Lá vem a Bahia, descendo a ladeira

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  • Waldeck Ornelas

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 05:03

- Atualizado há um ano

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Início de novo ano – nesse caso de nova década – balanços costumam ser feitos para comemorar resultados ou lamentar fracassos. No caso da Bahia infelizmente não há o que comemorar.

Ao invés de avançar da sexta para a quarta posição no ranking da federação – um objetivo viável – perdeu a sexta posição para Santa Catarina e caminha celeremente para perder a sétima, agora para o Distrito Federal. Mesmo no âmbito da região Nordeste, onde sempre foi hegemônica, a participação da Bahia no PIB regional caiu de 39% em 1995 para 28,5% em 2018 – dez pontos e meio a menos!!!

Não é sem razão, pois, que os dados do PIB Municipal de 2018 (IBGE) mostraram, pela primeira vez, desde que o índice começou a ser calculado, Fortaleza na frente de Salvador, reflexo da falta que fazem cinco anos sem um centro de convenções e a extinção da Bahiatursa, para citar o impacto de apenas um setor – o Turismo. O aeroporto de Salvador perdeu a primeira posição no Nordeste em movimento de passageiros, competindo agora com os de Recife e Fortaleza, que se tornaram hub de companhias aéreas.

Quarenta anos despois de lançado o programa de Ocupação Econômica do Oeste, seis dos seus municípios já figuram entre os dez maiores PIB per capita do Estado, sendo que São Desidério costuma liderar nacionalmente e, junto com Formosa do Rio Preto, integram a lista dos cinco maiores PIB Agropecuários do país, mas a região, que podia dar mais, se ressente da falta de serviços e infraestrutura, principalmente estradas e energia, razão por que a Bahia vem perdendo participação para Maranhão, Tocantins e Piauí, cedendo espaço também no MATOPIBA.

O último grande projeto econômico no Estado foi a implantação da indústria automobilística, inaugurada em 2001. Encerrou-se aí um ciclo virtuoso que começou com a Petroquímica e incluiu a metalurgia do cobre e a celulose, essa muito forte no extremo sul. No Polo Industrial de Camaçari dezenas de plantas industriais foram fechadas nas duas últimas décadas e perdeu-se a oportunidade de duplicação da unidade de celulose em Eunápolis.

Na área social, a educação média e profissional situa-se entre as de mais baixa qualidade no país, onde a qualidade já não é das melhores; a criminalidade atinge índices alarmantes e crescentes, em um contexto em que o próprio secretário de Segurança Pública foi afastado pela Justiça; o desemprego grassa e os desequilíbrios sociais se ampliam.

Mas há perspectivas positivas no horizonte: o governo federal acaba de publicar o edital de concessão da primeira etapa da FIOL – a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, e já autorizou a implantação privada do Porto Sul, em Ilhéus. Com isto, a mineração de ferro em Caetité tende a sair do papel. A privatização de Mataripe, em fase final de negociação, assim como a alienação, já realizada, dos campos maduros de petróleo do Recôncavo, mais a venda do controle da Braskem, podem vir a dar um sacolejo na estrutura industrial da RMS, promovendo sua modernização tecnológica e produtiva. 

O SENAI-CIMATEC, promovido pela FIEB, já se consolidou como um grande polo tecnológico, com unidades em Salvador e Camaçari, e caminha para tornar-se uma universidade tecnológica, focada na manufatura industrial.

Não constituem, contudo, movimentos suficientes para reverter a queda que temos experimentado. É indispensável que voltemos a ter uma clara estratégia de desenvolvimento, com visão de longo prazo, nesse novo cenário mundial em que as mudanças se dão em velocidade nunca antes vista. 

Waldeck Ornélas é especialista em planejamento urbano-regional, ex-secretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia da Bahia, autor de Cidades e Municípios: gestão e planejamento.