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Março de 2021 foi o menos chuvoso dos últimos sete anos

Previsão é de pouca chuva e muito calor também para os próximos meses

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 7 de abril de 2021 às 05:15

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Este ano não deu para dizer que as águas de março fecharam o verão, como na letra da canção de Tom Jobim imortalizada por Elis Regina. Contrariando qualquer poesia, março de 2021 foi o menos chuvoso dos últimos sete anos. E em oposição ao bom baianês: o cacau não caiu com força. De acordo com a coordenação de prevenção da Defesa Civil de Salvador (Codesal), enquanto a média para o mês na capital costuma ser de 156,8mm, dessa vez foram só 62,8mm. E se você acredita que é porque São Pedro guardou o aguaceiro para abril em diante, não se iluda. A previsão é de chuva abaixo do normal e muito calor para os próximos meses. 

Diferente de 2020, que superou as projeções, sendo o mais chuvoso dos últimos 36 anos, 2021 está sendo de pouca água. Em fevereiro, foram 52mm, sendo que a média pluviométrica para o mês é de 107,2mm. Março deu continuidade à tendência e o baixo volume de chuvas deve permanecer em abril, maio e junho, justamente os meses que compõem o período mais chuvoso do ano em Salvador. 

O mestre em meteorologia e professor das faculdades Área 1 e UniRuy, Ricardo Rodrigues, explica a falta de chuva. “Houve uma mudança no padrão mundial. Nós saímos de uma configuração de La Niña, que é o resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, e estamos num período de neutralidade. Estamos saindo de um período de resfriamento para um período de aquecimento, que seria o El Niño, e essa situação favorece a não ocorrência de chuvas aqui no Nordeste do Brasil”, pontua Rodrigues. 

A meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) na Bahia, Cláudia Valéria da Silva, chama a atenção para as variações climáticas que são características da região. “Março foi um mês que choveu pouco, praticamente metade do que costuma chover, principalmente se formos comparar com os últimos dois anos. Mas, se formos para 2016, março choveu praticamente o mesmo volume desse ano. O Nordeste tem essa característica de grande variabilidade de volume e intensidade de chuva”, pondera.  João e seus 'tênis de chuva' (Foto: Acervo Pessoal) O estudante João Gabriel Mota, 20 anos, mora em Ipitanga e faz faculdade em Ondina. Para ele, a chuva sempre foi um problema. “Quando chegava março, já imaginava o transtorno que seria ir para a faculdade. Lauro de Freitas sempre alaga bastante, então o problema já começa na saída de casa. As ruas ficam alagadas, os pontos de ônibus ou não têm cobertura ou não têm espaço para todo mundo e o guarda-chuva não adianta porque o vento leva. Aí, quando chegava em Salvador, mais problemas, porque tem lama das obras inacabadas e muitos buracos”, relata.

João já percebeu a mudança no padrão de chuvas e se diz aliviado por não ter que enfrentar este ano os transtornos que os aguaceiros provocam nas ruas. “Por enquanto, está chovendo pouco. E, de qualquer forma, estou em atividades remotas, então é um alívio saber que não vou precisar passar por tantos perrengues por conta da chuva. Até porque, quando chove, as janelas do ônibus vão fechadas para não molhar, o que pode aumentar a contaminação da covid-19. O tênis de guerra, que sempre uso para dias chuvosos porque não encharca, vai ganhar uma folguinha”, completa ele. 

