Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2019 às 12:25
- Atualizado há 2 anos
A Justiça condenou a estudante de Direito Vera Lúcia Santos Barbosa por ter chamado a colega de “macaca” dentro da Faculdade Dois de Julho, no Garcia. A vítima da agressão, Jéssica Pimentel da Silva, 25 anos, registrou a queixa de injúria racial em junho de 2016 e a sentença saiu na semana passada. A acusada foi condenada ao pagamento de uma multa no valor de R$ 2 mil e a reclusão de 1 ano e quatro meses convertidos em serviços prestados à comunidade. >
“Esperava condenação. Foi um caso que aconteceu publicamente, repercutiu muito na mídia. Não tinha dúvida quanto à condenação. O julgamento foi até rápido”, declarou a vítima. A agressão ocorreu quando Jéssica esperava em uma fila para pagar a mensalidade do curso. Na ocasião, ela fez um relato em redes sociais narrando o que aconteceu. "Não podemos permitir que pessoas com esse tipo de conduta permaneçam impunes", escreveu. Jéssica estava em uma fila quando foi ofendida (Foto: Reprodução) Jéssica disse que a sentença pode abrir um precedente para outros processos semelhantes. “Acredito que a questão de ter sido julgado procedente é uma grande vitória. A decisão deve servir como base em outras situações, porque o racismo acontece diariamente. Ainda há um pouco de receio das pessoas de denunciar. Mas eu não podia me calar. A agressão foi feita por uma estudante Direito, fiquei preocupado que tipo profissional seria ela e a denunciei. A multa é muito pouco para o crime que ela cometeu. Ela foi condenada a reclusão a um ano e quatro meses, mas foi convertida em prestação de serviço à comunidade. A gente está aguardando qual tipo de serviço que será definido em audiência”, declarou. >
Ela comentou o fato do racismo ainda ser uma questão latente em Salvador. “Acho um absurdo que ainda exista isso aqui. Você está num lugar onde a cada 10 pessoas nove são negras. Pessoas que costumam ter esse tipo de conduta vão medir as palavras antes de proferir qualquer ofensa”, disse ela. >
Jéssica informou ainda que, ao longo desse tempo que transcorria o processo, a acusada nunca a procurou. “É uma idosa que estava prestes a se formar – ela se formou em 2018. A gente se cruzava, mas acredito que ela se sentia envergonhada, porque, assim como me perguntam, perguntavam para a ela também. Mesmo a gente no mesmo ambiente, não houve nenhum tipo de aproximação, nenhum pedido de desculpa”, declarou. >