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Mísseis não matam a fome

  • Foto do(a) author(a) Jolivaldo Freitas
  • Jolivaldo Freitas

Publicado em 10 de maio de 2019 às 04:21

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

A Coreia do Norte acaba de proceder duas ações com ampla repercussão perante seu povo e que chocou o mundo todo. Disparou mais três mísseis (o último anteontem) de longo alcance, ampliando sua capacidade atômica e reduziu drasticamente a ração de comida que destina diariamente; a distribuição de alimentos para sua já famélica população de quase 30 milhões de habitantes.

O país teve nos últimos dois anos sua pior safra e como saída foi obrigado a diminuir as porções de alimentos como jamais se viu na história coreana. Agora, cada coreano terá direito a 300 gramas por dia sabe-se lá do quê, pois a maioria da população vive de comer arroz e repolho. O fato foi denunciado pela ONU que revelou  que a medida está complicando mais ainda a vida de mais de dez milhões de pessoas no país, que já vinham penando com a escassez de comida. A ONU pede ajuda humanitária imediata. O país vem sofrendo com ondas de calor, tempestades e catástrofes.

Quem mais tem sofrido com a questão da falta de alimentos são as mulheres grávidas, lactantes e as crianças. Estão totalmente vulneráveis à desnutrição. China, França, Canadá, Suíça e Rússia têm feito doações de comida, mas são insuficientes para cobrir a necessidade perene. Muitos estão morrendo aos poucos. À míngua.

No entanto, o que chama a atenção do mundo e impede uma ação humanitária em alta escala é a posição política e filosófica do governo coreano. Enquanto a população sofre com a falta de comida, ausência de saneamento básico, de água potável, medicamentos, estrutura hospitalar e de infraestrutura agrícola e urbana, Kim Jon-Um tem dedicado boa parte da economia do país para o desenvolvimento de um projeto atômico.

Ninguém sabe quanto a Coreia do Norte gasta com seu programa nuclear, uma vez que o país não tem reservas e depende de outros países para não entrar em colapso. Apesar de todos os problemas sociais, o programa, entretanto, continua sendo desenvolvido e crescendo, e de nada tem adiantado as sanções impostas pelos Estados Unidos e até pela China – que se desconfia e   mantém o apoio financeiro como principal parceiro (compra 80% do que a Coreia do Norte produz, ou seja: carvão, roupas e peixe) e pode estar dando o suporte para a questão nuclear.

Embora com toda a preocupação com o status alimentar dos coreanos do Norte, os países que poderiam encetar um programa de apoio se sentem ressentidos. A Coreia do Sul – que apesar das suas diferenças com o Norte é parceira econômica – observa que Pyongyang deveria mostrar uma desnuclearização visível, concreta e substancial para obter a suspensão parcial das sanções, vez que as negociações entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos estão paralisadas, pois os países não chegaram a um acordo durante a cúpula de Hanói. Kim pediu a suspensão. Trump negou por achar as propostas de desarmamento norte-coreanas um tanto tímidas.

Líquido, certo e amargo é que, enquanto o governante norte-coreano continua com sua querela com os Estados Unidos e com isso destinando dinheiro que não tem para se armar com ogivas nucleares, o povo fica no rabo do foguete.

* Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista