Jornalista é espancado enquanto filmava guerra de espadas em Cruz das Almas

Vítima usaria registros em matéria jornalística, mas foi atacado por pelo menos 10 pessoas e teve celular destruído

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  • Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2021 às 19:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo pessoal

O jornalista Orlando Oliveira Silva foi agredido no último dia 24 de junho, enquanto filmava uma guerra de espadas no bairro Ana Lúcia, em Cruz das Almas, no Recôncavo baiano. O material seria utilizado em uma matéria jornalística sobre as espadas e suas contradições, com as diversas opiniões favoráveis e contrárias.

Segundo informações publicadas no site do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), que repudiou as agressões e o ataque à liberdade de imprensa, o profissional foi perseguido e derrubado, sendo atingido por diversos socos e pontapés, ficando com escoriações nos braços, costas e rosto, além de ter destruído seu aparelho celular.

Orlando informou que a agressão partiu de um empresário conhecido em Cruz das Almas, além de parentes e pessoas que estavam em sua casa, mais de 10 no total, conforme relatou em uma postagem no Facebook.

A queima de espadas ocorria na rua em frente à casa do agressor e, quando este percebeu que o jornalista fazia o registro da atividade, iniciou os xingamentos e a agressão. Morador do bairro, o profissional correu, mas foi alcançado antes de chegar em casa.

Orlando contou que uma moradora do bairro, ao ver as agressões, usou sua moto para apartar a situação, permitindo que ele pudesse se levantar, correr e pedir socorro aos seus familiares, que na confusão também foram agredidos.

Nesta segunda (27), o jornalista fez o exame de corpo de delito e disse que vai tomar as providências policiais e jurídicas cabíveis para exigir reparação pelas agressões e prejuízos sofridos.

“A guerra de espadas já teve o seu período romântico, era uma época que as espadas faziam parte de um contexto alegre de uma festa tradicional do povo nordestino e cruzalmense, inclusive se tornando uma referência importante para a cidade, mas de alguns anos para cá está sendo utilizado como um instrumento de medo e intimidação de pessoas e sendo utilizadas por vândalos”, desabafou Orlando.

Ele ressaltou que respeita os verdadeiros espadeiros que, registrou, declararam publicamente, através de sua Associação, que este momento de pandemia não é o ideal para realizar tal prática, pois as vidas devem estar em primeiro lugar.

"O Sinjorba entrou em contato com Orlando neste domingo (27) e ouviu o seu relato dos fatos. A entidade se solidariza com ele e seus familiares agredidos, oferecendo ao profissional todo o apoio neste momento", afirmou o sindicato da categoria.

O presidente do Sinjorba, Moacy Neves, também lamentou a situação, disse que a entidade vai acompanhar de perto este caso e exigirá das autoridades uma investigação séria das agressões e da justiça uma punição exemplar aos agressores.