'Minha família está destruída', diz pai de jovem encontrado morto em porta-malas em Itapuã

O sepultamento de Jonas acontecerá às 15h desta terça no Cemitério Municipal de Itapuã

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  • Bruno Wendel

Publicado em 8 de janeiro de 2019 às 13:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

As mãos elevadas ao rosto tentavam em vão impedir as lágrimas. A voz embargada somava a inquietude de quem queria enfim terminar com angústia de um mistério sobre o paradeiro do filho. “Estamos arrasados. Minha família está destruída. No fundo, no fundo, já sabíamos que era ele. Foram mais de 20 dias com a aflição e hoje estou aqui, para liberar o corpo de meu filho”, declarou o  pedreiro Djalma de Sena Santos, 52, anos, na manhã desta terça-feira (8), no Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues (IMLNR).

O enterro de Jonas está marcado para às 15h no Cemitério Municipal de Itapuã. Dois ônibus sairão da Rua São Paulo, no Planeta dos Macacos, em São Cristóvão, onde o jovem morava, para levar parentes e amigos. Nesta terça-feira (8), a Polícia Civil disse que investiga a possibilidade de o rapaz ter sido vítima de um grupo de criminosos que atua no Conjunto Bosque das Bromélias.  Djalma de Sena Santos estebe no IMLRN para liberar o corpo do filho, Jonas (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Jonas despareceu no dia 15 de dezembro, quando saiu de casa, em São Cristóvão, para participar da comemoração de aniversário de um amigo, no bairro de Itapuã. A semelhança da roupa era um dos indícios de que o corpo encontrado em um porta-malas de um carro, na manhã de sábado (5), em São Cristóvão. “Quando foi encontrado o corpo, reconhecemos pela bermuda, cinto... a gente tinha quase certeza que era ele”, declarou Djalma. Jonas foi retirado de ônibus e morto a tiros (Foto: Reprodução) ConfirmaçãoA confirmação de que o corpo encontrado era o de Jonas chegou através de uma ligação do Departamento de Polícia Técnica (DPT), por volta das 16h. “O pessoal daqui me ligou. Estava em casa, com as minhas filhas, acalmando minha mulher. Foi feito o exame nas digitais do corpo e deu positivo. Aí vim aqui entregar os documentos”, declarou Djalma.

Logo após a ligação, a mãe de Jonas, a dona de casa Tânia Ataíde, 52, precisou ser tranquilizada à base de medicamentos. “Ela ficou desesperada. Tive que dar calmante. Está dopada até agora. Não sei se ela terá condições de ir ao sepultamento”, relatou o pai.

A notícia da confirmação do corpo de Jonas logo se espalhou no bairro e causou uma enorme comoção entre amigos. Parentes foram à casa do estudante. “A família toda foi lá para casa. Passamos a noite orando. Estamos todos com o corpo cansado, tiramos um cochilo. Estamos pouco mais de 20 dias sem dormir direito”, disse o pai. 

Jonas será enterrado no Cemitério Municipal de Itapuã. “Optamos lá por dois motivos: já moramos em Itapuã e meus pais estão enterrados lá também”, contou o pai, antes de entrar no carro e seguir para o velório do corpo do filho.

Aniversário  O adolescente havia saído de casa na tarde de sábado (15) para participar da comemoração de aniversário de um amigo, no bairro de Itapuã. Primeiro a deixar a festa, Jonas saiu do local por volta de 22h. Às 22h30, chegou a falar com uma das irmãs, avisou que já estava no ônibus, a caminho de casa, no bairro de São Cristóvão.

Ele foi assassinado pouco depois. O corpo, encontrado já em estado de decomposição na localidade Planeta dos Macacos, a um quarteirão da casa da família, foi identificado por meio das impressões digitais.

Irmã de Jonas, a professora Daila Ataíde, 26, disse ao CORREIO que embora já esperassem a notícia, o desespero foi generalizado após a confirmação da morte do irmão, único que, assim como ela, ainda morava com os pais.

Mãe do garoto, Tânia Ataíde, chegou comentar com o CORREIO os dias de angústia vividos na espera pelo retorno do filho mais novo que, embora tivesse 1,80 m, era um “bebê grande”.

Segundo Daila, a terceira dos quatro filhos de Tânia com o pedreiro Djalma de Sena Santos, 52, todos ainda tinham esperança em ver o adolescente vivo novamente, "apesar de tudo".

A professora contou ao CORREIO que já no domingo, dia 16, segundo dia do desaparecimento, a família recebeu pelo WhatsApp uma foto onde o rapaz aparece machucado. A irmã acredita que o estudante já estava sob o poder dos assassinos.

Procurada pelo CORREIO, a Polícia Civil afirmou que teve acesso à foto em que Jonas aparece ensanguentado, mas ainda vivo, vestindo a mesma camiseta preta que saiu de casa.