Larga de ser burro e diga 'Ró-da-jé-ga'!

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  • Paulo Leandro

Publicado em 8 de setembro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Depois de fantástica aparição, é o jeito abrir a letra R do ‘Dicionário Mitológico do Fútil Ball’ para acrescentar verbete relacionado à derrubada do Fortaleza com quatro tacadas certeiras do colombiano hoje candidatíssimo a ídolo do Bahia.  

Na humildade, além de curtir o Globo Esporte, perguntei às amizades do fêice como se diz Rodallega: Roda-presa, Jacson; Rodallega, o Grande ou Rodachega, o Gigante, ambos por Míriam; Rodajega, por José Fernandes, e Rodaiega, por Ed Samper.  

Quem não bota mão em cumbuca, chama Huguito mesmo, embora pessoalmente simpatize com o baianês castiço ‘Rodajega’, com o e aberto (Rodajéga) pois prestaríamos homenagem póstuma, e em gênero correto, aos asininos em extinção, vítimas do jeguecídio em curso.  

Cumpriu ‘Rodajega’ o vaticínio do profeta da Antiguidade, Gentil Cardoso, nosso Teôfrastos, ao responder a alguém interessado em saber como poderia jogar bola em sentido associativo: “Quem desloca, recebe; quem pede, tem preferência”.  

Basta verificar nas quatro oportunidades convertidas em gol pelo inspirado artilheiro, em todas elas bem posicionado, como se pedisse “dame para que entre allí” e a bola, toda se bulindo, dá molinho: “me chuta que eu quero muito ser balançada nesta rede...”.   

O talento para tocar na criança em justa medida, buscando tirar do alcance do goleiro, também poderia afastar nosso provisoriamente rebatizado ‘Rodajega’ da falsa crença de nossos Equus asinus serem subdotados de capacidade deliberativa e voluntária. 

Ao som do hino de Homero e Adroaldo Ribeiro Costa, teria preferido ‘Rodajega’ curtir o estribilho ‘Baêa! Baêa! Baêa!”, em vez de entoar ‘De quem é esse jegue’, herança do deus do Molejo, Genival Lacerda.  

Assim, lavou a jega o Bahia, seguindo expressão do turfe, quando as éguas tomavam banho de champanhe, nas grandes vitórias, em brinde exclusivo dedicado às fêmeas vencedoras, não se podia reclamar de machismo equino não.  

‘Rodajega’ traz a mistura cultural poderosíssima, tendo o cafeteiro dado seus bons rolés pelo Reino Unido, antes de dedicar-se por produtivos anos aos campos da Turquia, acumulando em clubes meeiros seu pé de meia para quando a bola não mais o desejar.  

Acrescentado, agora, às energias indígenas e afrobaianas da capital do Hemisfério Sul, tende ‘Rodajega’ a tornar-se mais eficiente, acendendo no Sagrado Coração do Jesus tricolor a chama assumida do Bi nestes jogos de volta da ‘Cérei A’, o verdadeiro campeonato.  

Revelou também o ‘colombaiano’, conterrâneo de meu amigo-irmão Cadena, o ódio necessário ao convívio, pois teria o “homem-goal” desagradado aos vitórias, depois de o Leão escapar à Ponta Grossa, ao vencer o Operário da perigosa cidade por 1x0, pela manhã.  

A rodada seria feliz sim, se e somente se incluísse a caveira do Bahia, então tirou a ‘grossa’, o placar de 4x2, imposto pelo exímio ‘Rodajega’ ao Fortaleza, cuja ótima campanha pode ter levado a jogar de salto alto, a defesa mal posicionada permitindo ser vazada seguidamente.

Teria sido atualizado, em castelhano, o aforismo do goleiro franco-argelino, Prêmio Nobel de Literatura e grande filósofo existencialista, Albert Camus (lê-se Cami): “todo lo que sé de moral y de hombres se lo debo al fútbol. E a Rodajega". 

Paulo Leandro é jornalista e prof. Doutor em Cultura e Sociedade