'Justiça falha mesmo', diz mãe de jogador após Cristiana Brittes ser solta

Cristiana vai responder em liberdade pelas acusações

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  • Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2019 às 19:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A mãe do jogador Daniel Corrêa, Eliane, afirmou que a Justiça é "falha" ao comentar o caso do filho, morto na Região Metropolitana de Curitiba em outubro do ano passado. Dias depois de Cristiana Brittes, uma das acusadas pelo crime, ser liberada, a mãe de Daniel criticou a decisão de soltá-la, mas ressaltou que o que importa para ela é a ausência do filho.  

"Não importo muito com essas pessoas, não. A única coisa que eu me importo é o meu filho não estar mais aqui. O que a Justiça do Brasil fizer está feito. A Justiça do Brasil é assim, falha mesmo. Infelizmente, a gente não pode esperar muita coisa. Para mim, o que importa é falta que o Daniel faz", afirma em entrevista ao Extra. (Foto: Divulgação) Eliana conta que hoje em dia trabalha e ajuda a cuidar da filha que o jogador deixou. "Ele era tudo para mim. Faz muita falta. Éramos muito ligados e ele tinha toda confiança em tudo que eu fazia para ele. Eu cuidava de tudo. Agora, o que faço é ir visitar o túmulo dele quase todos os dias e ajudar a cuidar da filhinha dele", conta. "Minha vida é só tristeza. De não ter vontade de fazer nada. Trabalho porque preciso trabalhar. Minha vida foi embora junto com a do Daniel".

Cristiana deixou a Penitenciária Feminina do Paraná no último dia 12. Ela deve responder pelo caso em liberdade e tem obrigação de comparacer em juízo a cada dois meses, além de não poder frequentar bares, casas noturnas e ter que voltar para casa diariamente às 20h.

Ela está usando uma tornozeleira eletrônico, que vai verificar se ela circula realmente só na região de São José dos Pinhais, em Curitiba. A monitoração acontece por 90 dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período por quantas vezes a Justiça entender que é necessário. Cristiana não poderá retirar, danificar ou obstruir o objeto, ou permitir que outra pessoa o faça.

Dos sete denunciados em ligação com o caso, três estão respondendo em liberdade. Além de Cristiana, Evellyn Peruso, 24 anos, acusada de mentir à polícia em depoimento, e Allana Brittes, filha do assassino confesso e que teria acobertado o crime, estão soltas.

Testemunha Principal testemunha do caso que investiga a morte do jogador Daniel, ex-São Paulo, Lucas Stumpf, conhecido como Lucas Mineiro, revelou ter visto Edison Brittes enforcando o jogador em cima da cama da esposa Cristiana Brittes e que ela pedia por socorro.

"No momento em que eu olhei pela janela, eu vi ele [Daniel] na cama sendo enforcado. Eu vi o Edison enforcando ele em cima da cama, batendo em cima da cama. Ele [Daniel] estava de cueca e camiseta", contou Mineiro à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná.

Ele já prestou depoimento à Justiça e foi a primeira pessoa a relatar a morte de Daniel Correia Freitas, um dia depois do crime, ocorrido no dia 27 de outubro. Seis dos sete réus estão presos desde novembro. 

Acusada de falso testemunho e denunciação caluniosa, Evellyn Perusso é a única que responde ao processo em liberdade.

Daniel, que na época atuava pelo São Bento-SP, estava na comemoração do aniversário de 18 anos de Allana Brittes, que é filha de Edison, na casa noturna Shed, em Curitiba. Depois, Lucas foi um dos convidados para continuar a festa na casa da família.

Assassino confesso Em depoimento à polícia, Edison Brittes afirmou que matou Daniel porque o jogador tentou estuprar Cristiana. No entanto, de acordo com a Polícia Civil e o Ministério Público do Paraná (MP-PR), não houve tentativa de estupro.

