Juíza do Maranhão proíbe reportagem da Folha envolvendo candidato à prefeitura de São Luís

A matéria revelou um documento do Ministério Público que citava o político como investigado

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  • Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 17:41

- Atualizado há um ano

A pedido do candidato a prefeito de São Luís, no Maranhão, Eduardo Braide (Podemos), a juíza Cristiana de Sousa Ferraz Leite, da 76ª Zona Eleitoral do estado, proibiu a veiculação de uma matéria da Folha de S.Paulo sobre um documento do Ministério Público que citava o político como investigado, publicada na coluna Painel deste sábado (7). A decisão, que foi dada no domingo (8), mandou retirar “imediatamente” o conteúdo do ar.  Nesta segunda (9), a Folha foi intimada da decisão e, no mesmo dia, protocolou um pedido de reconsideração. O texto foi suprimido no site do jornal.  De acordo com a decisão da juíza, as afirmações da publicação “não estão embasadas em provas, apenas cita um documento do Ministério Público, mas não o apresenta nem informa onde pode ser consultado.” Além disso, Cristina afirma que a publicação “tem potencial de causar danos irreparáveis ao candidato”, no contexto eleitoral atual, “pelo conteúdo desabonador à sua imagem”. Ainda segundo a juíza, as certidões apresentadas pelo candidato atestam que não foram encontrados registros em que ele conste como indiciado. O ato de indiciamento não foi citado pela Folha de S.Paulo em seu texto.  Para Luís Francisco Carvalho Filho, advogado do jornal, esse é mais um caso de censura. “A censura é intolerável, e vamos tomar providências para que a decisão seja revista”, afirmou. Em seu pedido de reconsideração, o jornal afirma que a ordem viola o exercício da garantia constitucional que assegura a liberdade de imprensa e o acesso à informação. O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Paulo Jeronimo, disse que a decisão significa "mais um ato intolerável de censura, sabidamente inconstitucional. A ABI repudia este desrespeito à liberdade de imprensa e tem certeza de que essa decisão será revogada". Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) protestou contra a censura. "A ANJ espera que a Justiça reveja logo a equivocada decisão e restabeleça a plena liberdade de informação. A censura afronta o direito dos cidadãos, especialmente em um momento de tomada de decisão eleitoral", informou a ANJ.