'Me acorda desse pesadelo', diz mãe de menina estuprada e morta

Um adolescente de 17 anos, que mora próximo à família, é o principal suspeito do crime

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  • Raquel Saraiva

Publicado em 18 de maio de 2018 às 19:04

- Atualizado há um ano

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A comoção pela morte de Milena Alves, 10 anos, levou centenas de pessoas ao enterro em Camaçari, na região metropolitana de Salvador. A mãe da menina, Ana Conceição Alves, teve de ser amparada desde o início do velório. "Me acorda desse pesadelo, eu não sei o que fazer", lamentou a mãe para uma amiga, pedindo em seguida para as pessoas orarem por Milena.

A garota foi estuprada e morta na casa onde morava com a mãe e o irmão de 4 anos, no bairro Gleba A. O corpo da vítima foi encontrado pela mãe na quinta-feira (17), por volta das 17h30, com marcas de asfixia. "Eu e ela éramos duas em uma, a gente conversava só no olhar. E agora acabou".

De acordo com fontes da Polícia Civil, um adolescente de 17 anos, que morava numa casa próxima à da família, é o principal suspeito do crime. Ele está foragido. Foto: Almiro Lopes/CORREIO Milena foi descrita por amigos e conhecidos como uma menina tímida e inteligente. "Ela era muito educada, muito responsável e muito madura, até no jeito de falar, a gente percebia. Era a criança mais comportada que ia lá em casa", disse uma vizinha de 16 anos, irmã de uma das amigas de Milena.

Vizinhos destacam também o cuidado que a mãe tinha com a filha. "A mãe era tão cuidadosa, nunca deixava ela ficar muito tempo lá em casa", disse a jovem de 16 anos.

A psicóloga Gisa Benevides, 34, estava emocionada no enterro. Ela conta que não conhecia a menina, mas compareceu ao velório para prestar apoio à mãe. "Sou mãe e mulher, é o suficiente para eu estar aqui. Eu tô arrasada." Ela conta que psicólogas da cidade entraram em contato com a chefe da Ana se colocando à disposição para ajudá-la.

Milena costumava sair de casa pela manhã para ir à escola com a mãe e voltava por volta das 12h no ônibus da prefeitura.

Ela ficava em casa sozinha durante a tarde, enquanto a mãe estava no trabalho, e saía por volta das 16h30 para buscar o irmão de 4 anos. Mãe da menina prestou depoimento na manhã desta sexta-feira, 18 (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Suspeito A delegada Maria Tereza, titular da Delegacia de Homicídios de Camaçari, preferiu não dar mais detalhes sobre o suspeito foragido de 17 anos, para preservar o andamento das investigacões. "Temos um suspeito, sim. Os investigadores estão na rua e, assim que efetuarmos a prisão, nós o apresentaremos para a sociedade", disse a delegada.

Um inquérito foi instaurado, para apurar as circusntâncias e a autoria do crime. A delegada afirma que o crime ocorreu por volta das 14h. Peritos que estiveram no local contaram havia muita pele embaixo das unhas da menina, o que mostra que Milena resistiu ao ataque.

"Tem sinal de arrombamento. A princípio, o autor tinha em mente e sabia o que fazer no imóvel. Não era roubar. Ele devia saber que ela passava a tarde sozinha e aproveitou esse horário para fazer esse mal", explicou José Alves Bezerra Jr, diretor do DHPP.

Indignação Ana disse estar sentindo muito ódio. "Foi bárbaro e cruel! Prometo que ele vai pagar, filha!", disse. Ela fez questão de levar o pequeno caixão branco da menina. "Mila, eu tô com você. Mamãe te ama. Vai com Deus. Você não vai sair da minha vida nunca, meu amor."

A locatária da casa onde Milena morava confirma que a família estava morando há pouco tempo no local. "Eles já tinham morado lá, mas se mudaram na época em que ela se separou. Recentemente, Ana conseguiu um emprego e voltou por causa das crianças".

Um vizinho também conta que a família se mudou há cerca de seis meses para a casa onde Milena foi morta. "A mãe disse que achava essa casa mais segura que a outra."

Outro vizinho teria ouvido gritos na casa no início da tarde de quinta. "Ele disse que ouviu alguém gritar 'mainha, mainha', e depois não ouviu mais nada. Ele não imaginou que fosse algo assim, agora tá se sentindo culpado, tá arrasado", conta uma pessoa próxima a ele.

Vale destacar que 18 de maio, um dia após o crime, é a data nacionalmente dedicada ao Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.