Liderança de vereador em Alto de Coutos e motorista são encontrados mortos

Eles foram sequestrados por desconhecidos; corpos apresentavam diversas perfurações

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  • Bruno Wendel

Publicado em 4 de maio de 2020 às 17:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo pessoal

Luciano e Leandro foram encontrados mortos (Fotos: Acervo pessoal) A polícia investiga o duplo homicídio que teve como uma das vítimas Luciano das Neves Melo, 45 anos, que atuava como líder político do vereador Felipe Lucas (DEM) em Alto de Coutos. Ele e o motorista, Leandro de Oliveira Paim Silva, foram encontrados com marcas de tiro pelo corpo no Centro Indústria de Aratu (Cia), na madrugada de sábado (2).

Luciano e Leandro, conhecido também como Manchinha, foram sequestrados em Alto de Coutos por homens ainda não identificados. Segundo a assessoria de comunicação do vereador, Luciano era liderança do político no bairro - ou seja, ele era aquela pessoa que atuava na intermediação de melhorias para a comunidade, como calçamento e iluminação - e não tinha envolvimento com a criminalidade. Ainda de acordo com a assessoria, o vereador lamentou a morte da vítima e presta toda existência à família. 

O CORREIO procurou a mulher de Luciano, Ane Santos, mas ela preferiu não se manifestar. Ele deixa ainda dois filhos que teve em outro relacionamento. 

Em nota, a Polícia Civil informou que “a 22ª Delegacia (Simões Filho) segue com as investigações das mortes de Luciano das Neves Melo e Leandro de Oliveira Paim Silva. Os detalhes não estão sendo divulgados, neste momento, para evitar interferências no curso das apurações”. 

Apesar do sigilo, o CORREIO apurou com uma fonte próxima a Luciano que o crime pode estar ligado ao fato de a liderança incomodar o tráfico na localidade de Jauá, ainda em Alto de Coutos. “O tráfico de lá é muito pesado, a presença de Luciano pode ter provocado a ira dos traficantes”, declarou a a pessoa, que pediu anonimato.

A localidade de Jauá existe em Alto de Coutos há cerca de 30 anos, mas, há aproximadamente um ano, Luciano vinha atuando na região para levar benfeitorias à comunidade. “A região era pouco assistida e o tráfico tirava vantagem disso. Aí, Luciano começou a trabalhar para conseguir calçamento, iluminação e isso trazia visibilidade para Jauá, o que antes não tinha. A polícia passou a ir no local mais vezes”, relatou a fonte. 

Ainda de acordo com essa pessoa, Luciano nunca comentou nada sobre possíveis ameaças. “A gente conversava muito. Há pouco tempo estive com ele, que estava tranquilo. Não ouvi nada em relação de ele andar amedrontado, mas sabemos dos riscos que qualquer pessoa que queira fazer o melhor para a sua comunidade, de uma forma honesta, corre. Ele era uma pessoa idônea. A família dele está arrasada, assim como todos nós”, declarou. 

Crime Apesar das medidas de isolamento social, por causa da pandemia do novo coronavírus, Luciano e Leandro tinham acabado de beber num bar e voltavam para casa, na localidade de Triângulo, também em Alto de Coutos. “Luciano e Leandro são amigos de infância e tinha o hábito de beber juntos”, contou a fonte ao CORREIO.

No trajeto, os dois foram abordados por desconhecidos na Rua Tira Chapéu nos primeiros minutos da madrugada de sábado. Os corpos foram encontrados na Via Periférica I, em frente à fábrica de Ipê – ambos estavam sem documentos e estavam com várias perfurações. 

Em nota, a Polícia Militar informou que “policiais militares da 22ª Companhia Independente da PM (Simões Filho) foram acionados por volta de 1h30 de sábado (2), com informações da localização de dois corpos de sexo masculino na localidade de CIA I. A área foi isolada e o Serviço de Investigação em Local de Crime (Silc) acionado para realizar a perícia e remoção dos corpos. A autoria e motivação serão investigadas pela Polícia Civil”.