'Morri, mas passo bem: sair das redes sociais me fez voltar a viver de verdade'

'Deixar o Instagram e o Facebook por meses impactou positivamente em minha vida; antes, estava desejando o que não precisava'; veja relato

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  • Amanda Palma

Publicado em 30 de janeiro de 2021 às 07:01

- Atualizado há um ano

O detox digital que agora chama atenção de alguns usuários das redes sociais foi a opção escolhida por mim para mudar meus hábitos na internet. Confira abaixo o relato após meses longe do Instagram e do Facebook:

"Passei meses morta, mas vivendo. Morri, mas passo muito bem. Desativei meus perfis no Instagram e no Facebook, e então, fiquei morta virtualmente. Estou no Twitter, mas uso menos. E continuo no WhatsApp, onde as notificações bombam na semana, por causa do trabalho, mas caem bastante nos fins de semana.

Depois que decidi sair das redes tudo mudou. Não acompanhavao mais os memes, nem sabia mais da vida das pessoas. Perdi as contas de quantas vezes ouvi: "você viu o que fulano postou?". E eu eu respondia: "não vi". 

A decisão foi simples: essas redes estavam me fazendo mal. Me deixando triste, ansiosa. Me fazendo desejar o que eu não precisava. Estava mudando minhas atitudes, até. Pode parecer extremo falar disso, mas é a verdade. E garanto que boa parte dos usuários tem um comportamento parecido com o meu. 

Só que aí veio a pandemia e tudo mudou. Com pouco mais de um mês de isolamento, a vida virtual pulsava. Não tinha como ter contato com as pessoas se não fosse pelas redes. Reativei a minha conta no Instagram. Postei dezenas de fotos que não tinha postado no tempo fora. Foi como um alívio e uma esperança de que haveria vida a se viver no pós-pandemia.

Mas a falsa felicidade das redes durou pouco. Mesmo controlando o uso diário, ela novamente tinha virado gatilho de ansiedade. Quatro meses depois, abandonei novamente meu perfil pessoal. O mal do Instagram tinha voltado. Agora, impulsionado pelo uso exarcebado de outras telas.

Eu comecei a identificar os mesmos sintomas de antes, no primeiro detox: Eu acordava, desligava o despertador do celular, e seguia para o Instagram, onde ficava rolando o feed infinitamente até ver o que as pessoas tinham postado depois que eu tinha dormido. Olhava os stories, via felicidade de pessoas no meio pandemia e novamente todo esse comportamento voltou a questionar meu modo de viver. 

Além disso, tendo que lidar com aulas virtuais, vídeochamadas com amigas, parentes, namorado... A lista é grande. Tive que fazer escolhas e estabelecer prioridades para sobreviver à vida virtual. Achar meu equilíbrio. Deixei meu perfil pessoal de lado, mas ativo. 

Não tive abstinência, mas hoje sinto uma angústia ao ver os símbolos das redes sociais, principalmente o do Instagram. Ainda não consegui superar essa parte, mas sigo nessa caminhada, sem vontade de voltar. As redes sociais com esse apelo visual são as que mais me faziam mal porque ativavam uma espécie de comparação da minha vida, gerando uma sensação de ansiedade.

Para 2021, ano que ainda teremos que contar com essa vida virtual ativa, aconselho que todos reflitam sobre o uso das redes sociais. O teste é simples: é só pensar quantas vezes você chegou ou foi a lugares pensando na foto que iria postar. Ou quantas vezes você perdeu as contas e a noção do espaço-tempo rolando o feed, dando curtidas aleatórias. Ou quantas coisas você passou a desejar depois que viu nas redes. Se isso acontece todo dia, sugiro que repense seu uso. Perceba quem está dominando quem".