'Matou por uma cerveja. Que monstro é esse?', diz viúva de jogador morto

Segundo a família, assassino está há 1 ano na PM; crime foi no Rio Vermelho

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 7 de novembro de 2017 às 19:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Almiro Lopes/CORREIO
Familiares se desesperaram durante adeus a jogador amador por Foto: Almiro Lopes/CORREIO

Uma despedida emocionante. Foi assim que familiares e amigos definiram o sepultamento do jogador de basquete amador Edinei Moreira Bahia, 30 anos, ocorrido na tarde desta terça-feira (7). Algumas pessoas passaram mal e precisaram ser atendidas por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O jogador morreu depois de ser baleado no peito, na madrugada de domingo (5), no Largo de Santana, bairro do Rio Vermelho, em Salvador. 

Durante o cortejo antes do sepultamento, a viúva Janecleide Santos, 27 anos, desabafou e pediu para que o caso não fique impune. "Ele matou meu marido por causa de uma cerveja. Que tipo de monstro é esse? Quero justiça", declarou."Vinte mil caixas de cerveja eu te dava, seu desgraçado. Você não tem mãe, você não tem pai, você não tem filho não, seu idiota, seu desgraçado. Vou até o fim", continuou a viúva, revoltada.

Eram 16h10 quando o corpo deixou a capela 2 do cemitério Quinta dos Lázaros, na Baixa de Quintas. A família tinha planejado, inicialmente, realizar o sepultamento no Rio de Janeiro, onde Edinei morava e a mesma cidade em que o corpo do pai dele está enterrado, mas mudou de ideia. 

Segundo a família de Edinei, o autor do crime é um policial militar que está há menos de 1 ano na corporação. Apesar do pouco tempo no cargo, ele já responderia a um processo por agressão a um vizinho, no qual teria dado uma coronhada.

O jogador foi baleado depois de uma confusão por causa de um balde de cerveja, em uma boate, bem ao lado do Largo de Santana. Os amigos que estavam com a vítima disseram que o atirador estava bêbado e armado.

[[galeria]]

A mãe de Edinei, Vanda Moreira, 50, precisou ser amparada durante toda a cerimônia. Ela deu as mãos à nora, Janecleide, e as duas caminharam juntas até a quadra onde o corpo foi sepultado. Na despedida ao filho, diante da gaveta onde o caixão foi deixado, ela desmaiou e foi atendida por equipes do Samu. Emocionada, a mulher pediu por justiça. 

"Esse policial tem que ser preso. Quero saber cadê os deputados, porque se fosse um filho deles, o que eles fariam? Hoje foi meu filho, amanhã pode ser o deles. Eu quero que tenha justiça, é só isso que eu quero: justiça para meu filho", disse. Edinei com a mulher e o filho de 4 anos (Foto: Reprodução/Arquivo da família) Filho No vai e vem de pessoas chorando e se despedindo do jogador, uma cena chamava a atenção. Vestindo uma camisa verde, um menino de 4 anos, passeou de braço em braço entre os familiares, mas parecia não estar entendendo o que estava acontecendo. Ele também se chama Edinei e é filho da vítima. O pai e a mãe do jogador moravam no Subúrbio Ferroviário até 2007, quando mudaram para a Vila Madalena, no Rio, em busca de uma vida melhor. A última vez que o menino viu o pai vivo foi na sexta (3), quando Edinei embarcou para Salvador. 

[[publicidade]]

O motorista Daniel Abraão, 37, que dirigiu por 24h para trazer a família para o enterro, contou que durante a viagem o menino, por um momento, pareceu perceber o que acontecia à sua volta. "Ele disse 'o meu pai está com meu avô nas estrelinhas'. Foi muito emocionante porque ele é uma criança, uma criança que vai crescer sem o pai por causa de uma pessoa irresponsável", comentou Abraão. Depois que o caixão deixou a capela, a viúva Janecleide pediu para que a família deixasse ela seguir o cortejo. Eles temiam que ela não conseguisse chegar ao final, e ela precisou ser carregada em alguns momentos. Mesmo emocionada, a viúva reforçou o pedido da sogra e clamou por justiça.

O cortejo foi interrompido por conta da falta de um documento, mas continuou cerca de 30 minutos depois.  Edinei foi campeão estadual de basquete amador no Rio de Janeiro, em 2011 (Foto: Reprodução) Viagem Edinei veio a Salvador para participar de uma partida de basquete amador. Na sexta, quando chegou, visitou alguns amigos de infância e foi na praia. 

No sábado, participou da partida contra o time de basquete de Periperi, no ginásio do Iceia, no Barbalho. A equipe dele venceu, classificando o Núcleo de Basquetebol da Bahia para as semifinais, e à noite ele e mais cinco amigos saíram para comemorar. Amigos de Ednei Bahia se unem em oração e homenagem à vítima, logo após enterro (Foto: Gil Santos/CORREIO) O grupo foi ao Imbuí e, por fim, ao Rio Vermelho, onde Ednei foi baleado. Ele foi socorrido com vida para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu ao ferimento. O caso está sendo investigador pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia Civil não deu detalhes sobre a investigação do crime, não divulgou o nome nem a foto do suspeito.