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Da Redação
Publicado em 12 de fevereiro de 2022 às 13:00
- Atualizado há 2 anos
(Foto: Reprodução) Três modelos baianos que vivem em São Paulo acusam um segurança de uma lanchonete Burker King de racismo depois de serem seguidos dentro da unidade no bairro de Indianópolis, na noite da sexta-feira (12). Adilson Silva, que modela com o nome Santti, Raquel Barreto, que usa o nome Zuri, e Joice Simas foram até o local lanchar depois que faltou luz na república em que moram na capital paulista. Em divulgados pelos próprios modelos, o funcionário nega. A BK informou que apura o ocorrido e não concorda com qualquer tipo de preconceito (veja mais abaixo).>
Santti, que é de Salvador, conta que além de lanchar eles resolveram ir até lá também para não ficar na casa sem energia. "A gente queria comer, carregar o celular. É uns 10, 15 minutos andando, bem perto. É um bairro de classe média alta", explica. >
Ao chegar na lanchonete, o segurança estava na portaria em frente. Os amigos seguiram até o totem de autoatendimento e fizeram o pedido. Ao buscar o lanche, notaram algo que estranharam. "Quando a gente chega, quem está atrás da gente, ficando do lado do caixa? O mesmo segurança", diz. "A gente olhou pra cara um do outro, não entendeu".>
Nesse momento, Santti diz que perguntou ao segurança sobre o wifi da lanchonete, já que não estava conseguindo acessar a internet. Ele diz que o segurança continuou olhando para frente, o ignorando, e só respondeu quando ele insistiu, afirmando de maneira rude que não sabia informar.>
Os três amigos pegaram o lanche e subiram para comer na parte de cima. "Quando a gente sobe, quem tá vindo, subindo dois degraus de vez? O mesmo segurança. Foi estranho pra gente, ele estava meio que correndo atrás da gente", relata Santti. "Ele subiu, deu uma volta, parou, voltou, olhou pra gente e desceu", diz. >
No andar de cima, já havia uma outra cliente, branca, que por acaso era conhecida do grupo, por viver no mesmo local. "A gente perguntou a ela se ele tinha seguido ela também. Ela falou 'Não, nem vi esse cara. Ele veio atrás de vocês'. A gente ficou olhando em choque pra cara um do outro. Um sentimento de tristeza, sem saber o que fazer, a gente não queria acreditar que aquilo estava acontecendo", diz.>
Santti diz que se sentiu constrangido, "acuado e triste" com o episódio. Os três relataram a situação para amigos em um grupo de WhatsApp e eles resolveram ir até lá para conversar com o gerente. "Nem consegui terminar o lanche direito. Fiquei tão pra baixo. Meus amigos vieram e foi aí que a gente conseguiu ter força real para descer e perguntar".>
Funcionário nega racismo O gerente da loja foi chamado e tentou levar a situação para fora da unidade, mas o grupo se recusou. "A gente ficou no mesmo local em que fomos constrangidos", explica Santti. Na conversa, o segurança negou qualquer racismo. O gerente disse inicialmente aos amigos que o segurança também ajuda em outras funções na loja e subiu na mesma hora que eles para ligar a máquina de refrigerante. Depois, afirmou que o homem também foi verificar um problema no ar condicionado. Santti questiona essa resposta. "Tinha uma pessoa lá em cima já lanchando e ele não foi", diz.>
Em vídeo gravado pelos amigos, eles aparecem conversando com o segurança. O funcionário justifica: "Quando vocês subiram, a máquina de refrigerante estava desligada. Eu tenho hábito de ligar a máquina simplesmente para que a gente não tenha problema com refrigerante", diz. "Para que eu ia subir atrás deles, se eles fizeram compra dos itens na loja?", questiona, depois que os amigos argumentam que ele os teria seguido.>
Em nota, o Burger King afirma que está apurando o ocorrido a fim de tomar as medidas cabíveis. "A marca reforça que não concorda com qualquer tipo de preconceito e discriminação. No BK, todos são bem-vindos e por isso, devem ser tratados com respeito e de forma justa", diz o texto.>
Apesar de se sentir constrangido com o episódio, Santti diz que resolveu confrontar e expor, postando vídeos nas redes sociais, para tentar dar um basta em situações do tipo. "Se tornou normal pra gente ser seguido em shopping, ser seguido em mercado, lanchonete. E o que a gente tem que fazer é expor isso para ver se para", afirma Santti.>
Depois da conversa com gerente e segurança, eles voltaram para casa "nervosos e tristes". "Vimos que todos já passaram por situação semelhante". Morando em São Paulo, eles sentem a diferença em relação a Salvador. "Nas ruas daqui do bairro existe seguranças em guaritas e é notório os olhares quando passamos. Por isso gostamos de andar juntos sempre para um apoiar e ajudar o outro, por que nunca se sabe quando iremos sofrer algo como esse", finaliza.>