Essa foi a primeira vez que Lucas Mineiro decidiu mostrar o rosto. A entrevista foi concedida em São Paulo no escritório do advogado dele. Foto tirada por Daniel mostra ele na cama com Cristiana Brittes dormindo (Foto: Reprodução) Pedido de socorro Segundo a testemunha, a mulher de Edison, Cristiana Brittes, tentou evitar o assassinato. "Ela tentava pedir ajuda, mas ela não tinha o que fazer. Ela não tinha como reagir naquele momento e não ia conseguir fazer nada naquele momento, creio eu”, comentou Mineiro.“Ela pedia socorro e eu não sei dizer se o socorro dela era por algo que aconteceu com ela mas, no meu entendimento, no meu ver do momento dos fatos, era que o pedido de socorro era pro Daniel", argumentou.Ele contou ainda que Allana estava muito assustada e pedia para parar com as agressões. "Eu escutava ela falar muito: Meu Deus, o que está acontecendo, meu Deus", contou Mineiro sobre a filha de Edison Brittes.

A testemunha disse que também pediu para que Edison parasse de agredir o jogador Daniel, mas que foi ameaçada pelo empresário.

"No momento em que eles estavam agredindo ele [Daniel], eu cheguei e falei: para, para. Ele [Edison Brittes] só olhou pra mim e falou: sai fora. Se você não vier me ajudar, sai fora se não você é o próximo", afirmou ele à RPC.

De acordo com Mineiro, uma das meninas que estava na casa tentou chamar o Samu para socorrer Daniel, mas ela também foi impedida.

Depois de ser espancado, o jogador foi levado de carro por Edison Brittes e outras pessoas para uma área rural de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, e, conforme as investigações, assassinado.

A festa Ao relembrar sobre a festa na casa noturna Shed, Lucas disse que viu Cristiana Brittes pegando na mão de um rapaz e que ela o levou para o banheiro.

"Ela passou atrás de mim, pegou na mão de um menino e puxou ele para o banheiro", contou Mineiro. 

Ele contou ainda que percebeu que ela estava embriagada naquele momento e que houve uma discussão com Edison Brittes depois que ela pegou na mão do rapaz.

"O Edison viu acontecer e veio até ali, o pessoal separa, e o menino vai embora da Shed", argumentou. Cristiana na festa de 18 anos da filha (Foto: Acervo pessoal) Mineiro disse ainda que ouviu comentário na festa de que Cristiana teria beijado outros rapazes, inclusive Daniel. "Eu não vi, mas eu escutei que ela tinha tentado dar beijo em outros rapazes, que ela caía em cima de outros rapazes, alcoolizada, mas isso aconteceu, eu escutei", disse.

Um dia depois de Lucas Mineiro falar à Justiça, um amigo de Daniel, que também esteve na casa noturna, afirmou em depoimento que Cristiana tentou beijá-lo na noite de comemoração.

"Esse selinho aconteceu na boate. É... eu estava conversando com uma menina e quando eu recebi um selinho. E quando eu percebi, olhei pra trás, e vi Cristiana olhando pra mim e a amiga dela, da Allana, empurrando ela, no sentido oposto", disse o amigo, que preferiu não se identificar.

Outro lado O advogado que defende a família Brittes, Cláudio Dalledone, disse que Lucas faltou com a verdade na entrevista. "Esse moço está merecendo ser processado criminalmente. Se isso fosse verdade, teria sido consignado, teria sido dito por ele quando foi ouvido em juízo e nada aconteceu nesse sentido. Menos ainda, na fase policial. Ele tenta, junto com o advogado dele, ganhar, nesse momento, um protagonismo. Ele quer, na verdade, aparecer", relatou o advogado.

A defesa de Lucas Mineiro, representada pelo advogado Jacob Filho, disse que o protagonismo foi e é de Edison Brittes.

"Ele decepou o órgão genital de Daniel, que foi assassinado de forma brutal sem poder se defender. Esta manobra que o advogado Dalledone tenta fazer para amedrontrar a testemunha e seu advogado é em vão. Nós não temos medo, não nos acovardamos, não pertencemos a este grupo criminoso, que infelizmente não respeita limites",o advogado.