Manifesto por melhores condições da água em Salvador é assinado por 70 entidades

Documento aponta que houve falta de água em pelo menos 100 bairros da capital

  • D
  • Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2020 às 17:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Tiago Caldas/Arquivo CORREIO

Um documento assinado por mais de 70 organizações apontou os principais problemas do saneamento básico em Salvador neste contexto da pandemia de covid-19, em que o direito à água é essencial para combater o novo vírus. De iniciativa das faculdades de Arquitetura, Urbanismo e Engenharia da Universidade Federal da Bahia, o manifesto apresenta sugestões emergenciais para enfrentar o cenário e foi entregue à Prefeitura Municipal de Salvador, Embasa e Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia (Agersa).

O grupo apontou quatro situações que prejudicam a vida das pessoas que moram em territórios pobres, especialmente a população negra. Os problemas foram: as constantes faltas de abastecimento de água nos bairros populares desde o começo da pandemia, o que compromete a higiene individual e mesmo coletiva dessas comunidades; a precária coleta e tratamento de esgoto, que já foi apontado como possível transmissor do novo coronavírus; a deficiência na drenagem das águas da chuva, o que provoca alagamentos e surtos de dengue, zika e chikungunya e ainda a insuficiente coleta de lixo.

O levantamento produzido pelas organizações aponta que houve interrupções temporárias do serviço de água em mais de 100 bairros de Salvador, entre eles Santa Cruz/Nordeste de Amaralina, Alto da Sereia, Saramandaia, Nova Constituinte, Uruguai, Lobato, Santa Luzia, diversos outros bairros do Subúrbio Ferroviário, Cajazeiras, Sussuarana, São Cristóvão, Itapuã e diversos outros.

Para evitar que a situação da pandemia se agrave na capital baiana, as entidades dizem que é fundamental garantir esses serviços e indicam investimento nas iniciativas já em andamento, como a implantação de Pontos Comunitários de Higiene ou o #NotificaFavela, que podem minimizar o impacto nos locais com maiores riscos de contágio na cidade.

O manifesto defende que seja feita com urgência a revisão e implementação do Plano Municipal de Saneamento, que está parado pelo menos desde 2010. O documento também foi enviado à Defensoria Pública e o Ministério Público da Bahia, que também devem acompanhar a cobrança da adoção destas medidas emergenciais.CONFIRA ALGUMAS DAS SUGESTÕES EMERGENCIAIS:Clique aqui para ler o documento na íntegra 1. Garantir o perfeito funcionamento dos serviços públicos de abastecimento de água. Suspender os cortes do fornecimento e reconectar aquelas famílias que tiveram o serviço cortado.

2. Interromper, até o fim do pico da pandemia, a cobrança das contas de água até uma quantidade emergencial de 25m3 de água por mês

3. Assegurar água de forma regular, em quantidade suficiente e qualidade adequada

4. Expandir o abastecimento para as áreas não atendidas de ocupações espontâneas e periferias

5. Ativar um sistema de abastecimento de água por meio de caminhões-pipa em áreas que não dispõem de serviços públicos de água encanada ou onde o abastecimento é deficitário

6. Identificar e mapear as áreas de alto risco para transmissão do novo coronavírus, e áreas com saneamento básico precário ou ausente, além de rastrear e mapear os casos de infecção confirmados para avaliar a qualidade da água e verificar a situação dos esgotos sanitários

7. Identificar os locais com risco de contaminação com placas padronizadas

8. Realizar a etapa de desinfecção da água para abastecimento público

9. Distribuição de hipoclorito de sódio para as populações em locais com abastecimento de água precário

10. Distribuição de material de higiene pessoal e limpeza para população em situação de rua, bem como instalação de banheiros químicos e pontos d'água (pias, torneiras e bebedouros comunitários) em frente a prédios públicos e centros de transporte.