Missão Série B: os sete desafios de Geninho no Vitória

Na véspera da estreia contra o Atlético-GO, CORREIO lista o que o quinto técnico do Leão em 2019 terá pela frente

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  • Daniela Leone

Publicado em 23 de setembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor / CORREIO

A partir de terça-feira (24), Geninho começará a escrever um novo capítulo na história do Vitória. Ele estreia como técnico da equipe às 21h30, contra o Atlético-GO, na Fonte Nova. O rubro-negro é o 16º colocado da Série B, com os mesmos 24 pontos do Vila Nova, primeiro time do Z4.

Em sua quinta passagem como treinador pela Toca, Geninho tem uma missão e tanto pela frente, e não só por causa da colocação do time. A seguir, elencamos sete desafios que o quinto técnico do Leão em 2019 terá.

Geninho comandou um coletivo no domingo (22), fechado à imprensa. O clube não divulgou a escalação, mas revelou que Jordy Caicedo e Anselmo Ramon estiveram entre os titulares. O treinador tem à disposição Felipe Gedoz e Lucas Cândido, que voltam de suspensão. As baixas são Everton Sena, lesionado na coxa, e Van, suspenso. 

Os ingressos estão à venda no site e na bilheteria da Fonte Nova, na loja do Barradão e nos shoppings Capemi, Lapa e Paralela. Os preços variam de R$ 30 a R$ 160.

1) SEQUÊNCIA IMEDIATA

O Vitória vem de duas derrotas consecutivas, contra Guarani e São Bento, adversários diretos na luta contra o rebaixamento, e terá que se reabilitar no campeonato diante de uma sequência que, na teoria, apresenta um alto grau de dificuldade. Geninho vai enfrentar logo de cara os três primeiros colocados da tabela da Série B atualmente. A estreia do treinador será contra o Atlético-GO, terça-feira, às 21h30, na Fonte Nova. A equipe goiana soma 41 pontos e é a 2ª colocada. Depois, enfrenta o Bragantino, no domingo, dia 29, às 16h, fora de casa, no estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista. O líder isolado da Série B tem 45 pontos. Por último, Geninho voltará a comandar o rubro-negro na Fonte Nova, contra o Sport, no dia 3 de outubro, às 21h30. O time pernambucano soma 38 pontos, em 3º. Na teoria, o quarto jogo será mais fácil: Oeste, dia 8, na Fonte.

2) CORDA NO PESCOÇO

O Leão passou mais tempo com a corda no pescoço do que sem na atual Série B. O rubro-negro esteve na zona de rebaixamento em 13 das 23 rodadas disputadas. Também foi o porteiro do Z4 em quatro oportunidades: o Vitória apareceu na 16ª colocação na 16ª, 18ª, 19ª e 23ª rodadas - é a posição atual do clube. A melhor colocação do rubro-negro baiano no campeonato aconteceu na 2ª rodada, quando o time apareceu em 10º lugar. O torcedor rubro-negro suportou o Z4 por três meses, da 4ª à 15ª rodadas, entre os dias 18 de maio e 18 de agosto.  Embora sirva de alerta, Geninho começará a escrever sua história sem o peso de ter participado do passado.  Ainda sem estrear, ele já teve sorte, pois o Leão corria risco de terminar a rodada em até 18º lugar após a derrota para o São Bento, mas ficou em 16º. Só foi ultrapassado pelo Guarani, que venceu  o Paraná por 1x0.

3) POUCO TEMPO PARA ENSAIOS

Geninho não apenas assumiu o Vitória com o campeonato em andamento como não terá muito tempo para ajustar o time. Resta pouco mais de dois meses para o final da Série B, no dia 30 de novembro. Serão 15 jogos nos próximos 68 dias, média de um jogo a cada 4,5 dias. Amanhã, quando estrear à beira do campo diante do Atlético-GO, às 21h30, na Fonte Nova, o técnico terá feito apenas quatro sessões de treinamento com o elenco rubro-negro, sendo que no primeiro ele observou e não interferiu no trabalho comandado pelos auxiliares técnicos Flávio Tanajura e Bruno Pivetti. Não à toa, Geninho avisou em sua apresentação que não fará mudanças drásticas, ao menos a princípio. “Vou partir de um trabalho que vinha sendo feito e que, até na minha opinião, era um bom trabalho. (...) Vou partir de uma base daquilo que vinha sendo feito”, afirmou.

