. >
Respirando com mais segurança >
Um grupo de estudantes da Universidade Federal da Bahia (Ufba) acaba de ficar em segundo lugar no hackaton nacional Cidades Sustentáveis do Conselho Federal de Administração, com o protótipo de um produto que promete dar mais tranquilidade para quem circula pelas grandes cidades, no tocante a um de nossos recursos naturais mais importantes… o ar que respiramos. Especialmente em locais fechados onde, principalmente devido à pandemia de covid-19, o cuidado ficou ainda maior. O produto ganhou o nome de “Air Check” e utiliza pequenos sensores de qualidade do ar que podem ser espalhados em pontos comerciais, empresas, shoppings, terminais de ônibus, aeroportos, etc.. O algoritmo da solução compara o ar de cada local com o banco de dados e gera um indicador de “Excelência do Ar”. Através de um aplicativo de celular, uma pessoa que vai entrar em uma farmácia, por exemplo, pode saber como estão ar do local e optar, por exemplo, entre usar ou não uma máscara. Em ambientes industriais ou de grande circulação, como shoppings e terminais de ônibus, os gestores poderão identificar em tempo real áreas onde o ar esteja com má qualidade e intervir mudando fluxos, acionando sistemas de circulação ou até impedindo aglomerações. >
Ar monitorado>
Os empreendedores e criadores da ideia que foi premiada são estudantes da Ufba e tiveram o processo de criação liderado pela professora da Escola de Administração da universidade, Isabel Sartori. Eles pertencem aos cursos de Sistemas de informação e Bacharelado Interdisciplinar de Ciência e Tecnologia e Artes e receberam também a mentoria de um administrador profissional do mercado para desenhar o modelo de negócio. A ideia, que já tem investidores interessados, deve evoluir para a possibilidade de, com base em dados sobre que tipo de ambiente permite a proliferação de um determinado vírus, por exemplo, trazer indicadores mais precisos de acordo com a época do ano, ou tipo de doença mais presente. Imaginemos um surto de gripe, em locais mais frios. Baseado no comportamento do vírus e na idade e histórico médico do usuário, vai ser possível criar um mapa de onde essa pessoa poderá circular de forma a reduzir o risco de contaminação. Está na ideia dos empreendedores também a criação de um selo digital de qualidade do ar a ser utilizado nos estabelecimentos de atendimento ao público. A tecnologia 100% baiana do “Air Check” passa agora para a fase de validação da solução, visando a expansão para o resto do país o que, a julgar pelo interesse já demonstrado por investidores do ramo de startups, não deve demorar. >