Maragojipe: polícia interroga pessoas próximas às vítimas de mortes misteriosas

Mãe e filhas, que teriam sido envenenadas, morreram em intervalo de 15 dias

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  • Nilson Marinho

Publicado em 16 de agosto de 2018 às 17:50

- Atualizado há um ano

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A polícia ainda não chegou à conclusão do que teria causado a morte da mãe e suas duas filhas que, misteriosamente, morreram com os mesmos sintomas em três segunda-feiras seguidas, entre os dias 30 de julho e 13 de agosto, na cidade de Maragojipe, Recôncavo baiano. Mas, de acordo com familiares, pessoas próximas já foram ouvidas pela polícia. 

Adryane Ribeiro Santos, 23 anos, e suas filhas, Ruteh Santos da Conceição, 2, Greisse Kelly Santos da Conceição, 5, e Jack, o cachorro das meninas, morreram após passarem mal na casa onde moravam, no povoado de Nagé. Elas apresentaram sintomas que se assemelham a um envenenamento, de acordo com a polícia. 

De acordo com familiares, o marido, Jeferson Eduardo Brandão, 29, a irmã dele, a funcionária pública Ana Paula Brandão, 35, um casal amigo da família, a mãe de Adryane e uma amiga da vítima prestaram depoimento ao delegado Marcos Veloso, titular da Delegacia de Maragojipe, nesta quarta-feira (15). 

A equipe de reportagem do CORREIO tentou entrar em contato com o delegado, mas sem sucesso.  Mãe e filhas morreram em um espaço de tempo de 15 dias (Foto: Reprodução) Ouvidos Segundo Ana Paula, irmã de Jeferson, além dela e dos familiares, um casal próximo às vítimas também deu esclarecimentos. Eles seriam evangélicos ligados à Igreja Assembleia de Deus, a mesma que Adryane, o marido e as filhas frequentavam. 

O casal, ainda segundo ela, é natural da cidade de Conceição da Feira, também no Recôncavo, e teria conhecido a família durante um encontro religioso. Ela disse que, coincidentemente, a mulher estava presente no momento em que mãe e filhas passaram mal. Ana Paula acredita que isso pode ter levado à polícia a intimá-la para prestar depoimento. 

O delegado, em entrevista à TV Bahia, afirmou que trabalha com duas linhas de investigações, mas não deu maiores detalhes. De acordo com a Polícia Civil, ele instaurou inquérito para apurar as mortes.

O próximo passo para avançar nas investigações seria ter em mãos os laudos de necropsia do Departamento de Polícia Técnica (DPT), que deve esclarecer as causas das mortes.

A assessoria do DPT informou que o prazo para o laudo ficar pronto é de 10 dias, com chances de prorrogação caso seja preciso realizar novos exames periciais. Os peritos coletaram na casa das vítimas dois líquidos: um aparentava ser chocolate e o outro não foi informado."Eles pegaram uma amizade de novembro pra cá, mas a gente não sabe dizer quais são as linhas de investigação. O que sabemos é que ele suspeita de alguém, mas, até o momento, nada foi passado pra gente", disse Ana Paula. Abalado Outro membro da família, que preferiu não se identificar, conta que Jeferson ainda está muito abalado, sem comer, apenas ingerindo líquidos. Ele permanece calado a maior parte do tempo, com a Bíblia na mão. Às vezes faz algumas orações se indagando o que poderia ter acontecido a família.

Durante o sepultamento da esposa, conta o familiar, ele teria comentado: "Era tudo mentira, tudo mentira! O que fizeram com a minha família?""Era como se ele tivesse começado a entender, começado a desmontar o quebra-cabeça. Eu não quero julgar ninguém, mas espero que as autoridades cheguem à pessoa correta porque eu sei o que a família está passando", disse o parente ao CORREIO. O parente lembra também que antes da primeira morte, a da pequena Ruthe Santos da Conceição, 2, uma vizinha de Adryane, com quem ela teve uma pequena discussão, teria se ajoelhado na rua e falado: "Vocês vão perder o que vocês mais amam". Até o momento, nenhum suspeito do crime foi preso. 

*Com supervisão da editora Mariana Rios.