Maestrina do Theatro Municipal morre aos 64 anos por coronavírus

Naomi Munakata estava internada em hospital paulista por conta de dificuldades respiratórias, relatam amigos

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  • Da Redação

Publicado em 26 de março de 2020 às 16:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Naomi Munakata, uma das mais importantes regentes do Brasil, morreu na tarde desta quinta-feira (26), por complicações decorrentes da Covid-19, causada pelo novo coronavírus. A maestrina estava internada desde o dia 16 de março no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, e, no dia 19, recebeu resultado positivo para a Covid-19.

Nos últimos dias, Naomi chegou a apresentar melhora no quadro clínico mas, na noite passada, teve séria piora. Membros do teatro disseram ao jornal O Globo que ela apresentava problemas respiratórios e teve uma deterioração "abrupta e inesperada do quadro clínico durante a noite", evoluindo com um quadro conhecido como choque séptico. Por volta de meio-dia, a regente não resistiu e faleceu. 

A assessoria de imprensa do Instituto Odeon, que administra o Theatro Municipal, confirmou o falecimento e a infecção por coronavírus.

Nascida em Hiroshima, no Japão, em 1955, a maestrina se mudou para o Brasil aos 2 anos de idade. Aos 4, iniciou os estudos musicais ao piano e, aos 7, começou a cantar no coral regido por seu pai, Motoi Munakata. Estudou violino e harpa e, em 1978, formou-se em Composição e Regência pela Faculdade de Música do Instituto Musical de São Paulo.

Naomi foi regente titular do Coro da Osesp por duas décadas, entre 1995 a 2015, período que passou a ser reconhecida internacionalmente. Também foi diretora e professora da Escola Municipal de Música de São Paulo, diretora artística e regente do Coral Jovem do Estado, regente-assistente do Coral Paulistano e professora na Faculdade Santa Marcelina e na FAAM. Atualmente, era maestrina titular do Coral Paulistano Mário de Andrade, do Theatro Municipal de São Paulo.

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A família do Theatro Municipal está órfã. Perdemos no dia de hoje, aos 64 anos, a maestrina titular do Coral Paulistano Naomi Munakata. Os mais sinceros sentimentos aos amigos e familiares dessa grande artista que abrilhantou nosso palco nos últimos anos. Sentiremos sua falta Naomi. Naomi Munakata iniciou os estudos musicais ao piano com apenas quatro anos de idade e começou a cantar aos sete, no coral regido por seu pai – Motoi Munakata. Estudou violino, harpa e formou-se em Composição e Regência em 1978 pela Faculdade de Música do Instituto Musical de São Paulo, na classe de Roberto Schnorrenberg. A vocação para a regência começou a ser trabalhada em 1973, com os maestros Eleazar de Carvalho, Hugh Ross, Sérgio Magnani e John Neschling. Anos depois, sua trajetória foi coroada com o prêmio de Melhor Regente Coral, concedido pela APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte. Orientada por Hans Joachim Koellreutter, complementou sua formação com estudos de regência, análise e contraponto. Como bolsista da Fundação VITAE, foi para a Suécia estudar com o maestro Eric Ericson e, em 1986, foi contemplada com uma bolsa de estudos para aperfeiçoar-se em regência na Universidade de Tóquio. Por duas décadas foi regente do Coro da Osesp e foi diretora e professora da Escola Municipal de Música de São Paulo, diretora artística e regente do Coral Jovem do Estado, regente-assistente do Coral Paulistano e professora na Faculdade Santa Marcelina e na FAAM.

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Na última semana, O Globo revelou que duas duas integrantes do Coral Paulistano, ambas com mais de 60 anos, testaram positivo para o novo coronavírus. A Fundação Theatro Municipal de São Paulo não divulgou a identidade e a função das mulheres no coro. Apenas informou que estão internadas e estáveis.

Na sexta-feira (13), depois de já decretada a pandemia do novo coronavírus pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 300 integrantes da Orquestra Sinfônica Municipal, do Coro Lírico Municipal e do Coral Paulistano se reuniram na cúpula do teatro para o ensaio da montagem Aída, ópera de Giuseppe Verdi. Integrantes da montagem presentes no ensaio reclamaram da realização do encontro. 

Após a confirmação de dois casos da doença no Coral Paulistano, o Instituto Odeon emitiu um comunicado interno aos funcionários, obtido pelo Globo. No texto, recomendou "o constante monitoramento de possíveis sintomas", uma vez que houve contato das integrantes infectadas "com parte dos corpos artísticos e equipe técnica durante os ensaios de Aída e Mahler".

Também em nota, a assessoria de imprensa do Theatro Municipal afirma que "todas as suas atividades  foram interrompidas no dia 13 de março, às 17 horas, para prevenir riscos de transmissão do vírus Covid-19 - Coronavírus". 

A decisão, segundo o texto, foi tomada logo após o encerramento da reunião em que Tuma determinou o cancelamento dos eventos em massa.