'Meu pai só morreu porque é pobre', diz filho de nordestino vítima do coronavírus

Idoso vagou por três centros médicos em quatro dias antes de receber diagnóstico correto

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  • Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2020 às 12:50

- Atualizado há um ano

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A falta de uma assistência médica de qualidade corroborou para a morte da primera vítima do novo coronavírus em Alagoas. Segundo o UOL, o homem de 64 anos passou passou quatro dias de peregrinação entre a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jacintinho, o HGE (Hospital Geral do Estado), e a UPA do Trapiche da Barra, todos localizados em Maceió, esperando uma vaga em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em hospital especializado.

Atualmente, Alagoas tem uma morte e 18 casos oficiais para a covid-19. No Brasil, o balanço divulgado ontem pelo Ministério da Saúde apontou 201 mortes no país, com 5.717 casos oficiais.

O filho da vítima, que não teve o nome divulgado pela reportagem, diz que vinha sofrendo preconceito e relata que, por três dias, levou o pai para a UPA do Jacintinho, na periferia de Maceió, mas o diagnóstico não foi dado corretamente. 

Segundo ele, o primeiro parecer médico foi infecção na garganta. Por três dias seguidos, ele levou o pai à UPA do Jacintinho porque os sintomas na vítima só pioravam e o filho até cogitou com os médicos que atenderam o idoso a possibilidade do novo coronavírus. "Olhei na internet e os sintomas eram parecidos", recorda.

"Depois da infecção na garganta os médicos disseram que meu pai estava com infecção pulmonar. A médica disse que não tinha necessidade de ele ir para um hospital. O quadro dele só piorava, ele não conseguia respirar", relata o filho da vítima. "Pesquisamos um hospital que poderia internar meu pai em UTI, que seria o hospital Elvio Auto, mas levaram da UPA do Jacintinho para o HGE, na sala 1. Horas depois, meu pai foi transferido para a UPA do Trapiche, onde estava com sintomas claros de Covid-19", contou ao UOL.

A família do paciente ainda tentou pagar a internação em hospital particular, mas não tinha dinheiro suficiente. 

"Meu pai morreu porque é pobre, porque atendimento foi fraco, precisava de suporte avançado de UTI. Não era para ter morrido. Se ele tivesse ido para uma UTI, ele tinha sobrevivido. Infelizmente, foi deficiência de uma UTI, não teve assistência médica intensiva adequada", lamentou.