Lições de uma epidemia

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  • Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 19:49

- Atualizado há um ano

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Com o aparecimento de rumores de surtos de dengue, zika e chikungunya cada vez mais comuns em diversas localidades e um alerta da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) com um indicativo de possibilidade de uma epidemia de arboviroses nas Américas, Salvador se preparou para o enfrentamento do mosquito este ano.

Para isso, solicitamos ao governo do Estado o aumento da cota de inseticida adulticida e larvicida, implementamos horas extras para equipes de campo e de aplicação espacial de inseticida para atuação intensiva todos os dias da semana, inclusive, aos sábados, domingos e feriados. Além disso, intensificamos a parceria junto à Limpurb e secretarias de Combate à Pobreza (SEMPRE) e de Manutenção da Cidade (SEMAN) para construção de um trabalho intersetorial e mais efetivo. 

Em meados de março, com o advento dos primeiros casos confirmados de COVID-19 em Salvador, o município precisou readaptar as ações com novas estratégias para diminuição do índice de infestação pelo Aedes aegypti, sobretudo após a divulgação da nota informativa do Ministério da Saúde que orientava a suspenção temporária das visitas domiciliares dos agentes de combate às endemias nas residências habitadas, locais onde são identificados, em média, 80% dos focos.

Então deflagramos a maior mobilização de enfrentamento às aboviroses já vista na cidade, que foi dividida em duas áreas de atuação. A primeira de cunho educativo, por meio de ações de sensibilização que estimulavam o autocuidado da população na eliminação dos principais criadouros intradomiciliares, além de orientarmos o uso de telas protetoras (mosquiteiros) e repelentes no contexto da circulação dos vírus transmitidos pelo Aedes.

Com o apoio das instituições parceiras, foi realizado no intervalo de 90 dias mutirões em 66 localidades com cerca de 150 ruas visitadas e mais de 1,2 tonelada de lixo e materiais inservíveis que representavam potenciais criadouros eliminados. Simultaneamente, iniciamos a aplicação espacial de inseticida por meio de veículo – o conhecido carro fumacê – em 51 bairros com maior vulnerabilidade. Também intensificamos as ações com acumuladores e a implementação da limpeza de córregos e canais. 

Também como estratégia, buscamos a aquisição de capas protetoras para tanques, pastilhas com inseticida de dispersão lenta para colocação nos bueiros da capital, equipamentos de termonebulização para controle do Culex (muriçoca) que atuam em caráter complementar no combate ao Aedes. Criamos as “quintas e sextas especiais” com o propósito de intensificar ações nos bairros onde há aumento de casos e onde há denúncias realizadas pela população através do 156. Semente nessa estratégia, mais de 13 mil imóveis de 44 comunidades foram inspecionados. 

Como resposta aos esforços empenhados, no final do mês de junho, iniciou-se a redução do número de casos de arboviroses na capital baiana. A principal lição que se tira desse episódio é a superação por todos os membros das equipes onde o compromisso e o foco venceram o medo (trabalhar em cenário adverso, em um momento de pandemia). No mês de setembro, as notificações chegaram ao nível endêmico com diminuição de 91,5% dos casos em comparação ao mês de 2019. O esforço valeu a pena e Salvador continua com ações integradas e intensificadas para que não haja aumento de casos no próximo verão 2020/2021.

*Léo Prates é deputado licenciado e secretário municipal da Saúde