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Carmen Vasconcelos
Publicado em 17 de maio de 2021 às 12:00
- Atualizado há 2 anos
Hoje, a pauta é sua! Essa matéria foi sugerida à redação do CORREIO pela nossa assinante Regina Maria Rocha, que inclusive ajudou na apuração. Quer ter informação de qualidade todos os dias e ainda sugerir pautas? Basta assinar o Jornal Correio por apenas R$ 5,94/mês. Ela morou nos Estados Unidos, já foi modelo, é bilíngue, atua como maquiadora, com especialização em peles maduras, é antenada, articulada, tem perfil profissional no Linkedin e numa plataforma que recruta talentos maduros, mantem um perfil ativo no Instagram(@marilia62_mature_model_mu), faz inúmeros cursos, se atualiza e já atuou na ouvidoria de uma grande empresa com denúncias. Apesar de capacitada, Marília Ferreira, 62, está desde 2018 sem emprego formal. >
A pandemia só complicou as coisas porque até mesmo sua atuação como maquiadora ficou comprometida pela suspensão de desfiles, semanas de moda, casamentos e outras festas em que, geralmente, havia demanda para o trabalho. “As empresas até falam que querem diversidade, mas não conseguem efetivar essa diversidade entre as gerações”, reclama. Marília Ferreira lamanta o fato de que as empresas ainda não incrporaram a cultura da diversidade e limitam o acesso e o respeito às maiores de 50 (Foto: Divulgação) Para Marília, velhos preconceitos como aqueles que pregam que as mulheres maiores de 50 seriam mais sujeitas às doenças ou não estariam atualizadas com o universo digital não poderia ser mais equivocado. “Temos talentos perdidos ou mal aproveitados por uma mentalidade absolutamente ultrapassada”, pontua. >
Atualização>
A especialista em carreiras e sócia-diretora da Véli Soluções em RH, Margot Azevedo reforça como a atitude de Marília é positiva. “Se você é 50+ e está no mercado, assuma uma atitude de atualização constante pois as competências que te trouxeram aqui, provavelmente, são insuficientes para te levar daqui para a frente”, diz, ressaltando que a chave é “atualização”. Margot pontua ainda a necessidade de estudar e se aproximar da tecnologia. “Cuide de você, da sua alimentação, das suas relações, do seu lazer. Esteja bem com você, antenada com o contexto de mercado e vá em frente. Se você é 50+ e não está no mercado, mas quer voltar, “atualização" também é de extrema importância”, reforça. Margot Azevedo chama atenção para a necessidade das profissionais atualizarem os conhecimentos constantemente para se reinserir no mercado (Foto: Divulgação) Para ela, as mulheres maiores de 50 também precisam usar de um comportamento mais leve para entender e aceitar que uma fresta e não uma porta escancarada também é importante. “Às vezes, miramos tanto um cargo ou área que nos fechamos para outras oportunidades e o momento é de abertura para o novo. Se for um trabalho digno, em um lugar decente, considere avaliar pois você pode entrar numa empresa e, lá dentro, se desenvolver e crescer”, sugere.>
Sócia da Agência ATCom e idealizadora do perfil Linda aos 50, a empresária Suely Temporal destaca que encontrar oportunidades de trabalho em um mundo pandêmico está sendo um desafio, especialmente no Brasil onde o desemprego está em alta, mas em se tratando de nichos, é possível encontrar boas oportunidades. “Afinal, diversidade não é mais uma opção para as empresas. Tornou-se uma obrigação. O mercado hoje está aberto para pessoas com experiência e inteligência emocional. Além do mais, rapidez, criatividade e capacidade de inovar não tem relação alguma com a idade”, defende.>
Margot lembra que o mercado de trabalho para esse público varia muito e dependerá da formação, perfil e experiências. “De uma forma geral, trabalhos ligados a atendimento ao público, relacionamento com clientes, área comercial, gestão de equipes (precisa de experiência e perfil para isso), são áreas propícias. A área de beleza, saúde e RH também”, esclarece. >
A especialista em RH reconhece que a visão das empresas ainda está em processo de mudança e a experiência e maturidade profissional passaram a ser muito bem avaliados pelas empresas, desde que seja uma pessoa atualizada na área em que deseja trabalhar. “Para todos nós, o leque da empregabilidade vai se fechando à medida que envelhecemos. A única forma de não sucumbir à idade, é não envelhecer as atitudes, a vontade de aprender, a abertura para o novo, a vontade de trabalhar bem e o brilho no olhar!”, completa.>
Margot acredita que entre as maiores qualidades dessa faixa etária está o equilíbrio emocional, maturidade nos relacionamentos interpessoais, paciência, tolerância, além de uma trajetória profissional onde adquiriu experiência.>
Saída empreendedora>
Com as dificuldades de reingresso no mercado formal, muitas mulheres terminam optando pelo empreendedorismo. Suely Temporal salienta, no entanto, que para atuar no empreendedorismo, como para tudo na vida, é preciso se capacitar. “Mas a dica básica é atualizar seus conhecimentos e habilidades com a tecnologia. Sem isso não se vai muito longe”, reforça. A idealizadora do Linda aos 50 é enfática ao garantir que pessoas nessa faixa etária são mais assertivas e pragmáticas. “Não perdem tempo com informações ou fatos acessórios, vão direto ao ponto”, diz.>
Margot Azevedo lembra que se o empreendedorismo é a opção, o ideal é escolher um negócio com o qual haja identificação. “Tem que gostar, ter prazer em fazer pois empreender é fantástico, mas não é fácil. Se não houver paixão, dificilmente dá certo”, aconselha.>
Depois da escolha, vem a parte de planejamento, estudo de mercado e, para isso, a sugestão de Margot é procurar o SEBRAE ou alguma outra instituição que apoie esse processo de modelagem e implementação do negócio. “A área de empreendedorismo social, negócios de impacto está super aquecida”, finaliza. >