Justiça nega pedido de prisão de médico suspeito de assediar mãe e filha

Três mulheres denunciaram médico que atendia em clínica no Canela, em Salvador

  • D
  • Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2021 às 14:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

A Justiça negou o pedido de prisão preventiva para o dermatologista Carlos Soares, de 74 anos. Ele é investigado por assediar mãe e filha em uma clínica no bairro do Canela, em Salvador.

As vítimas registraram ocorrência na 1ª Delegacia Territorial (DT/Barris), que instaurou inquérito para apurar a denúncia de assédio na ocasião.

De acordo com informações da Polícia Civil, ele teria apalpado as nádegas de uma das mulheres, de 40 anos, chegando a rasgar sua roupa, além de forçá-la tocar no orgão genital dele. As vítimas foram ouvidas e apresentaram gravações em áudios que comprovaram o assédio. O material foi encaminhado ao Departamento de Polícia Técnica (DPT). O procedimento já foi concluído, com a prisão preventiva do suspeito solicitada à Justiça pelo crime de importunação sexual.

Após a denúncia, outra vítima do médico procurou a polícia para denunciá-lo. O boletim de ocorrência foi registrado nesta sexta-feira (27) na 1a Delegacia de Brotas.

De acordo com a vítima, o médico a constrangeu ao dizer que o problema de saúde da paciente era, provavelmente, devido à baixa frequência de relações sexuais. "Ele também me solicitou que eu perdesse peso, porque isso dificultaria relações, já que a pessoa não me aguentaria. Enquanto ele falava essas coisas, massageava o órgão sexual dele me olhando de forma amedrontadora".

Carlos também teria revelado informações sobre sua vida pessoal, assim como as vítimas anteriores relataram. "Ele dizia que quando chegava em casa de cabelo e barba cortada, nesse dia, iria ter relações sexuais. E que só deixava de fazer sexo com a esposa quando a neta estava na casa, pois ela dormia na cama do casal".

Ela ainda disse ter informado ao médico que a conversa estava indo para rumos desconfortáveis e sem sentido, mas ele teria dito que não tinha porque achar isso. "Uma semana depois, procurei a clínica para relatar o caso, relatei para uma coordenadora chamada Michele e ela disse que não poderia fazer muita coisa por mim, pois ele era um dos donos da clínica". Michele teria pedido para que ela enviasse um e-mail relatando o ocorrido, mas a paciente não chegou a o fazer.

"Eu sou paciente psiquiátrica e para mim seria muito complicado lidar com isso tudo. Eu priorizei cuidar da minha saúde mental e depois resolveria isso". Foi quando Carlos foi denunciado por mãe e filha e, devido à repercussão,  disse ter criado coragem.

Ela contou que o caso aconteceu em agosto de 2020, quando a vítima retornou à clínica para mostrar o resultado do exame que o dermatologista havia solicitado na primeira consulta, que ocorreu em março.

A reportagem tentou contato com o médico, mas ele não atendeu às ligações. De acordo com a Polícia Civil, as investigações estão avançadas, mas os desdobramentos estão em sigilo, para evitar interferências nas apurações.