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Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2021 às 10:39
- Atualizado há 2 anos
Em janeiro de 2020, um caroço grande e vermelho surgiu no pescoço da pequena Isabella Quinane. Preocupada, sua mãe, a dona de casa Jaqueline Santos, 37, levou a filha a um hospital de Serra do Ramalho, para investigar. Foi quando descobriram que a menina tinha um tumor no abdômen e que precisava ser encaminhada para Salvador. >
“Aqui, em Salvador, descobriram que minha filha precisava de um transplante de medula óssea. No começo cogitaram mandar a gente ir para outro estado, mas seria longe de tudo, da família, sem falar no custo”, explica a mãe. Todas as dificuldades citadas por ela foram evitadas porque Jaqueline pôde fazer o transplante no Hospital Martagão Gesteira.>
Desde outubro do ano passado, o Martagão passou a realizar transplantes de medula óssea (TMO) em crianças. No estado, pelo SUS, a instituição é a única a fazer esse tipo de procedimento na faixa etária pediátrica.>
“Foi uma sensação de alívio poder fazer no Martagão, por estar mais perto da família, poder ter ajuda dos parentes. Minha esperança é de ela já estar curada e continuar assim. Eu ainda tenho outro filho, de dez anos. Desde que viemos para Salvador, não vejo ele. Sinto muita saudade”, acrescenta a dona de casa, que mora com os dois filhos em Bom Jesus da Lapa.>
Isabella, que tem neuroblastoma no estágio IV, fez o TMO no final do mês de novembro e tem reagido bem, segundo a oncopediatra do Martagão Natália Borges, especialista na área. A menina é a 10ª paciente beneficiada com o serviço médico, desde o início do programa de TMO do Martagão. Ela recebeu alta nesta terça-feira (7) e continuará sendo atendida no hospital, para dar seguimento ao tratamento.>
O presidente da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil (entidade mantenedora do Martagão), Carlos Emanuel Melo, afirma que a realização do 10º TMO é uma vitória para a saúde publica do estado e para a instituição, que é referência em pediatria.>
“Há muitos anos que temos a intenção de expandir os serviços médicos oferecidos para a área de transplantes. Sabemos que não é um serviço barato, mas isso não nos impediu de chegar no lugar onde as crianças baianas precisam de saúde. Esse é o principal objetivo do Martagão”, ressalta.>
Cada TMO custa, em média, R$ 80 mil, sendo que R$ 30 mil são repassados pelo SUS. Os R$ 50 mil restantes são obtidos por meio de parcerias e doações. A continuidade do programa é motivo de preocupação para os diretores da Instituição. “É um desafio que enfrentamos. Não é fácil. Recentemente, tivemos o apoio do Instituto Ronald McDonalds, com a campanha do McDia Feliz que vai nos ajudar a fazer mais uns 8 ou 10 transplantes, mas a nossa preocupação é com a continuidade do programa de TMO do Martagão. Precisamos vislumbrar uma saída que possibilite a manutenção do programa, com um financiamento regular”, acrescenta.>