Como ficam os próximos meses? De acordo com o especialista em meteorologia, Ricardo Rodrigues, as previsões apontam que, em abril, maio e junho, as chuvas serão abaixo do esperado. “O nosso período chuvoso vai ter uma redução de chuva. Essa situação deve se prolongar até, ao menos, maio e junho, e nós não vamos ter aquela chuva que normalmente temos e até queríamos que tivesse. Então, vamos, sim, ter eventos de chuvas intensas mais para a frente, mas ainda sem datas específicas e sabemos que serão eventos em um curto período de tempo e maior intensidade”, pontua. “Por enquanto, há uma mudança na estrutura das circulações atmosféricas no planeta como um todo e, aqui no Nordeste, esse sistema está influenciando significativamente. Estamos tendo um bloqueio do avanço dos sistemas frontais que deveriam já estar chegando nessa época do ano e causando chuvas em Salvador, Região Metropolitana e Recôncavo Baiano”, finaliza Rodrigues.A meteorologista Cláudia Valéria faz o alerta: “Independentemente de ser um ano mais ou menos chuvoso, esses meses formam o pior período que temos em relação às chuvas mais intensas, que acabam trazendo uma série de problemas e transtornos para a nossa cidade. Justamente por isso, a Codesal faz a Operação Chuva nesse período do ano e precisamos sempre ficar atentos”.  

De acordo com informações da Codesal, a partir dos próximos dias de abril, já haverá chuvas mais frequentes em Salvador, mas o volume dos próximos meses deve ser abaixo do obtido no mesmo período dos anos anteriores.

A média para o mês de abril é de 295,7mm. A previsão, até hoje, é de céu claro a parcialmente nublado com pancadas de chuvas fracas e isoladas, a qualquer hora do dia. Entre amanhã (08) e sábado (10), chuvas fracas, por vezes moderadas, a qualquer hora do dia. No domingo (11), a presença de uma massa de ar quente e seco reduzirá as chances de chuvas na capital. As temperaturas nesse período devem variar entre 24º e 32º. 

Como parte da etapa de Alerta da Operação Chuva 2021, a Codesal já está cadastrando gratuitamente qualquer cidadão que deseja receber informações e avisos meteorológicos. Para isso, basta enviar SMS para o número 40199, informando apenas o CEP. A Defesa Civil mantém plantão 24 horas e atende as demandas da população pelo telefone gratuito 199.  Soteropolitanos acharam que iriam se livrar do 'mormarço', mas abril também promete quentura no juízo (Foto: Paula Fróes/CORREIO) Calor ainda vai incomodar Você já deve ter reclamado do calor nas últimas semanas e sentido a falta do vento característico do litoral. De acordo com especialistas, março e abril costumam ser meses de temperaturas mais elevadas em Salvador e estamos vivendo um período mais quente e seco, mas tudo dentro da normalidade, garantem.

Segundo o meteorologista da Codesal, Giuliano do Nascimento, esse calor todo é consequência da variação de pressão. “Com o bloqueio atmosférico que estamos enfrentando, há a manutenção de uma massa de ar quente e seco que provoca temperaturas elevadas”, explica.

O mestre em meteorologia Ricardo Rodrigues complementa e ressalta que o calor ainda deve incomodar por um tempo: “Por conta desse bloqueio, que impede a formação de nuvens e, consequentemente, de chuvas, há uma maior incidência de energia solar. Isso leva ao aquecimento e, de fato, ainda vamos enfrentar mais dias quentes pela frente”. 

Sem a possibilidade de se refrescar nas praias e piscinas por conta do distanciamento social, o calor complica a rotina de muita gente. Esse é o caso do estudante Maurício Filho, 23 anos. “Minha casa tem uma ventilação ruim, mas até dá para levar. Nessas últimas semanas, no entanto, a coisa está bem complicada. O calor está demais!”, desabafa. 

Para Maurício, está difícil lidar com o excesso de suor em casa e também no estágio, sendo que a pandemia deixa tudo ainda pior. “Não consigo ficar em outros cômodos da casa, somente no meu quarto, por causa do ventilador. Na última semana, passei até a almoçar no quarto. E, no meu trabalho, a gente normalmente deixa a porta aberta e desliga o ar condicionado por causa do risco de contaminação. Então eu fico suando demais, a máscara fica encharcada; é um desconforto muito grande”, completa.

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro