'Me sinto preparado, com a cara do Vitória', diz Carlos Amadeu

Novo técnico do Leão realiza sonho, mas terá missão dura pela frente

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  • Vitor Villar

Publicado em 7 de agosto de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho / CORREIO

A relação entre Carlos Amadeu e o Vitória tem tudo para completar uma década agora. O novo técnico rubro-negro já teve a Toca do Leão como casa por nove anos e seis meses. Primeiro de 1991 a 1995, quando iniciou a carreira nas categorias de base do clube.

Amadeu retornou em 2009 e ficou na base até maio de 2015, quando assumiu a seleção brasileira sub-17. Deixaria na Toca um título, o da Copa do Brasil sub-20 em 2012, e dois pupilos: seu filho mais velho, treinador do sub-15, e o caçula, atleta da categoria.

Esse histórico comprova: o soteropolitano de 53 anos está sentindo-se bem em casa na sua primeira experiência como técnico de um time da categoria principal: “O sonho de treinar uma equipe profissional, eu sabia que seria o Vitória. Era inevitável”, refletiu na terça-feira (6), em sua apresentação à imprensa.

“Poderia ter acontecido há muitos anos, mas creio que Deus dá o momento certo. Me sinto mais preparado e com a cara do Vitória. Um cara que trabalhou aqui desde 1991 e viu o clube ser reconstruído, se tornar um clube formador. Tenho orgulho de fazer parte desse DNA”, disse.

A missão de Amadeu Amadeu assinou contrato até dezembro e terá uma missão pesada: tirar o Vitória da zona de rebaixamento da Série B. O Leão tem somente 11 pontos na tabela de classificação em 14 rodadas.

Missão que já queimou dois técnicos na Série B: Claudio Tencati e Osmar Loss. Amadeu será o quarto treinador do Vitória em sete meses, já que o começo do ano teve Marcelo Chamusca no comando.

“As vitórias. É isso o que vai nos fazer permanecer no cargo. A gente conhece a cultura do futebol brasileiro e precisamos, gradativamente, mudar. Mas, enquanto não mudamos, temos que conseguir o resultado. Nesse sentido, dá até para controlar a performance da equipe através dos treinamentos, mas não o resultado”, observou.

Na pressão O primeiro desafio de Amadeu já será na pressão, diante da torcida. Será no sábado (10), às 19h, contra o Paraná.

Para o comandante, não há problema algum: “Quem não aguenta pressão não pode trabalhar no Vitória, no futebol brasileiro e baiano. O torcedor tem uma identificação comigo. Se sente representado por um baiano, por uma pessoa que veste a camisa do clube, que conhece o clube, que tem raiz, o seu DNA. Uma pessoa que se preparou para isso. Que passou por todas as categorias do clube”.

Para não perder tempo, Amadeu já começou o trabalho no Vitória com um coletivo tático pouco depois de ser apresentado à imprensa.

Histórico Ex-lateral-esquerdo criado na base do Bahia, subiu ao time principal aos 19 anos. Foi campeão baiano em 1984. Teve que aposentar aos 23 anos por conta de uma fratura exposta no antebraço, que lhe custou três cirurgias.

Os primeiros passos na função de treinador, porém, foram dados no Vitória, graças a uma aposta de Paulo Carneiro, então presidente do clube. Foi contratado como técnico da base. Agora, voltará a trabalhar com o mandatário.

Saiu da Toca em 1995. Em 2000, foi trabalhar na base do rival, Bahia. Em 2005, assumiu o time profissional interinamente e permaneceu como auxiliar técnico.

Em 2009, voltou à base do Vitória, agora na presidência de Alexi Portela. Nos anos seguintes, viveu o seu melhor momento. O ponto alto foi o título, em 2012, da Copa do Brasil Sub-20 com uma geração que teve Mansur, Edson Magal, Gabriel Soares, Arthur Maia e Willie.

Na época do sub-20, Amadeu teve que assumir interinamente a equipe principal em duas oportunidades, todas de crise como a atual. Em 2014, ano do rebaixamento à Série B, comandou o time frente a Palmeiras e Atlético-MG após a saída de Ney Franco, com duas derrotas.

Em 2015, após Ricardo Drubscky sair, assumiu de novo para três partidas, todas vitórias: sobre o Colo Colo, Serrano e Confiança. Pouco depois, foi convidado pela seleção brasileira sub-20.

“Sempre militei nas categorias de base, mas sempre estive atualizado. Em 2014, era treinador do sub-20 e apenas fiz dois jogos em uma mudança de técnico. Fui interino em 2015. Estou realizando um sonho, é uma grande oportunidade. As pessoas sempre falam: na dificuldade é que nasce uma oportunidade. Estou tendo essa oportunidade”, concluiu.