4) MANDO DE CAMPO

O Vitória tem a 5ª pior campanha como mandante desta Série B. O rubro-negro conquistou 15 pontos dos 33 disputados dentro de seus domínios. O aproveitamento é de 45% após quatro vitórias, três empates e quatro derrotas, com nove gols marcados e outros nove sofridos. Para efeito comparativo, o melhor mandante é o Operário, com 80% de aproveitamento. As 10 primeiras partidas como dono da casa foram disputadas no Barradão, mas desde o dia 14 deste mês o Vitória passou a mandar os jogos na Fonte Nova, dando início ao contrato assinado para jogar na Arena até dezembro de 2022. A estreia foi desanimadora, com a derrota para o Guarani por 1x0.  Até o fim da Série B, no dia 30 de novembro, o rubro-negro fará mais 15 partidas, sendo oito em casa, onde terá a chance de conquistar pontos fundamentais para escapar da queda.

5) DESCONFIANÇA DA TORCIDA

Para levar o torcedor ao estádio, o novo treinador precisará construir uma relação de confiança com a nação rubro-negra que nenhum dos outros quatro treinadores conseguiu em 2019. A desconfiança é comprovada em números. A média de público do Vitória na Série B atual é de apenas 7.238 pagantes por partida. O Leão aparece em terceiro lugar no ranking da competição – perde para Coritiba (26.177) e Sport (12.432) –, mas nas primeiras 10 rodadas dentro de casa não conseguiu lotar o Barradão em nenhuma oportunidade. Na 11ª vez que jogou em Salvador, quando estreou como mandante na Fonte Nova, o time deixou o gramado sob vaias após perder por 1x0 para o Guarani, então lanterna do campeonato. Aquele jogo, por sinal, marcou o recorde de público do Vitória na temporada, com 17.531 torcedores pagantes. 

6) ELENCO REPROVADO

Apesar da equipe profissional do Vitória ainda não ter dado liga após nove meses, mais de três times foram contratados para a temporada 2019. A gestão do ex-presidente Ricardo David é responsável pela contratação de 15 atletas, em quatro meses. O atual presidente, Paulo Carneiro, assumiu o clube no dia 24 de abril e, de lá pra cá, assinou com outros 19 jogadores. No total, 34 atletas foram contratados pelo Vitória em 2019. Entre os jogadores que deixaram de fazer parte dos planos da diretoria, o zagueiro Edcarlos é o único que ainda está na Toca do Leão, apesar de afastado.  Outros sequer estrearam, casos de Dedé e Romisson.  E a Série B não é a única competição em que o rendimento tem deixado a desejar. O Leão saiu na fase classificatória do Campeonato Baiano, na primeira fase da Copa do Brasil e nas quartas de final da Copa do Nordeste.

7) DIFICULDADE FINANCEIRA 

Apesar do rendimento do time na Série B deixar evidente a necessidade de melhora, Geninho não encontrará uma diretoria com total disposição para contratar reforços. Não por falta de vontade, mas por como se encontram os cofres na Toca do Leão. Apesar de ser um dos clubes grandes que estão disputando esta edição da Série B, o Vitória passa por muitas dificuldades financeiras. No mês passado, por exemplo, o fornecimento de água do centro de treinamento rubro-negro foi cortado pela Embasa por falta de pagamento. Atualmente, o clube utiliza água de poço artesiano. Além disso, os jogadores têm convivido com atrasos no pagamento de direito de imagem  ao longo da temporada.  A crise financeira se dá, principalmente, como consequência do rebaixamento à Série B, que fez a verba de TV reduzir aproximadamente 80%.