Manifestação contra Bolsonaro em Salvador pede por mais vacinas

Ato concentrado no Campo Grande teve início às 10h de sábado (29) e seguiu até meio-dia

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  • Roberto Midlej

Publicado em 29 de maio de 2021 às 11:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Paula Fróes/CORREIO
. por Nara Gentil

“Vida, pão, vacina e educação”. Foi esse o grito de guerra que puxou a manifestação que ocupou o Campo Grande, a partir das 10h deste sábado (29), para pedir ao poder público melhores condições no combate ao coronavírus. Diversas entidades estiveram presentes no evento, especialmente sindicatos e organizações estudantis, como Une e Ubes. Houve também gritos pedindo "Fora Bolsonaro" durante todo o percurso, da Avenida Sete à Praça Castro Alves. Faixa com a frase "Vida, Pão, Vacina, Educação" (Foto: Roberto Midlej) “Nosso objetivo aqui é pedir vacinação, combate à fome e aumento de auxílio emergencial para R$ 600. E os movimentos negros estão aqui para denunciar racismo. Estamos aqui também pra manifestar contra o caso Atakarejo”, afirmou o professor Cristiano Lima, 40, integrante da Coordenação Nacional das Entidades Negras, Conen. Ele ressaltou, ainda, que os manifestantes estão respeitando o distanciamento e usando máscaras.

Distanciamento

No carro de som, uma pessoa demonstrava preocupação e frequentemente pedia que os demais se mantivessem distantes. “Pedimos que só viessem pessoas fora do grupo de risco. A gente se manifesta em redes sociais, mas chega uma hora que não é suficiente e a gente precisa ir para ruas. Sem abraço nem beijo, mas temos que nos manifestar”, ponderou Cristiano.

O Sincotelba (Sindicato de Trabalhadores dos Correios) também esteve presente e justificou que o objetivo era protestar contra os 450 mil mortos pelo coronavírus e contra “a ineficácia deste governo que não adquiriu as vacinas”, afirmou o funcionário público Josué Canto, 44 anos. O sindicato marcou presença, ainda, para “defender os Correios, que estão sujeitos a uma privatização sem critérios e é uma empresa estratégica”.

Gritos de "Fora Bolsonaro" foram repetidos ao longo do percurso. Gritos de guerra como "Ai, ai, ai, ai, se empurrar, o Bozo cai", também eram cantados.

O Sindprev-BA (Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado da Bahia) também teve representantes. Edson Santos, funcionário público federal de 66 anos, disse que o governo federal não prioriza a saúde pública. "Tenho colegas e amigos próximos que tiveram covid e morreram, porque não houve vacina suficiente. E precisamos de um auxílio emergencial de, no mínimo R$ 600", reivindicou Edson, que já tomou as duas doses de vacina. Ainda assim, exibia duas máscaras no rosto e mais meia dúzia no bolso. Francielle Matias, Giovanna Barreto e Hosannah Araújo, estudantes de arquitetura (Foto: Roberto Midlej) Lindalva Maria de Jesus, 58, colega de Edson, enfatizava o mesmo: "Este governo é o governo do negacionismo. A Constituição assegura saúde é direito do povo e dever do Estado. E não é com R$ 150 [valor do auxílio] que o povo vai sobreviver". Lindalva també destacou que a organização da manifestação distribuiu uma cartilha com dicas de segurança e prevenção à covid.

Minorias Militantes do movimento LGBTQIA+ também tiveram voz. O antropólogo Felipe Fernandes, 40, saiu do município de São Félix, a duas horas de Salvador, onde está isolado, apenas para participar da manifestação. "Estou aqui para reagir à forma violenta como como Bolsonaro trata as minorias, principalmente negros, deficientes e LGBTQIA+. Além disso, lida com a pandemia de forma genocida e negacionista".

Felipe ainda não havia ido a nenhuma manifestação por questões sanitárias, mas disse que desta vez se sentiu mais seguro: "Vi que divulgaram orientações de segurança nas redes e fiquei mais tranquilo para vir porque percebi que estava mais organizado que em outros casos", revelou o antropólogo, que foi sozinho, na companhia apenas de seus dois cães, da raça galgo, Kuka e Treta. "Assim, as pessoas respeitam o distanciamento", disse. Felipe Fernandes levou os cães para ajudar a manter o distanciamento (Foto: Roberto Midlej) A líder estudantil Layane Cotrim, 22, estudante de História, era uma das vozes mais ouvidas no microfone do carro principal, que seguia na frente, no comando da manifestação. "Estamos nas ruas por causa da crise sanitária e por causa das vacinas, que não chegam, enquanto uma terceira onda de covid ameaça a Bahia. Para essa manifestação hoje, adotamos critérios rigorosos, distribuímos máscaras e álcool em gel". A organização também recorreu a muitas faixas, alegando que isso serve para separar as pessoas e assim evita-se aglomeração.

A manifestação foi encerrada oficialmente por volta das 11h40, quando o carro de som principal pediu que os manifestantes se dispersassem e recolhessem as faixas. Foi pedido também que as pessoas se direcionassem às suas casas pra evitar aglomerações.

Alguns manifestantes, no entanto, permaneceram junto com outros carros de som, pedindo a saída de Bolsonaro e entidades negras continuaram se manifestando, com gritos de guerra como "Povo negro unido, povo negro forte, que não teme e a luta, que não teme a morte". Layanne Cotrim, presidente da UEB, União dos Estudantes da Bahia (Foto: Roberto Midlej) Veja a galeria de fotos e vídeos:

Manifestações contra Bolsonaro acontecem pelo Brasil

O sábado (29) ficou marcado pelos protestos por todo o País contra o presidente Jair Bolsonaro. Políticos de oposição e também a favor do chefe do Planalto começam mobilização nas redes sociais e os atos presenciais aconteceram em cidades como Brasília, Rio de Janeiro, Recife, Florianópolis e São Luiz, além de Salvador. Em São Paulo, a manifestação está marcada para 16 horas deste sábado (29).

Em seu perfil nas redes sociais, o deputado federal David Miranda (PSOL) postou um vídeo que mostra a repressão da manifestação que aconteceu em Recife. Os atos pelo Brasil estão sendo organizados por frentes sociais, como Povo sem Medo e Brasil Popular. 

Em tentativa de evitar críticas por causa das aglomerações, muitas publicações recomendam medidas de segurança para evitar o contágio de covid-19, como o uso de máscaras. Políticos também destacam que o protesto também visa a defesa da vacinação de toda a população e de um auxílio emergencial de R$ 600.

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