Missa de Finados na Catedral Basílica de Salvador reflete sobre morte e luto

Confira a programação das celebrações para o feriado; ainda dá tempo

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  • Gil Santos

Publicado em 2 de novembro de 2021 às 15:42

- Atualizado há um ano

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O que é morrer? No dicionário morte é o antônimo de vida, ou seja, o oposto. Para a ciência ela é apenas uma etapa que mantém o equilíbrio do ecossistema. Já as religiões afirmam que a morte é uma passagem para um outro mundo. Alguns fiéis que foram até a Catedral Basílica, no Terreiro de Jesus, nesta terça-feira de Finados (2), disseram que a morte é simplesmente saudade.  

É assim que a psicóloga Franciele Lopes, 36 anos, vai sempre recordar o pai que morreu no ano passado. “A morte é uma dor que com o tempo se transforma em saudade. É assim com todo mundo. Dói enquanto cicatriza, mas essa dor passa”, afirmou.

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Em época de pandemia, com 600 mil mortes provocadas por um único vírus, no Brasil, o Dia de Finados ganhou um valor especial. O padre Abel Pinheiro, que presidiu a missa na Catedral, destacou a importância da morte e do luto para os católicos.

“Morrer para a Igreja é concluir uma etapa da vida e começar outra com a graça de Deus. O batismo plantou em nós a semente da vida eterna, então, morrer é uma passagem desse mundo para a casa do pai. A Igreja nos convida a nos prepararmos para morrermos bem, ou seja, levar uma vida justa e honrada para ter direito a entrar na casa de Deus. Já o luto se vive entregando nas mãos de Deus, pedindo forças e que ele nos ilumine. Não é eterno”, afirmou.

A celebração foi dedicada a todos arcebispos e bispos da Sé Primacial da Igreja no Brasil já falecidos. No início da celebração foram colocadas flores sobre o túmulo dos Arcebispos de Salvador Dom Augusto Álvaro da Silva (1876-1968), Dom Avelar Brandão Vilela (1912-1986) e do Dom Lucas Moreira Neves (1995-2002) - último cardeal sepultado no templo. A missa contou com a participação dos irmãos do apostolado, vestidos de vermelho e branco.

Flores foram depositadas também em diversas sepulturas nos cemitérios da cidade. No Campo Santo, na Federação, por exemplo, líderes religiosos de diferentes religiões fizeram uma cerimônia ecumênica e destacaram a importância e o sentido da morte para cada fé. Muita gente compareceu e os corredores do cemitério ficaram movimentados.

Mas a indagação persiste: o que é morrer? O escritor português José Saramago brincou com o tema na obra As Intermitências da morte. E contou a história de um país onde a morte decidiu parar de trabalhar. À primeira vista, essa mudança parecia uma benção, mas de maneira bem-humorada o autor conduz o leitor para a conclusão de que a morte é um mal necessário.

Questionado, o aposentado José Inácio da Silva, 66 anos, foi rápido na resposta. “Morrer é viver, mas de um jeito diferente. Estamos celebrando os mortos porque eles nos deixaram lembranças de bons momentos. Quem pensa que hoje é dia de tristeza está enganado. Hoje não é dia de alegria, dia de celebrar quem fez da nossa vida um pouco melhor, mas que infelizmente não está mais aqui”, disse.

Confira as missas ainda programadas para hoje:

Paróquia Santa Cruz (Engenho Velho da Federação) – Missa às 19h;

Paróquia São Daniel Comboni (Sussuarana) - Missa às 18h30 (comunidades São Francisco e Divina Luz);

Paróquia São João Evangelista (Mussurunga) – Missa  às 19h (Matriz);

Paróquia São Cristóvão (São Cristóvão) – Missa às 17h (Matriz);