Jaqueline Góes une ciência e empreendimento no II Fórum ESG em Salvador

Biomédica falou sobre a importância dos conhecimentos científicos no dia-a-dia e para a criação de negócios sustentáveis

  • D
  • Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2023 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

Desde o momento em que abrimos os olhos, a ciência está presente, desde o despertador que nos acorda à água que cai da torneira. Foi com essa ideia que a biomédica Jaqueline Góes deu início à sua palestra na 2ª edição do Fórum ESG, que teve início nesta terça-feira (30). A baiana ganhou os holofotes por ter sido responsável por coordenar a equipe de cientistas do IMT (Instituto de Medicina Tropical) da USP (Universidade de São Paulo) que sequenciou o genoma do SARS-CoV-2 menos de 48 horas após a confirmação do primeiro caso da doença no Brasil. 

Ontem, a cientista baiana voltou a Salvador para falar sobre a importância da ciência para a agenda ESG. “A minha expectativa é fazer a relação entre a ciência e o mundo empresarial, mostrando que nós não estamos contra os empresários, na maioria das vezes, mas que somos um meio pelo qual eles podem garantir essas práticas em ESG dentro de suas empresas e dos seus processos”, disse a cientista  ao CORREIO. 

Durante o Fórum, ela foi homenageada pelo seu trabalho crucial durante a pandemia. A honra foi formalizada por Luciana Gomes, gerente comercial e de marketing do CORREIO. 

Em sua fala, Jaqueline defendeu a importância da ciência para o funcionamento das empresas, sobretudo na adoção de práticas sustentáveis, ressaltando entre as ações científicas que são utilizadas pelas organizações o entendimento dos ecossistemas, de como a energia renovável pode ser aproveitada e como as cadeias de suprimento podem ser sustentáveis.  

Para ela, ainda que a noção seja inusual para muitos, a ciência e a agenda ESG andam juntas. “Quando a gente pensa em saúde pública, a gente também está pensando na questão do ambiente, que pega o E [da sigla, que vem de environmental, ambientam em inglês], o social, principalmente nas práticas relacionadas a uma melhoria na qualidade de vida das pessoas, e dentro desse processo a gente também precisa trazer boas práticas relacionadas à governança. Então, por mais que pareça estranho, a ciência não deixa de ser uma empresa, em que nós cientistas nos guiamos por outras metodologias, mas também utilizamos todos os critérios que estão relacionados com o ESG”, disse. 

Representatividade  Atuando numa área que geralmente é de difícil acesso para mulheres, sobretudo negras, Jaqueline defende que a ciência precisa ser universal. “A gente fala muito disso na academia. A ciência tem que ser universal, mas, no fundo, ao longo dos anos, a gente só se comunicou com os nossos pares dentro do próprio ambiente acadêmico”, reflete.

Sendo uma cientista negra e nordestina atuando no Sudeste, ela ressalta a importância de ocupar espaços como o Fórum. “Estar no lugar de referência sendo uma mulher negra e nordestina, porque no Sudeste isso ainda é algo de muito impacto, ajuda a quebrar esses estigmas, mostra que nós podemos alcançar qualquer lugar, desde que tenhamos oportunidades”, afirma. 

A biomédica de apenas 33 anos figurou na lista das 20 Mulheres de Sucesso do Brasil, da Forbes, em 2022, e foi homenageada no desfile da escola de samba carioca Beija-Flor no Carnaval deste ano. O enredo “Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz” celebrou a contribuição intelectual de artistas, escritores e cientistas negros. 

Além disso, em 2021, Góes foi homenageada pela fabricante de brinquedos Mattel com uma versão sua da boneca Barbie. A ação, que foi uma edição do projeto Mulheres Inspiradoras, fez um tributo a mulheres que assumiram o papel de heroínas na luta contra a Covid-19. Entre as seis profissionais homenageadas, ela foi a única brasileira. 

“Enquanto cientista, mulher e negra, ser homenageada pela Barbie e me tornar um modelo para novas gerações é provar que através das oportunidades, o talento e inteligência podem alcançar e até gerar frutos positivos para uma nação”, compartilhou Góes, à época, nas redes sociais.

O II Fórum ESG Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Aliança da Bahia, Ambev, Atlantic Nickel, BAMIN, Bracell, CCR Metrô, Contermas, Deloitte, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e AuraBrasil, Jacobina Mineração, Leroy Merlin, Moura Dubeux, Sotero Ambiental, Socializa, Suzano e Unipar; apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, SEBRAE, SENAI CIMATEC e Instituto ACM; apoio do Banco Master, Larco Petróleo, Sabin, Senac e Wilson Sons e parceria do Fera Palace Hotel, Happy Tour, Hiperideal, Luzbel, Multimídia, Ticket Maker, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.

*Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo