Júri popular de taxista que matou ex a facadas na Ilha é anulado

Os jurados serão substituídos, de acordo com assessoria do TJ-BA

  • D
  • Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2018 às 15:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Grupo convoca para manifestação no dia do julgamento de taxista, em Vera Cruz (Foto: Reprodução) Foi adiado o júri popular do taxista Ângelo da Silva, 25 anos, acusado de matar a facadas a ex-companheira na Ilha de Itaparica. O julgamento seria realizado nesta quinta-feira (29), mas de acordo com informações do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), novos jurados serão convocados para o júri. Não há informações oficiais de nova data para o julgamento nem qual motivo causou a substituição dos jurados.

Segundo as investigações, Angelo assassinou a pedagoga Helem Moreira dos Santos, então com 28 anos, no bairro de Conceição, em Vera Cruz, em junho do ano passado, por não aceitar o fim do relacionamento. O júri de hoje estava marcado para as 8h30, no Fórum de Itaparica, em Mar Grande, mas não ocorreu.

De acordo com uma pessoa que preferiu não se identificar e que acompanhou o júri popular com a ONG feminista Tamo Juntas, o julgamento foi anulado porque um dos jurados estava tentando influenciar os outros - e assumiu que conhecia o réu. "Uma das pessoas que estava como jurada começou a tentar fazer comentários com outros jurados falando que o réu era uma ótima pessoa, aí um outro jurado quando viu, levantou e fez a denúncia, o que levou ao júri ser anulado", afirmou.

Ainda de acordo com pessoa que esteve no julgamento, ambas as partes concordaram que o júri deveria ser anulado após a denúncia - a defesa e o Ministério Público pela tentativa do jurado e a acusação pela denúncia feita pelo outro. "O juiz concordou com ambos e disse que foi uma atitute agressiva a abordagem para interferir no julgamento", contou.

Após o julgamento, a testemunha que falou ao CORREIO acompanhou a família. "Por pior que seja para eles ter que aguardar meses para um novo julgamento, o pior teria sido se eles não pudessem ter justiça", disse. Familiares foram à porta do Fórum de Itaparica (Foto: Reprodução)  Relembre Em depoimento, Ângelo admitiu ter matado Helem, e disse que cometeu o crime após ter acesso a um vídeo íntimo de Helem com outro homem. À época da prisão, o titular da 24ª Delegacia (Vera Cruz), Geovane Paranhos, afirmou que o taxista alegou ter "perdido a cabeça" ao ver as imagens.

Na época do crime, a amiga Thiffany Odara revelou ao CORREIO que Helem chegou a pensar em sair de casa, dois meses antes de ser morta, por conta das ameaças de  ngelo. Ela também falou, na ocasião, sobre a possibilidade de o caso ir a júri popular. "[A alegação sobre o vídeo íntimo] é uma tentativa de se vitimar, porque o homem machista se sente dono do corpo da mulher e acha que a mulher tem que pagar com a vida", comentou Thiffany.

O Quilombo Ilha, grupo educacional que atua na inclusão dos negros na universidade, e do qual Helem fazia parte, está organizando uma manifestação com faixas e cartazes para o dia do julgamento, a fim de pressionar a condenação do taxista.

Dois meses antes de ser assassinada a facadas por  ngelo, a pedagoga relatou a uma amiga que o ex-companheiro não aceitava o fim do relacionamento. 

"Terminei mas ele não aceita bem, fica ligando e vindo aqui", afirmou ela, no dia 14 de abril, em conversa registrada pelo aplicativo WhatsApp. A pedagoga comentou, ainda, a necessidade de sair de casa. "Isso está me deixando ansiosa, quero sair um pouco", completou Helem. O desabafo foi feito à amiga Thiffany.