Morre jumento atropelado por avião carregado de vacinas na Bahia

Prefeitura de Ibotirama diz que ainda tentou salvar animal; agora tenta descobrir de quem é esse jegue

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 4 de março de 2021 às 06:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Portal FM/Ibotirama

Acusado de 'tentar atrapalhar' a imunização contra a covid-19 na Bahia, o jumento atropelado por uma aeronave de pequeno porte que levava doses de vacinas ao município de Ibotirama, no oeste do estado, não resistiu aos graves ferimentos que sofreu após a colisão na pista do aeródromo local.

Caso você tenha ficado completamente offline nas últimas 24h, a história é essa mesma: um avião da Casa Militar do Governador da Bahia, utilizado para o transporte de doses da vacina para a covid-19, bateu em um jegue!

O acidente deixou cortes profundos numa das pernas traseiras do animal, que perdeu muito sangue. A Prefeitura local tentou salvar o bichinho, mas os esforços foram em vão. Após o seu falecimento, segue no ar os grandes mistérios: de quem é esse jegue e o que fazia na pista de um aeródromo?

Essas são as perguntas que o próprio município de Ibotirama procura responder, especialmente depois que a história viralizou nacionalmente.

Prefeito local, Laercio Santana (PSB) foi a público afirmar que a cidade fugiu de uma tragédia. O gestor afirmou que as pessoas que vivem no entorno da área de pousos e decolagens devem ter responsabilidade e não deixar seus animais soltos.

Ainda de acordo com Santana, a prefeitura vai iniciar um processo de captação desses animais das ruas e notificar seus respectivos donos. Um apicultor da região afirmou que "o que não falta é bicho andando na cidade para todo canto" e que isso preocupa a população. 

O jumento vítima do acidente aéreo era um desses indigentes. Ninguém sabe de onde veio, ninguém sabe a quem pertencia e, muito menos, é sabido o que ele estava fazendo na pista do aeródromo. O que se sabe é que a história virou o assunto da cidade, mas também em todo o país. Animal ficou muito ferido após colisão, mas ainda assim conseguiu fugir para região de matagal ao lado da pista (Foto: Reprodução/Gazeta5) Radialista na cidade, Paulo Dias conta que houve uma mobilização para descobrir o dono. Nos grupos de WhatsApp, janelas e portas de vizinhança, não havia outra conversa: "o animal estava solto e o dono ainda não apareceu. O comentário na cidade foi geral, repercutiu mesmo", contou.

A colisão foi forte. A aeronave, modelo King Air, chegou a sair da pista e foi parar na área de mata ao lado do aeródromo. O veterinário Marcelo Azevedo conta que jumentos são animais extremamente resistentes e isso explica o fato do bichinho resistir tão bravamente, e por tanto tempo, a um acidente tão grave.

Mesmo ferido após a colisão, o animal conseguiu andar e passou todo o restante do dia em vida, até morrer no finalzinho da tarde."É um animal muito forte, resistente mesmo e por isso costuma realizar trabalhos de carregar peso ou percorrer distâncias gigantescas. Até por isso é encontrado em quase todo o mundo, com exceção às regiões mais frias", explica o veterinário.Um outro jumento que estava ao lado da vítima saiu ileso. O piloto não sofreu ferimentos e a carga de vacinas não sofreu avarias.

O vacinômetro do Governo do Estado aponta que foram distribuídas 255 doses de imunizantes para o município - todas destinadas à 2ª dose do imunizante. Até aqui, 1.103 pessoas receberam a vacina, em 1ª dose, na cidade - o correspondente a 80,7% de cobertura na cidade.

Jumento ou jegue? A colisão com o animal ocorreu um dia após a data que marcou os 25 anos do falecimento dos integrantes da banda Mamonas Assassinas, que tinha em seu repertório a música "Jumento Celestino", um dos grandes sucessos do grupo.

Na letra, os compositores fazem uma correção sobre o nome do animal - "Não é jegue não, é jumentiu" - que é dispensável. Pelo menos é o que garante o veterinário Marcelo Azevedo: jumento, asno e jegue são nomes diferentes para se referir ao mesmo bicho: o Equus asinus, que é uma espécie de equino que é parente do cavalo. Ele não chegam a 1,50 metro de altura, mas podem pesar até 400 quilos.

O bicho só muda quando a prosa coloca mula, burro e bardoto. Esse último, mais desconhecido, é cria do cruzamento entre um cavalo e uma jumenta. Os dois primeiros são fruto do amor entre um jumento e uma égua: o burro designa o macho enquanto a mula se refere à fêmea gerada deste cruzamento. Crias de cruzamento entre jumentos e éguas ou cavalos e jumentas sempre são inférteis"Fisicamente eles têm algumas diferenças entre si. As orelhas dos jumentos são bem maiores que a de mulas e burros. Os filhotes, por sua vez, são mais altos que os pais quando chegam à vida adulta. Vai depender do porte da égua ou do cavalo que os gerou, mas normalmente superam 1,50 metro", explica.O falecido era um jegue, ou jumento mesmo, de idade, nome e donos ignorados até aqui.