Luiz Caldas substitui sanfona por guitarra em disco de forró

Álbum é o centésimo em projeto do músico que prevê um lançamento temático por mês

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 29 de maio de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: fotos: Rafael Martins/Divulgação

Tem sido assim desde 2013 e nem a quarentena vai quebrar a tradição: chega o mês junho e Luiz Caldas aparece com um novo álbum de forró. É, portanto, o oitavo disco dele dedicado ao ritmo consagrado pelo xará Luiz Gonzaga. O disco São João em Casa chega nesta segunda-feira, dia 1º, ao site do cantor e compositor, luizcaldas.com.br. Na quinta-feira, estará nas principais plataformas de música da internet. Capa do álbum que estará dia 1º no site do artista E há um motivo especial para celebrar o lançamento: trata-se do centésimo álbum que integra o projeto de Luiz de todos os meses lançar um disco temático, normalmente dedicado a um gênero musical. São João em Casa tem um outro marco importante: o cantor e compositor de 57 anos, nascido em Feira de Santana, teve que se responsabilizar por direção, produção, arranjos e gravação do lançamento. Não bastasse isso, além de fazer voz e vocal, ele toca zabumba, triângulo, agogô, shake, pandeirola, baixo, cavaquinho, escaleta, violão e guitarras.

Sanfona A essa altura, o leitor mais atento já deve estar perguntado: “E a sanfona, cadê?”. Não, leitor, o repórter não esqueceu de incluir o instrumento na lista. E nem tem um músico para tocá-la no lugar de Luiz. É que ele preferiu deixá-la de fora e, segundo o próprio Luiz, é a guitarra que faz as vezes de sanfona e dá uma pitada de rock às músicas.

O disco nasceu a partir de uma conversa de Luiz com Reinaldo Barbosa, que compõe muitas músicas para o forrozeiro Adelmário Coelho. Outro que motivou este novo álbum foi o compositor Herberth Azzul, que tem duas parcerias com Luiz no disco, Pra Vida Melhorar e Você Não Quis: “Ele mandou uma letra e dela nasceu um baião”, recorda-se o cantor. E Luiz resolveu dar sequência ao disco, com a guitarra no lugar da sanfona:“Queria algo diferente e tirei a sanfona. A guitarra acabou fazendo o papel dela e deu um toque de rock ao disco”.Gravado no estúdio dentro de sua casa, como todos os outros 99 álbuns do projeto, o lançamento exigiu de Luiz um empenho ainda maior que nos outros trabalhos, afinal, durante a quarentena, ele se isolou e não pôde contar com a atuação de técnicos ou instrumentistas. 

“Antes, eu não mexia muito na parte da gravação. Mas agora, como estou sozinho, tenho gravado tudo como técnico. Não sou um grande técnico, mas tenho sensibilidade auditiva e foi uma experiência ótima. Neste momento tão duro, me sinto privilegiado”. Somente a mixagem e a masterização foram “terceirizadas” e ficaram a cargo de Marcelo Machado.

Projeto mensal Os discos temáticos mensais começaram em janeiro de 2013, quando Luiz lançou Apopod'le, com sonoridade afro. De lá até junho deste ano, são 90 meses e 90 álbuns. Acontece que em 2010 ele já havia lançado outros dez discos, que saíram em formato físico num box. Mas, ainda antes, em 2004, surgiu o que pode ser considerado o embrião disso tudo: o CD Melosofia, uma parceria com o jornalista e compositor César Rasec.

Nele, cada uma das canções homenageava um filósofo.“Platão, por exemplo, ganhou um baião e Nietzsche, um rock”.Esse álbum, para azar dos curiosos, não está disponível para download no site de Luiz nem nas plataformas de música.

Em 2013, três anos após o  lançamento do box, o cantor mergulhou de vez na ideia de lançar um álbum por mês até o fim daquele ano. Teve forró, dance, reggae e até heavy metal. Esse último, cantando em bom português, como faz questão de destacar o cantor e compositor. E a coisa foi tão prazerosa que Luiz não parou mais. O estúdio, em sua casa no Caminho das Árvores, funciona quase exclusivamente para o projeto, que já resultou em mais de mil canções, já que cada disco tem ao menos dez faixas.

E Luiz não para: calcula ter uns três ou quatro já gravados, que devem sair ainda neste ano. E a facilidade para compor canções de diversos gêneros está em sua formação como músico: “Minha carreira começou em bandas de baile. Então, numa mesma noite eu começava tocando Emerson, Lake and Palmer, para depois partir pro Pink Floyd. E terminava em samba, com Martinho da Vila”.

Ouça Luiz Caldas cantando heavy metal, em álbum de 2013