Maragojipe: Família está apreensiva com demora no julgamento do caso

Testemunhas de defesa são ouvidas nesta sexta-feira (19)

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  • Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2019 às 18:52

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

As testemunhas de defesa do caso do envenenamento de uma mãe e três filhas em Maragogipe, no Recôncavo baiano, foram ouvidas nesta sexta-feira (19). No dia 21 de agosto, a suspeita Elisângela Almeida de Oliveira será interrogada mais uma vez. Depois disso, o julgamento será marcado.

Nesta sexta, foram ouvidos a mãe de Adriane, Rosa Ribeiro; Andreza Ribeiro, irmã e tia das vítimas; uma mulher de prenome Maiara, colega da jovem; além de Wilton e Claúdia, ambos membros das igreja de Adriane. O julgamento do caso ainda não tem data marcada.

Por meio de nota, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) informou que, na quarta-feira (17), já tinham sido ouvids as testemunhas de acusação. "A ré Elisângela Almeida de Oliveira foi interrogada por vídeo conferência, no presídio, na presença de advogado de defesa e inquerida pelo juiz e promotora na Vara Crime de Maragogipe". 

Elisângela está presa no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, e é acusada de envenenar Adriane Ribeiro Santos, 23, e suas duas filhas: Greisse Kelly Santos da Conceição e Ruteh Santos da Conceição, de 5 e 2 anos, respectivamente. 

Agora, de acordo com o TJ-BA, o caso seguirá para as alegações finais, pela promotoria e pela defesa. A sentença só será prolatada após conclusão destas fases.

Família pede celeridade O CORREIO conversou com familiares das vítimas, que pedem celeridade no julgamento do caso. "Estamos correndo contra o tempo, porque a comarca de Maragojipe está para ser extinta, vai ter um julgamento sobre isso na quarta-feira (24). Se a extinção se confirmar, o que é provável, vai ficar mais difícil, porque aqui não tem juiz, o que veio é substituto, só veio fazer a audiência e foi embora", disse uma familiar.

"Se o caso não for encerrado até o dia 12 de setembro, ela (Elisângela) pode ser solta. O marido dela, que tamém é acusado, tá solto. Ele estava no processo junto com ela, mas o juiz desmembrou, disse que não podia ter réu solto, réu preso. Aí ela pode entrar com uma medida e pedir para sair, ficar em liberdade até o julgamento", completa.

O CORREIO entrou em contato com o TJ-BA para confirmar as informações, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Na quarta (17), os familiares e amigos da família das vítimas realizaram um protesto na cidade para cobrar respostas da Justiça no caso, que completará um ano neste mês. [[embed]]

Relembre o casoMãe e filhas morrerem envenenadas em Maragojipe, no Recôncavo, no ano passado. O enigma das mortes começou no dia 30 de julho, uma segunda-feira, quando a pequena Greisse Kelly Santos da Conceição, 5 anos, foi socorrida às pressas para um hospital, em São Félix, depois de passar mal. O médico que atendeu a menina contou para a TV Bahia que ela estava salivando e com hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue).

A notícia da morte da menina deixou todos surpresos com o que poderia ter acontecido. Na semana seguinte, também em uma segunda-feira (6), a irmã dela, Ruteh Santos da Conceição, 2, passou mal e foi socorrida às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Maragojipe. Ela chegou na unidade desfalecida e morreu no mesmo dia.

A mãe das duas crianças, Adriane Ribeiro Santos, 23, ainda estava se recuperando da perda das filhas quando passou mal nesta semana, também numa segunda-feira (13), e precisou ser levada às pressas para a mesma UPA, expelindo secreção pela boca, dentre outros sintomas. Ela também não resistiu.

Amiga da família, Elisângela Almeida de Oliveira é acusada do crime está presa. Segundo os investigadores, ela estaria interessada no marido de Adriane e pai das meninas, Jeferson Eduardo Brandão, 29, e isso provocou um desentendimento entre as duas mulheres. A acusada teria, então, colocado inseticida agrícola na comida das crianças e, depois, na da mãe. Elisângela nega participação no crime (Foto: Reprodução) Desde que os crimes aconteceram, Jeferson se mudou. Segundo Ana Paula, ele terminou de construir a casa que estava fazendo para morar com a mulher e as duas filhas e está vivendo sozinho. Ela contou que o irmão ainda tem problemas para dormir e continua fazendo uso de remédios. A família espera que Elisângela seja levada a júri popular.“Acreditamos na justiça. Foram três mortes, sendo duas crianças, que nem puderam se defender. Acreditamos que Deus está no comando e que assim que terminar essa audiência será marcado o júri popular”, afirmou.Elisângela conheceu Jeferson e Adriane na igreja e frequentava a casa da família. Durante a investigação, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão no local onde a acusada morava com o marido, Valci Boaventura Soares. Eles também foram acusados no decorrer do inquérito de coagir testemunhas para que não dessem informações à polícia e destruir provas que poderiam revelar o envolvimento deles nas mortes. Adriane e as filhas foram envenenadas (Foto: Reprodução) Valci foi solto em novembro por falta de provas. Já Elisângela segue presa no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. Ela nega envolvimento no crime e, em uma entrevista em outubro do ano passado, insinuou que Jeferson, marido e pai das vítimas, poderia ter cometido o crime. A polícia não acredita nessa versão. A filha e uma sobrinha dos acusados também serão ouvidas na audiência.

