Militantes mortos durante a ditadura serão homenageados em SP

Um ipê será plantado em homenagem a cada militante

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  • Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 14:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Rovena Rosa/ Agência Brasil

Trinta e um militantes políticos mortos durante o período da ditadura militar no Brasil serão homenageados com uma placa de memória que será instalada na tarde de hoje (4) no Cemitério de Perus, em São Paulo. Esta será a primeira de três cerimônias de inauguração de placas de memória que vão homenagear, no total, 53 vítimas da ditadura em São Paulo. Além do cemitério de Perus, também serão instaladas placas de memória nos cemitérios de Campo Grande e da Vila Formosa.

A homenagem é promovida pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente e pelo Serviço Funerário do Município de São Paulo. Além das placas, também será plantado um ipê em homenagem a cada um dos presos políticos mortos durante a ditadura.

Placas

No cemitério da Vila Formosa, na zona leste da capital, haverá uma placa lembrando os 19 presos políticos que foram mortos durante a ditadura e enterrados no local. No cemitério Campo Grande, na zona sul, serão homenageados mais três presos políticos.

Mesmo que grande parte dos restos mortais desses militantes jamais tenham sido identificados, a homenagem será realizada tendo como base documentos encontrados no próprio cemitério ou registros achados pelos familiares ou pelas comissões de mortos e desaparecidos que atestam que eles foram sepultados nesses locais.

Vala

A vala clandestina de Perus foi aberta em setembro de 1990 durante a gestão de Luiza Erundina na prefeitura paulistana. No local foram encontradas 1.049 ossadas sem identificação de vítimas de esquadrões da morte, indigentes e de presos políticos.

Na época, a prefeitura determinou a apuração dos fatos e fez um convênio com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para a identificação das ossadas. Os trabalhos na Unicamp conseguiram identificar apenas 12 pessoas. O trabalho foi interrompido e, em 2002, as ossadas foram levadas para o Cemitério do Araçá, na capital paulista, sob responsabilidade da Universidade de São Paulo (USP).

Em 2014, uma parceria da Secretaria Especial de Direitos Humanos – hoje, Ministério dos Direitos Humanos  –, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) permitiu a retomada do trabalho de identificação dos restos mortais resgatados da vala clandestina.

Letra T

Em 2014, em audiência pública realizada da Comissão da Verdade Estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo, o administrador do Cemitério de Perus entre os anos de 1976 e 1992, Antonio Pires Eustáquio, falou que uma letra T, grafada em vermelho na declaração de óbito, servia para identificar os corpos dos militantes de esquerda que foram mortos durante a ditadura militar e que eram enterrados como indigentes no cemitério de Perus.

“As declarações de óbito tinha informações mínimas [sobre os corpos dos indigentes]. Normalmente tinha uma letra "T", vermelha, que caracteriza hoje o que seriam os 'terroristas'”, disse Eustáquio na audiência.