Morre aos 83 anos o cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão

Ele estava internado em hospital de São Paulo com broncopneumonia

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  • Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 17:55

- Atualizado há um ano

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O cineasta José Mojica Marins,  mais conhecido como Zé do Caixão, morreu nesta quarta-feira (19), aos 83 anos, em São Paulo. Ele estava internado no hospital Sancta Maggiore por conta de uma broncopneumonia.  (Foto: Divulgação) Considerado um dos mestres do terror mundial, Mojica ganhou o apelido do seu personagem mais famoso. Zé do Caixão era um coveiro sádico que aterrorizava uma cidade. Ele queria ser pai de uma criança perfeita e para isso queria encontrar a mulher perfeita, matando quem se colocasse no caminho.

A ideia, dizia Mojica, surgiu em um pesadelo. Na época, ele tinha 27 anos e já tinha dois longas-metragens no currículo, o faroeste “Sina de aventureiro” (1957) e o drama “Meu destino em suas mãos” (1961).

O famoso personagem apareceu pela primeira vez em 1964 em “À Meia-Noite Levarei Sua Alma”, um sucesso de bilheteria. Dois anos depois foi a vez da continuação  “Esta Noite Encarnarei seu Cadáver”.  Cada um vendeu cerca de 600 mil ingressos, segundo as estatísticas oficiais do extinto Instituto Nacional do Cinema (INC). Outras fontes, segundo o Extra, registram 1 milhão de pagantes por cada longa. 

"Quando despertei do pesadelo, no comecinho de 1963, a ideia do Zé já estava definida, e então comecei a correr atrás de sobras de negativo em estúdios de São Paulo, como a Vera Cruz e a Maristela, para poder filmar uma história em que aquele homem procurava a mulher ideal para ser a mãe de seu filho", contou ele em entrevista a O Globo, em 2013. "O nome Josefel veio de um cara que eu conhecia e que mexia com defuntos, um agente funerário chamado Josef. Zanatas era brincadeira com Satanás".

O desfecho da trilogia, “Encarnação do demônio”, seria filmado em 1967, mas foi interrompido por problemas com a censura. "A censura implicou com o projeto por anos e só me liberou na década de 1980. Mas em 1987, quando o produtor Augusto de Cervantes tentou retomar a obra, um problema pulmonar o matou antes que a fizéssemos. Logo depois, outro produtor, Ivan Novais, entrou na parada e se comprometeu a produzi-la. Ligou pra mim todo contente dizendo que iria fazer um almoço para comemorar o negócio. Morreu no dia de fechar o contrato, enquanto preparava uma peixada pra gente. Tinha alguma coisa de errado com a gente", explicou o diretor em 2006, quando foi filmado, por fim, "Encarnação do Demônio", que trazia Jece Valadão no seu papel final. (Foto: Divulgação) Mojica era filho de espanhóis, Carmen e Antônio. O pai era toureiro e seguiu na profissão ao chegar ao Brasil. Os pais ajudavam na carreira do filho e chegaram a vender móveis da própria casa para financiar os primeiros filmes dele.