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Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2021 às 16:13
- Atualizado há 2 anos
Mãe do médico Andrade Lopes Santana, 32 anos, Dormitília Lopes diz que perdoou Geraldo Freitas Junior, principal suspeito pela morte do filho, assassinado na Bahia. O corpo de Andrade foi achado na sexta amarrado a uma âncora no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos. Ele foi sepultado na manhã deste sábado em Araci, cidade baiana onde morava. >
"Quando soube que ele estava desaparecido abri a bíblia e Deus me falou que meu filho não estava mais entre nós, mas estava vivo espiritualmente. Daí, a partir daquele momento, Deus colocou no meu coração o desejo de perdoar. Não consigo ter rancor, ódio e nem desejo de vingança do assassino. Perdoei porque nosso único caminho é perdoar, não existe outro caminho, se você quiser ir para o céu, se não for perdoar", disse a mãe, conversando com o G1 AC.>
Geraldo foi preso horas após o corpo ser achado. Ele foi o responsável por registrar a queixa sobre o desaparecimento do amigo em uma delegacia de Feira, mas suas contradições nas conversas com a polícia o colocaram como principal suspeito.>
Dormitília veio para a Bahia com alguns parentes assim que o filho desapareceu, para acompanhar a investigação. Ela contou que Andrade se mudou para o estado em 2016, depois de se formar em medicina na Bolívia - o suspeito também estudou lá, segundo informações. Dona Dormitília diz que quando chegou ele a recebeu aparentando estar transtornado. "Ele me abraçou, chorou comigo, dizia que sentia minha dor. Quando chegou algemado na delegacia com um casaco na cabeça eu disse: 'Júnior, tu matou meu filho, por que fez isso?’ Ele tentou balançar a cabeça com o casaco. Algumas pessoas gritavam 'assassino', se a polícia não tivesse lá tinham linchado ele", conta.>
A mãe conta que não lembra de ter conhecido Geraldo antes. Andrade morava em Brasileira, no Acre, com a mãe, quando estudava, viajando para as aulas. Depois, a mãe casou novamente e se mudou, sem acompanhar a vinda do filho para a Bahia. "Não gostou quando soube que eu tinha me casado porque o projeto dele era eu cuidar das coisas dele, ser tipo uma assessora. Não queria que eu casasse, queria que eu fosse morar na Bahia", diz.>
Andrade esteve no Acre pela última vez em maio de 2019, para o Dia das Mães, quando deu um carro a dona Dormitília. No final daquele ano, ela veio para a Bahia visitar o filho. Desde então, por conta da pandemia, não se encontraram mais pessoalmente. "A gente conversava por mensagem, de vez enquanto nos falávamos, mas não me falou nada desse amigo", diz.>
Enterro A família queria inicialmente cremar o corpo de Andrade e levar as cinzas para o Acre. Pelo médico ter sido vítima de crime, contudo, ele teve que ser enterrado, e a opção acabou sendo por Araci. Posteriormente, a família vai analisar a possibilidade de levar a ossada para o estado natal do médico. >
"O corpo não vai mais para Brasileia (no Acre) porque queremos que termine o processo, o assassino é muito experto e pode pedir a exumação e vai prescrever ou outra coisa. Preferimos deixar aqui, uma amiga dele vai cuidar de tudo até dar tempo de levar os ossos dele para o Acre", diz.>
A mãe diz que ficou emocionada ao notar o carinho que as pessoas da cidade tinham pelo filho. ""Estou me sentido muito confortável por ver o que meu filho fazia pelos outros. Ele viveu intensamente a vida ajudando o próximo. Você não ouve uma pessoa dizer que ele era ruim, que negou alguma coisa", diz. >