Morre aos 63 anos o jornalista Gilberto Dimenstein

Com passagem por Folha, CBN e fundador do Catraca Livre, ele enfrentava câncer

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  • Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2020 às 11:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O jornalista Gilberto Dimenstein morreu nesta sexta-feira (29) aos 63 anos, em São Paulo. Ele lutava contra um câncer de pâncreas que já tinha passado para outras partes do corpo. 

Paulistano, ele era filho de um pernambucano e de uma paraense, com ascendência polonesa. Formou-se na Faculdade Cásper Líbero, foi por quase 30 anos colunista da Folha de S. Paulo, onde também foi diretor na sucursal de Brasilia.e correspondente em Nova Iorque e na rádio CBN. Atuou no Jornal do Brasil, Correio Braziliense, Última Hora, Visão e Veja e acadêmico visitante do programa de Direitos Humanos na Universidade de Columbia.

Ele ganhou o Prêmio Esso, principal do jornalismo, e o Prêmio Jabuti, em 1993, na categoria de não-ficção, com o livro "Cidadão de Papel". Recebeu também o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, com Paulo de Evaristo Arns, e o Prêmio Criança e Paz, da Unicef.

O jornalista foi um dos criadores da ANDI Comunicação e Direitos, uma organização não-governamental para usar a mídia a favor de ações sociais. Escreveu mais de 10 livros ao longo da carreira.

Em dezembro do ano passado, Dimenstein falou à Folha de S. Paulo sobre a doença. "Hoje —é até difícil falar ​isso— estou vivendo o momento mais feliz da minha vida. Aquele Gilberto Dimenstein antes do câncer morreu. Nasceu outro", disse.

Ele afirmou que a doença o deixou sem alternativa a não ser viver o presente. "E aí começam a aparecer coisas incríveis".

Editor da Record, Carlos Andreazza lamentou a perda. "Morreu Gilberto Dimenstein. Não chegamos a nos encontrar, mas estivemos próximos, nos últimos meses, em função de livro - sobre sua experiência com o câncer, que enfrentava com bravura e bom humor - que preparava para mim, encomendado depois de lindo artigo que publicou na Folha", escreveu.  "Na última mensagem que me mandou, na terça, Dimenstein me informou - pela primeira vez sem esperança, mas sempre com a objetividade do jornalista - que vivia "a última linha". Que descanse em paz. De sua obra, recomendo o ótimo "O complô que elegeu Tancredo".

A jornalista Vera Magalhães, apresentadora do Roda Viva, também comentou. "Morreu Gilberto Dimenstein. Uma perda imensa para o jornalismo brasileiro. Um homem íntegro, inspiração para minha geração, que lutou até o fim contra uma doença cruel. Que descanse em paz e que seus familiares e amigos encontrem conforto naquilo que acreditam e uns nos outros".