Mais Médicos: 70% dos brasileiros aprovam saída dos cubanos do programa

Dados foram divulgados pelo instituto Paraná Pesquisas

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  • Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2018 às 11:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Agência Brasil/CORREIO

Sete em cada dez brasileiros aprovam a saída dos médicos cubanos do programa Mais Médicos. Esse é o resultado apresentado por pesquisa do insituto Paraná Pesquisas. O levantamento indica que 70,8% dos brasileiros aprovam o descredenciamento dos cubanos do programa. 24,8%, por sua vez, desaprovam. Outras 4,3% pessoas não responderam ou não opinaram. 

Questionados sobre a percepção quanto ao preparo profissionais brasileiros com relação aos cubanos 56,7% das pessas falaram que acreditam que os brasileiros têm mais preparo do que os cubanos. Já 31,7% das pessoas dizem que cubanos e brasileiros têm o mesmo nível de preparo. 6,8%  acreditam que os cubanos tinham mais preparo. Já 4,7% não responderam ou não opinaram.

O instituto indentificou ainda que 63,6% das pessoas acreditam que todas as vagas deixadas pelos cubanos nos municípios mais distantes dos grandes centros serão preenchidas por médicos brasileiros. Já 19,5% acreditam que as vagas serão parcialmente preenchidas. Outras 13,3% falaram que as vagas não serão preenchidas. Já 3,6% das pessoas não souberam ou não responderam. 

Das pessoas ouvidas pelo instituto 54,7% indicam que o maior responsável pela saída dos médicos cubanos do Brasil foi o governo cubano. Outras 27,6% indicaram que o presidente eleito Jair Bolsonaro foi o principal respónsável. Outras 10,9% falaram que o presidente Michel Temer foi o maior responsável. Outras 1,8% falaram que a maior culpa foi dos próprios médicos cubanos. Outras 1,6 indicam que a culpa é dos médicos brasileiros. Já 3,5% não souberam ou não responderam. 

A pesquisa foi feita com 2.138 brasileiros em 172 municípios dos 26 estados além do Distrito Federal. Foram ouvidos de forma on line, segundo o insituto, pessoas acima de 16 anos entre os dias 23 e 26 de novembro de 2018. A pesquisa foi realizada a partir de questionário virtual que foram encaminhados a base de contatos cadastrada do Grupo Paraná Pesquisas a partir de mensagens eletrônicas.

A amostra de pessoas ouvidas, segundo o instituto, tinge um grau de confiança de 95,0% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 2% para os resultados gerais. Nas análises das questões por localidade, o grau de confiança atinge 95% para uma margem de erro de 3,5% para a Região Sudeste, onde foram realizadas 919 entrevistas, 4% para a Região Nordeste, onde foram realizadas 578 entrevistas, 5,5% para a Região Norte + Centro-Oeste onde foram realizadas 321 entrevistas e 5,5% para a Região Sul, onde foram realizadas 320 entrevistas.

Mudanças no programa 

Um terço dos brasileiros inscritos para substituir os cubanos no Mais Médicos abandonou vagas em seus postos de saúde de origem para atuar no programa federal. Com isso, foi criado um déficit de 2.844 profissionais em outras localidades, segundo mapeamento apresentado nesta quinta-feira (29), pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). 

Conforme os dados do conselho, das 8,3 mil vagas preenchidas pelo recente edital lançado pelo Ministério da Saúde, 34% (2 844) foram ocupadas por médicos que já atuavam em equipes do programa Estratégia Saúde da Família (ESF), e que só migraram para outro posto de saúde para poder atuar no programa federal.

Como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou na edição desta quinta, mais da metade das vagas preenchidas em sete Estados brasileiros foram ocupadas por profissionais que migraram de uma cidade para outra. Na prática, os profissionais que atuavam como servidores das prefeituras no programa ESF farão exatamente o mesmo trabalho no Mais Médicos, mas sob regime de contratação diferente.

No programa federal, eles têm bolsa de R$ 11,8 mil e auxílio mensal para pagamento de aluguel, alimentação e transporte. Nas prefeituras, o salário geralmente fica abaixo de R$ 10 mil. Minas é o Estado que mais perdeu profissionais do ESF para o Mais Médicos - 420 doutores que deixaram seus cargos nas prefeituras para vagas em outras cidades ou Estados.

Segundo o Conasems, o problema fica ainda mais grave se contabilizados todos os médicos que saíram de cargos do Sistema Único de Saúde (SUS) - e não só do ESF - para ocupar postos do Mais Médicos. O novo edital só está "trocando o problema de lugar", diz Mauro Junqueira, presidente do órgão.

"Se o médico sai de um serviço do SUS para atender em outro, o município de origem fica desassistido, independentemente se esse médico se desloca da atenção básica ou da especializada, principalmente em relação ao Norte e Nordeste, onde todos os Estados têm municípios com perfil de extrema pobreza e necessitam da dedicação desses profissionais que já estão trabalhando", disse ele, em nota no site do Conasems.

Governo O Ministério da Saúde diz que as regras do edital obrigam os profissionais que decidem migrar a ocupar postos em cidades com o mesmo nível de pobreza e vulnerabilidade.

Dados repassados pelos municípios apontam que 1.644 profissionais já se apresentaram ou iniciaram as atividades. Os profissionais têm até o dia 14 para se apresentar nas cidades onde vão trabalhar. As inscrições para o novo edital vão até dia 7. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.