Linha do tempo da Ufba: da primeira faculdade do Brasil à revolução nas artes

Universidade foi palco, em sua história, de inovações e descobertas

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  • Luan Santos

Publicado em 5 de maio de 2019 às 05:30

- Atualizado há um ano

A Universidade Federal da Bahia (Ufba) já nasceu inovadora e pioneira. A afirmação, embora pretensiosa, tem explicação: a Escola de Cirurgia da Bahia, criada em 1808 e considerada o embrião da Ufba, foi a primeira instituição de ensino superior do Brasil. Desde então, em diversos momentos diferentes de sua história, a universidade tem sido marcada por descobertas e pesquisas pioneiras no país e até no mundo. 

Foi aqui, por exemplo, que o português radicado na Bahia Otto Wucherer se tornou o precursor das pesquisas que levaram à descoberta da filariose (elefantíase), em 1866. Um pouco mais à frente, em 1908, o médico e professor Pirajá da Silva descobriu o parasita que provoca a esquistossomose intestinal, o Schistosoma mansoni. 

"Pirajá da Silva foi um grande cientista do início do século passado, com uma contribuição tão importante quanto nomes como Carlos Chagas e Oswaldo Cruz", lembra o professor e médico Naomar de Almeida Filho, reitor da Ufba por duas gestões, entre 2002 e 2010.  Pirajá da Silva (Foto: Arquivo pessoal) Em 1946, a Ufba se constitui como universidade e, desde então, expandiu ainda mais o pioneirismo. Com seu primeiro reitor, Edgard Santos, veio uma das grandes marcas: a criação dos cursos de graduação de Dança, Música e Teatro, os primeiros do gênero em todo o país entre 1955 e 1956. Hoje, a Ufba é uma das poucas universidades brasileiras a ter escolas de cada arte com autonomia - o mais comum é que todas fiquem numa única escola de arte.  "É uma afirmação implícita de que é possível criar a partir da Bahia, integrado a essa rede mundial de criação, a partir daqui. Significou ao longo desses anos uma participação da Ufba em uma série de festivais nacionais e internacionais", afirma o professor Paulo Costa Lima, da Escola de Música. Em 1959, é criado o Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao), ligado à Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Foi a primeira instituição voltada para a pesquisa sobre  o continente africano. "Só em 1959, mais de 60 anos após a abolição (da escravidão), o Brasil vai produzir uma instituição voltada para o continente africano", diz o professor Paulo Miguez, vice-reitor da Ufba. 

Já em 1960, surgiram mais dois marcos importantes: a criação do Atlas Prévio dos Falares Baianos, o primeiro atlas linguístico brasileiro, coordenado pelo professor Nelson Rossi; e o início da exploração do petróleo no Brasil, com intensas pesquisas na Bahia, o que levou os geólogos da da Ufba a formarem o quadro inicial da Petrobras. Em 1983, é criado o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim), que, deu origem ao primeiro e único bacharelado em estudos  de gênero e diversidade do Brasil em 2009. 

Também no campo das letras, é publicado em 2001 o 'Falares Africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro', da professora Ieda Castro, considerado a obra mais completa já escrita sobre línguas africanas no Brasil. Sete anos depois, a Ufba cria o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC), que viria a revolucionar o ensino de graduação com a criação dos bacharelados interdisciplinares. 

Administração Em 1959, chegou à Ufba uma das primeiras faculdades de administração do país, ao lado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Fundação Getúlio Vargas. Na Bahia, ela chegava num momento de criação da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) e do Polo Petroquímico de Camaçari. O mercado demandava por profissionais capacitados. 

"Começou a preparar gestores para essas grandes organizações. Passados estes 60 anos, a gente verifica que no poder público, nos principais cargos de gestão das empresas baianas, vários são egressos da faculdade", diz o diretor da instituição, Horácio Nelson Hastenreiter Filho. 

Como parte das celebrações dos 60 anos da faculdade, ele diz que será feito uma ampla reforma curricular, que será entregue à pró-reitoria de Graduação da Ufba. Além disso, eventos serão realizados ao longo do ano a partir desse mês, culminando em setembro, quando de fato os 60 anos serão comemorados. 

Horácio lembra que, nos últimos anos, a Escola de Administração tem primado por atividades extensionistas, estendendo a universidade para além dos beneficiados mais diretos, que são os alunos. Ele cita projetos como uma ação em parceria com o Ministério da Cultura para auxiliar municípios baianos a desenvolver planos municipais de cultura e a Incubadora Tecnológica de Economia Solidária, que realiza o trabalho de desenvolvimento, assessoria e acompanhamento a Tecnologias Sociais no campo da economia solidária em diversas áreas.