Morador que era resgatado quando prédio caiu voltou para salvar crianças

Desaparecido em incêndio trabalha como carregador, dizem testemunhas

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  • Da Redação

Publicado em 1 de maio de 2018 às 15:27

- Atualizado há um ano

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O Corpo de Bombeiros confirma que uma pessoa está desaparecida em decorrência do incêndio seguido de desabamento de um edifício de 24 andares no Largo do Paissandu, no centro de SP, na madrugada desta terça-feira, 1º. Segundo testemunhas, trata-se de um homem chamado Ricardo, que trabalha como carregador na Rua 25 de Março.  Os relatos dão conta de que ele saiu do edifício, mas voltou para ajudar outros moradores a saírem do local.

"Muitas mulheres moravam sozinhas e tinha crianças. Ele voltou para ajudar no resgate dessas famílias", disse Gerivaldo Araújo, morador e antigo porteiro do prédio, ao G1 São Paulo. 

Ricardo tinha cerca de 30 anos e morava há 4 anos sozinho no local. Morador do nono andar do prédio, trabalhava no centro descarregando produtos importados chineses. Ele também era conhecido como "tatuagem" porque tinha várias imagens desenhadas pelo corpo. A mais famosa era o símbolo do super-herói Batman no pescoço. 

Os “vizinhos” contaram que Ricardo já tinha saído do edifício, mas voltou para tentar ajudar quem estava nos andares mais altos. "Muitas mulheres moravam sozinhas e tinha crianças. Ele voltou para ajudar no resgate dessas famílias", disse Gerivaldo Araújo, de 42 anos, morador e antigo porteiro do prédio.

Imagens feitas pelo cinegrafista da TV Globo, Abiatar Arruda, em um vídeo que circulou pela internet mostram o momento em que um bombeiro tenta salvar Ricardo, e o prédio vem abaixo por volta das 2h50 da manhã.

O Sargento Diego Pereira da Silva Santos, de 32 anos, estava orientando Ricardo a colocar o equipamento de segurança para ser içado pelos bombeiros quando o prédio desabou. Em entrevista, o bombeiro disse que “se tivesse mais 30 ou 40 segundos teria conseguido salvar a vida da vítima". 

"Ele dizia: 'Me tira daqui por favor', e eu respondi: 'Calma, confia em mim'", disse o Sargento. “O problema maior foi que na hora que a gente ia retirar, o prédio caiu, tencionou a corda e a corda não aguentou o preso. Não daria 30, 40 segundos pra gente finalizar”, lamentou Santos.

A corporação afirma que as chances de Ricardo ser encontrado vivo são pequenas. A corda e o cinto usados pela vítima foram achados nos escombros do prédio pela manhã e cães farejadores ajudam nas buscas.

"Mantemos um fio de esperança, mas ele caiu do nono andar e todo o prédio de 22 andares desabou. Precisaria de um milagre. Mas trabalhamos incessantemente apesar disso. Nosso trabalho é garantir a segurança e continuar no objetivo de encontrá-lo", disse o capitão do Corpo de Bombeiros.

Sobre as causas do incêndio e desabamento do prédio o capitão do Corpo de Bombeiros disse que ainda não há uma hipótese. Segundo ele, a polícia levantará as informações necessárias e a causa será apontada no inquérito. 

Segundo o tenente Guilherme Derrite, não há risco de desabamento em nenhuma das outras três edificações atingidas pelo desabamento, que seriam a igreja, o prédio ao lado e o da frente.