Mestre King, o mestre dos mestres

por Vavá Botelho

  • D
  • Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2018 às 10:27

- Atualizado há um ano

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Quando iniciei a minha vida nos palcos baianos, com o grupo folclórico Viva Bahia, dirigido pela professora Emília Biancardi, havia uma lenda viva sobre a qual eu ouvia sempre estórias, feitos e causos que atiçavam a minha imaginação. Era como se naquelas rodas de bate-papo pós ensaios os colegas estivessem falando sobre o "gigante do pé de feijão", ou sobre "Hércules", ou sobre todos os gigantes que habitaram de verdade, ou não, a nossa terra. Sempre que a conversa girava em torno do mesmo assunto eu me acomodava no canto, preparava os ouvidos e me entregava aos sonhos. Mestre King (Foto: Reprodução) Estava na hora de parar para viajar nas aventuras do Mestre King. E assim eu ia construindo a figura desse personagem, lenda da dança baiana, na minha imaginação. Às vezes duvidava da sua existência,  achando que não passava realmente de conversa de dançarino-pescador.

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Até que um dia fui convidado para ir ao Pelourinho assistir um show folclórico no anfiteatro do Sesc. Era a oportunidade para desvendar o grande mistério. Ao chegar lá, a minha expectativa que já  era enorme, tornou-se insustentável dentro de mim. O castelo realmente existia, mas, e o gigante,  onde andava? De repente vejo um séquito se aproximando e um rei sendo cortejado no seu meio. Seria esse o gigante? O grupo se aproximou,  passou por mim e seguiu pelos bastidores da arena do anfiteatro. Daí eu vi que o gigante realmente existia e não era só gigante, mas era também um KING, um rei, o dono da dança na Bahia. Mestre King só andava em séquito,  acho que nunca o vi sozinho, sempre estava arrodeado de admiradores ou alunos. Vavá Botelho (Foto: Divulgação) Anos depois,ao fundar o Balé Folclórico da Bahia,  passei a entender mais ainda a sua importância.  Sempre que fazíamos uma audição para entrada de novos bailarinos na companhia perguntava aos candidatos sobre suas experiências e todos traziam a referência do Mestre King. Era o nosso fornecedor de matéria-prima oficial. E assim,  30 anos de caminhos percorridos com o BFB continuamos usufruindo do seu legado e dos seus frutos. Ele ainda é a grande referência para a dança afro-brasileira em nossa terra, e não há um sequer que não carregue no sangue seu DNA.

Vavá Botelho é fundador, diretor geral e coreógrafo do Balé Folclórico da Bahia