Em março deste ano, depois de denunciar Elisângela Almeida de Oliveira pelas mortes de uma mulher e duas crianças por envenenamento, em Maragojipe, no Recôncavo baiano, o MP-BA resolveu denunciar também o marido dela, Valci. Até então, ele era tratado apenas como testemunha. 

Em nota, o MP informou que esse foi também o motivo para o cancelamento da audiência que estava agendada para acontecer no dia 20 de março. Disse ainda que tomou a decisão de incluir Valci no processo depois de ouvir o depoimento das testemunhas na primeira sessão do caso, realizada em fevereiro.

O documento aponta que o marido de Elisângela será denunciado porque foram "constatados fortes indícios de participação do mesmo nos crimes".

Confira a cronologia do caso: Antes do dia 30 de julho – Não se sabe quando, exatamente, mas o cachorro da família foi o primeiro a morrer. O animal veio a óbito poucos dias antes da morte da primeira criança. 30 de julho – A filha mais velha de Adriane e Jeferson, a pequena Gleysse Kelly Santos da Conceição, de 5 anos, morreu após passar mal. Na época, a família chegou a imaginar que ela tinha sido vítima de uma complicação do diabetes. Ela deu entrada em um hospital salivando e com hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue). 6 de agosto – Na segunda-feira seguinte, a irmã dela, Ruteh Santos da Conceição, 2, passou mal e foi levada às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Maragojipe. Ela chegou na unidade desfalecida e morreu no mesmo dia. 11 de agosto – Em seu Facebook, Adriane fez um desabafo. “Amores❤. Eu lutarei para chegar no Céu, para abraçar vocês. #NaEternidadeVouTeVer. #GleysseKelly???? #Ruteh???? (sic)”, escreveu. 13 de agosto – Também numa segunda-feira, Adriane passa mal durante o culto e é levada ao hospital. Ela morreu já na unidade de saúde. 17 de agosto – Responsável pela investigação do caso, o delegado Marcos Veloso solicitou a exumação do corpo de Gleysse. Como foi a primeira a morrer, ela acabou sendo enterrada por "morte natural”. 5 de setembro – Depois de uma decisão favorável da Justiça, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) realizou a exumação dos corpos de Gleysse e Ruteh. 14 de setembro – O juiz Lucas de Andrade Cerqueira Monteiro, substituto da comarca de Maragojipe, assina o deferimento do pedido de busca e apreensão cumprido na residência do casal Elisângela e Valci, em Conceição da Feira. 15 de setembro – Parentes de Adriane e das filhas são ouvidos pela polícia, assim como casal Elisângela e Valci. 20 de setembro - Sete pessoas foram ouvidas pelo delegado Marcos Veloso, numa acareação. No processo, os convocados foram convidados a contar, juntos, suas versões sobre os acontecimentos. 21 de setembro – Mandado de busca e apreensão é cumprido na residência do casal Elisângela e Valci, em Conceição da Feira. 28 de setembro – A decisão que autorizou o cumprimento do mandado de busca é publicada no Diário Oficial de Justiça. 11 de outubro – Prisão de Elisângela e Valci, suspeitos de usar inseticida para matar Adriane e as duas filhas. 16 de outubro - Polícia divulga o resultado da acareação realizada com os acusados das mortes que aponta o motivo como um desentendimento entre Elisângela e Adriane, onde a primeira estaria interessada no marido da segunda. 14 de fevereiro – Acontece a primeira audiência sobre o caso, no fórum de Maragojipe. Sete testemunhas são ouvidas. 20 de março - Audiência cancelada. 27 de março: MP denuncia marido de suspeita em mortes de mãe e filhas; 17 de julho: Segunda audiência do caso foi iniciada. Suspeita, Elisângela foi ouvida por conferência, por falta de estrutura para a sua escolta; 19 de julho: Continuidade da audiência. Parentes de Adriane e pessoas ligadas à igreja frequentada por prestaram depoimento. * Com orientação da subeditora Fernanda Varela