Mortes de pretos e pardos crescem na pandemia, mostra pesquisa

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  • Andreia Santana

Publicado em 27 de março de 2021 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Uma pesquisa divulgada na última segunda-feira, 23, em São Paulo, mostra a profundidade do abismo racial no Brasil quanto o assunto é o acesso à saúde. De acordo com um estudo do Afro-Cebrap, centro de pesquisa de questões raciais, em parceria com a Vital Strategies, no ano passado, 270 mil pessoas a mais morreram no país, em comparação aos anos anteriores. As mortes não foram todas notificadas como sendo causadas pela  covid-19, mas pode ter havido subnotificação. Das vítimas, 153 mil eram pretas e pardas e 117 mil, brancas.

Entre pretos e pardos de até 29 anos, ocorreram 32,9% dessas mortes; já os brancos na mesma idade, 22,6%. Levando em conta o gênero, as mulheres negras representaram 57% mais mortes do que as brancas. E entre os mais velhos, negros com mais de 80 anos somaram 16% dos óbitos; e  brancos da mesma faixa,  8%. 

Os dados foram coletados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM) e pelo Registro Civil (sistema  da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais – Arpen-Brasil); além de informações sobre a população brasileira garimpadas junto ao  IBGE. Pretos e pardos são maioria entre os trabalhadores informais, mais expostos ao vírus nas ruas do que quem trabalha em casa (Foto: Nara Gentil/Arquivo CORREIO) Os autores do estudo compararam os óbitos por causas naturais esperados para 2020 no país com a quantidade  observada no mesmo ano. Os resultados, concluíram que  houve  impactos diretos da pandemia na saúde da população negra e parda. O aumento estaria ligado às restrições de movimentação, superlotação de hospitais e unidades de saúde, redução da busca por atendimento entre os  doentes graves que tiveram medo de se infectar com o coronavirus;  além do cancelamento ou adiamento de procedimentos médico-hospitalares para doentes graves, devido ao risco de infecção.

Segundo Márcia Lima, coordenadora e pesquisadora do Afro-Cebrap, a população negra e parda do Brasil está, em grande parte, empregada em serviços considerados essenciais ou em subempregos, o que aumentou sua exposição ao coronavírus na pandemia. 

“Enquanto as camadas mais privilegiadas da sociedade – de maioria branca – dispõem de recursos que lhes garantem a possibilidade de cumprir o isolamento social trabalhando de casa, os profissionais informais e precários – majoritariamente negros – continuam cada vez mais expostos”, afirmou, ao comentar os dados.

Saiba mais: Estudos sobre covid-19 e desigualidade racial podem ser lidos em: cebrap.org.br/pesquisas/desigualdades-raciais-e-covid-19/

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Manifesto contra o feminicídio

No primeiro semestre de 2020, 648 mulheres foram vítimas de feminicídio  em todo o Brasil, uma média de 108 mortes por mês, segundo dados do Ministério da Mulher e dos Direitos Humanos. A maioria das vítimas era negra.

Diante da gravidade do problema, mulheres de todo o país se uniram no manifesto Levante Feminista Contra o Feminicídio e lançaram a campanha "Nem Pense em Me Matar - Quem Mata uma Mulher Mata a Humanidade!”. A iniciativa foi divulgada na quinta-feira, 25. Violência doméstica se agravou na pandemia, afirmam autoras de manifesto (Foto: Elza Fiúza/Arquivo Agência Brasil) Ao todo, o grupo já reúne 27 mil assinaturas no manifesto, que pontua a existência de uma "cultura de ódio" contra as mulheres e destaca que a prática do feminicídio "nunca esteve tão ostensiva e extremista". O manifesto ressalta ainda a pandemia como um  fator agravante da violência contra a mulher.

Na quinta-feira, o grupo também  promoveu um tuitaço com a hashtag #NemPenseEmMeMatar, para chamar a atenção para o manifesto e denunciar o aumento dos crimes motivados por gênero. Segundo a ONU, o Brasil é o 5º país do mundo que mais mata mulheres, atrás de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia.

Faltou senha Senhas do primeiro dia de testes em Paripe acabaram antes de 8h30 da manhã (Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO) As 150 senhas distribuídas na Prefeitura-Bairro do Subúrbio e das Ilhas para a realização de testes de covid-19 nos moradores de Paripe acabaram em 30 minutos, na quarta, 24. O bairro entrou em medidas de proteção à vida devido ao alto índice de novos casos da doença.

Crianças na fila Pfizer que começar a imunizar crianças no ano que vem (Foto: Shutterstock) A Pfizer e a BioNTech começaram a testar sua vacina contra a covid-19 em crianças menores de 12 anos com o objetivo de ampliar a imunização para essa faixa etária até o início de 2022, informou o laboratório na quinta-feira, 25. A vacina da Pfizer/BioNTech já  foi autorizada por agências reguladoras dos E stados Unidos no final de dezembro  do ano passado para pessoas acima de 16 anos. Quase 66 milhões de doses do imunizante foram administradas no país. 

Mar de plástico Embalagens poluem litoral brasileiro (Foto: Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil) Uma pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), divulgada na quinta, 25, mostra que o plástico é responsável por 70% dos resíduos encontrados nos mares brasileiros. Segundo o estudo, realizado no ano passado, o isopor é o segundo resíduo mais presente, com participação de 10%. Os dados são do projeto Lixo Fora D’Água, da Abrelpe, que acontece desde 2018 em diversos pontos do litoral do país. 

Golpe no Whatsapp INSS avisou que prova de vida é realizada em app oficial e que não manda mensagem por whatsapp (Foto: Divulgação) Um novo golpe pelo WhatsApp usando o nome do INSS pede que idosos enviem fotos de rosto e dados pessoais para o número dos criminosos. Essa semana, o INSS alertou que não pede dados por telefone, SMS ou apps de mensagens. O golpe se aproveita do fato do INSS ter iniciado, em fevereiro, a prova de vida via biometria facial. No entanto, os aplicativos oficiais do serviço são o 'Meu gov.br' e o 'Meu Inss', os dois disponíveis para Android e iOS em app stores.

Frase da semana: Jean Wyllys vai participar de evento literário no Youtube (Foto: Arquivo CORREIO)  “A minha vida teria sido outra e seguramente pior se eu não tivesse aprendido a ler livros e amar a literatura, principalmente a literatura e a filosofia”, Jean WyllysO jornalista, escritor, professor universitário e deputado federal é um dos convidados da Festa Literária da Caramurê (Felica), que acontece deste domingo (28) até 04 de abril, no Youtube. Natural de Alagoinhas, onde passou a infância, ele conversou com a repórter Laura Fernandes, do CORREIO, sobre sua presença no evento. Leia na íntegra em: glo.bo/2Pex5Ma