Melhoria na gestão levou a Pizzalinha a faturar R$ 1,2 milhão por ano

Na 3ª reportagem da série sobre erros corporativos conheça a história de Ana Paula e Eduardo Mônaco, que empreenderam na crise como uma alternativa ao desemprego

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  • Priscila Natividade

Publicado em 19 de março de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO

Depois de perder o emprego, a solução que Ana Paula Mônaco encontrou junto com o marido Eduardo Mônaco foi empreender. Isso aconteceu em 2012, quando a pior crise econômica do Brasil começava a dar seus primeiros sinais. Naquele ano, 787 mil postos de trabalho foram fechados na Bahia, números que pioraram no auge da crise e ainda afetam mais de 12 milhões de brasileiros na atualidade. 

Assim, a história de Ana Paula e Eduardo espelha a de inúmeros trabalhadores que, nos últimos anos, foram empreender por necessidade e enfrentaram dificuldades advindas pela falta de experiência e planejamento. O casal está no centro da terceira reportagem da série O Que Aprendi com meu Erro, que destaca a experiência de profissionais e empreendedores no caminho para o sucesso. 

Ana Paula e Eduardo gostavam de cozinhar e, por isso, abrir um restaurante pareceu um bom negócio. No entanto, a tarefa não era tão fácil, como lembra a proprietária da Pizzalinha, Ana Paula Mônaco: “As noites de pizza ‘com os amigos’ vieram a se transformar em ‘pizza para amigos’. A gente tomou muita porrada na Pizzalinha e tivemos que aprender muito para chegar onde a gente está. Existia o espírito empreendedor, mas também tinha inexperiência com contratação de funcionário e gestão de estoque - as cerveja estouravam todas no freezer. Foi um prejuízo em torno de R$ 1,5 mil, que para o inicio era uma quantia representativa”, lembra a empresária. 

Localizada no bairro de Stella Maris, a pizzaria é conhecida pelas massas à base de legumes, grãos e vegetais com baixo teor de glúten. Até chegar a faturar um R$ 1,2 milhão por ano, o caminho foi de choro, medo e incerteza.“Perdi meu emprego de gerente de vendas em uma grande distribuidora de alimentos e tinha que escolher o meu novo rumo. Tivemos dificuldades de achar profissionais experientes e qualificados para cada setor, pois recebemos indicações de amigos e conhecidos. As finanças pessoais também acabavam se misturando com as da empresa. Eu sentava e chorava todo dia pensando em desistir”, conta. Transformação

As lágrimas serviram para ajudar a enxergar os problemas do negócio, como destaca Eduardo Mônaco, que mudou de carreira e saiu do emprego para apostar na retomada da Pizzalinha.  “Aquela velha máxima de que aprendemos com nossos erros é a pura verdade. Foram eles que nos fizeram buscar capacitação e melhoria contínua. Nos momentos mais difíceis é que temos que nos reinventar”, afirma. 

Aprender a equilibrar os custos fez toda a diferença. “O mercado está cada vez mais competitivo. O consumidor está mais cauteloso em como gastar o seu suado dinheirinho. Hoje ele busca uma experiência que valha a pena, que seja ímpar, com o preço justo e nós entendemos isso”, acrescenta ele. 

O negócio saiu então dos fundos de casa e se profissionalizou quando a unidade Stella Maris foi inaugurada em 2014. “Do nosso início para a estrutura de hoje, o fundamental foi a busca constante por qualificação. Foquei em treinamento. Sabíamos que com conhecimento e uma equipe bem treinada a nossa chance de sucesso seria bem maior. O Sebrae me acolheu e foi aí que eu aprendi a lidar com funcionário, fornecedores e gerenciar a empresa”, pontua Ana Paula. 

Os empresários passaram a entender que o que deveria sair do forno a lenha era um produto que suprisse a demanda dos clientes e não algo que só atendesse aos desejos e necessidades de seus donos.“Outro grande erro é somente confiar em pessoas e esquecer os processos. Muitas vezes somos tentados a buscar uma mão de obra mais barata e não especializada para reduzir custo, mas se seu foco é qualidade isso pode ser um tiro no pé”, diz.Mais uma lição: não dá para pular etapas. “Levamos dois anos de muita luta e suor pra construir a Pizzalinha. Um bom planejamento e uma gestão focada nos detalhes foi fundamental. Aprendemos que todo negócio necessita de tempo de maturação e querer pular isso pode trazer consequências desastrosas. A gente aprendeu um bocado e continua aprendendo. O aprendizado é diário”. 

'A capacitação dá subsídios para resolver da melhor forma todas as exigências que o négócio traz',  pontua o especialista Luciano Castro (Foto: Divulgação/ Ascom FTC)

Lição corporativa por Luciano Castro

A situação vivenciada por Ana Paula e Eduardo é um exemplo típico de problemas enfrentados pelos empreendedores brasileiros, pois eles decidiram montar um negócio após perderem o emprego e, na urgência da obtenção de uma nova fonte de renda, inverteram a ordem básica do bom empreendedor.  Primeiro montaram o negócio e depois realizaram a capacitação, que só foi buscada quando começaram a surgir os problemas. A capacitação dá subsídios para resolver da melhor forma todas as exigências que o negócio traz e suas respectivas especificidades. A lição que eles tiram dessa experiência é que, sem planejamento e preparo adequado, todo negócio passará por problemas sérios, podendo, inclusive, culminar no fechamento. Uma orientação importante para quem deseja montar uma empresa é que sempre busque se qualificar da melhor maneira possível para administrar o seu negócio. Existem programas de capacitação empresarial oferecidos por Instituições com know-how no processo de empreendedorismo, a exemplo do Sebrae. Nesses cursos, o empreendedor, além de aprender características próprias do negócio desejado, poderá adquirir conhecimento, por exemplo, sobre exigências legais aplicadas às empresas, controle financeiro e de estoque, dentre outras questões.

Luciano Castro é mestre em Tecnologia Aplicáveis a Bioenergia e coordenador do MBA em Gestão Estratégica Empresarial e do curso de Graduação em Administração da FTC Paralela.