Irmã Dulce está tão poderosa que, agora, 'divide' atenções até com Iemanjá 

'O povo quer a santinha', diz vendedora sobre imagens de Dulce com Iemanjá

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  • Jorge Gauthier

Publicado em 1 de fevereiro de 2020 às 11:19

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Bruno Wende/CORREIO

Iemanjá sempre reinou absoluta no dia de sua festa. Acompanho a devoção a Iemanjá desde muito pequeno trazido pelo meu pai quando ainda morávamos no interior da Bahia. Mas, neste ano de 2020, a Rainha das Águas está tendo atenções divididas com Irmã Dulce. 

Isso mesmo: na única festa popular da Bahia onde o sincretismo religioso não é tão forte a freira baiana, que se tornou a primeira santa brasileira em outubro do ano passado, furou o bloqueio. 

Explicando melhor: na noite desta sexta-feira (31) eu estava caminhando pelas ruas do Rio Vermelho - já fervilhando na espera do dia 2 - quando me deparei com a barraca montada pela vendedora Josélia Alves de Campos, 53 anos.  Foto: Jorge Gauthier/CORREIO No tabuleiro do mostruário dezenas de imagens de Irmã Dulce misturadas com as de Iemajá. Justiça seja feita que além da barraca de Josélia só vi imagens de Dulce em outra barraca menor. O reino de Iemanjá está - obviamente - garantido, mas não há como negar o poder que Dulce adquiriu nos últimos meses. 

A própria Josélia confirmou isso na manhã deste sábado (01) ao repórter Bruno Wendel. Ano passado, ela até levou imagens de Dulce para vender - quando a freira ainda não era oficialmente santa - mas não teve muita saída. Agora, segundo ela, acontece justamente ao contrário: muitos devotos de Iemanjá vão atrás também de lembranças de Dulce. 

'O povo tá querendo a santinha', resume Josélia mostrando que desde que o Vaticano deu a Dulce o título de santa a história da freira baiana realmente ganhou outras dimensões. Vale a ressalva que Dulce sempre teve olhares atentos às outras religiões.

Sempre dizia que o importante era o amor ao próximo. Dulce e Iemanjá têm, apesar das diferentes religiões, algo corelato que vai além do azul e branco da representação das suas vestes. Dulce era uma grande 'mãe', assim como Iemanjá é.

A Bahia é isso: uma mistura de amém com Odoyá!